O Reitor da Universidade de Coimbra,
escreveu, a 21 de Outubro deste ano, um artigo no jornal Público que intitulou “Ensino
Superior: endogamia versus meritocracia”.
Pedro Santa Clara, no Linkedin, comentou-o:
“Sobre este artigo do Reitor da Universidade
de Coimbra, Professor Amilcar
Falcão, concordo em absoluto com o problema da endogamia nas
universidades portuguesas! No entanto, não me parece que a endogamia tenha sido
completamente determinada pela lei: a Nova School of Business and Economics decidiu em 1995
que deixaria de contratar os seus próprios doutorados. Acredito que este
primeiro passo foi determinante para a evolução da escola desde então. Não
podendo contratar internamente, a escola começou a recrutar no mercado de
trabalho internacional. Estes professores trouxeram novas ideias e mais mundo!
E, como não falavam português, levaram a escola a tornar-se bilingue e
eventualmente a ensinar só em inglês. Isto atraiu estudantes estrangeiros de
todo mundo -- e não só da lusofonia -- primeiro através do Erasmus e depois
como alunos de mestrado. O resto da história é suficientemente conhecida:
acreditações, rankings, etc...
Há outra dimensão da endogamia que tem sido menos discutida mas que penso que é
ainda mais importante. Os reitores das universidades e os diretores das escolas
são eleitos pelos seus professores (e funcionários e alunos), o que não traz
accountability perante a sociedade e tende a perpetuar as redes de poder
internas -- bem sei que há membros externos nos conselhos gerais e de
faculdade, mas são muito minoritários e, em geral, escolhidos pela sua docilidade
mais do que para influenciarem o que quer que seja.
Todo um sistema desenhado para perpetuar o status quo: sem concorrência nem
inovação, sem ambição nem ousadia. Uma pena!”.
Gonçalo Quadros comentou:
“Dizer que a endogamia nas nossas
universidades é imposta por lei, soa a desculpa esfarrapada”.
Apesar de tudo é bom ver que todos são contra tal prática. Não será, portanto, um problema de convicção, mas antes de acção”.
E uma série de apreciadores do assunto comentaram o texto do
Reitor, Professor Amilcar Falcão. Na generalidade concordam
com o Reitor e acrescentam outras críticas e sugestões respeitáveis.
Não
as transcrevemos por serem extensas, mas que podem ser consultadas nos perfis
indicados no Linkedin.
Comentário pessoal:
O Reitor da UC tem muita razão no
problema que levanta com alguma profundidade. Diremos que é um belo artigo onde
“agita as águas”.
A endogamia é, de facto, um problema que
corrói o desenvolvimento do país, com origens históricas. Não surgiu no “tempo
de Salazar” como alguns dizem. Nesse tempo também existiu, mas vem de tempos
remotos (assunto há muito tratado por Nuno Palma. Leia-se o seu livro "As Causas do atraso Português).
A endogamia moderna tem origem diferente.
Tem origem na ideologia. A ideologia da esquerda moderna. É esta
a pedra de toque do problema levantado pelo Reitor. Seja no Ensino Superior,
seja nos ensinos básico e secundário. E aqui o Reitor tem toda a razão quando
levanta a questão da legislação, sobretudo a surgida a partir de 2009.
Era assunto que merecia uma grande
reflexão …

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