terça-feira, 30 de setembro de 2025

Singela homenagem a Sebastião Alba

               

Pela passagem do 16º aniversário da sua morte, um gesto de gratidão pelo que nos deixou em memória nos seus livros. De seu nome próprio, Albano Dinis Carneiro Gonçalves, de origem Trasmontana, (Torre de D. Chama) Nasceu na freguesia da Cividade em Braga, em 11 de março de 1940, e faleceu atropelado em Braga a 14 de outubro de 2000. A sua vida atribulada é uma longa história, cruzei-me com ele várias vezes em Braga, embora nunca tenhamos falado. Por altura do seu falecimento, outubro de 2000, dediquei-lhe no jornal “Diário do Minho” e no jornal transmontano “Correio do Planalto” a presente poesia que aqui recordo.

 

O poeta vagabundo

Deixou há dias o Mundo

Onde viveu seus dilemas

Dormia ao luar da Lua

Era num banco da rua

Que escrevia os seus poemas.

                 

Cada qual é como é

Nem na mesa do café

Cativava simpatia

Todos diziam é louco

O que o afetava pouco

Nem lhe tirava a alegria.

 

Prémio de literatura

Suportava com bravura

Impulsos do coração

Amava o isolamento

Recusando acolhimento

Vivendo na solidão.

 

Viveu a vida a seu jeito

Despido de preconceitos

Por vontade ou talvez não

Vivia num Mundo à parte

Sem luxo e com amor à arte

Sem conforto por opção.

 

À margem de tudo e todos

Recebendo com maus modos

Os que lhe davam a mão

Porém como tudo acaba

Morreu nas ruas de Braga

O poeta Sebastião.

 

Partiu pra eternidade

Não tendo nada de seu

Braga era a sua cidade.

Onde nasceu e morreu.

 

Desde a Ponte até à Arcada

Os lugares onde ele escrevia

Chorai poetas de Braga

Pois morreu a poesia.

 

Eis alguns dos seus desabafos retirados do seu espólio no facebook:

“Como Jesus Nazareno era amigo dos pescadores, Peço-LHE nestes dias, que aplaque os ventos da minha alma.

Queridas Neide e Sónia, se o papá for encontrado morto, a identificação do seu corpo é fácil,

na lista dos objetos pessoais, haverá possivelmente uma caneta.

Logo reconhecereis o cabelo escravo que foi o meu orgulho, a magreza translúcida, as roupas dadas que sempre me servem, e estes papéis sem opacidade de recorte adequados que escrevo, às vezes deitado no chão.

No meu espólio encontrareis: um par de botas, umas calças e uma camisa; uma caneta e um amarrotado de papéis que nem a polícia entenderá”.

Vivia miseravelmente por opção, era pai de duas filhas formadas com cursos superiores, que habitam em Lisboa e que tudo fizeram para o fazer mudar de vida. (Os poetas nascem, não se fazem!)

Depois de uma vida atribulada, que a sua alma descanse em paz.

 Diário do Minho 16 de outubro de 2000, e Correio do Planalto do mês de outubro 2000 Júlio de Barros.                                                                                                                                                                                                      

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