Pela passagem do 16º aniversário da sua
morte, um gesto de gratidão pelo que nos deixou em memória nos seus livros. De seu
nome próprio, Albano Dinis Carneiro Gonçalves, de origem Trasmontana, (Torre de
D. Chama) Nasceu na freguesia da Cividade em Braga, em 11 de março de 1940, e faleceu
atropelado em Braga a 14 de outubro de 2000. A sua vida atribulada é uma longa
história, cruzei-me com ele várias vezes em Braga, embora nunca tenhamos falado.
Por altura do seu falecimento, outubro de 2000, dediquei-lhe no jornal “Diário
do Minho” e no jornal transmontano “Correio do Planalto” a presente poesia que
aqui recordo.
O
poeta vagabundo
Deixou
há dias o Mundo
Onde
viveu seus dilemas
Dormia
ao luar da Lua
Era
num banco da rua
Que
escrevia os seus poemas.
Cada
qual é como é
Nem
na mesa do café
Cativava
simpatia
Todos
diziam é louco
O
que o afetava pouco
Nem
lhe tirava a alegria.
Prémio
de literatura
Suportava
com bravura
Impulsos
do coração
Amava
o isolamento
Recusando
acolhimento
Vivendo
na solidão.
Viveu
a vida a seu jeito
Despido
de preconceitos
Por
vontade ou talvez não
Vivia
num Mundo à parte
Sem
luxo e com amor à arte
Sem
conforto por opção.
À
margem de tudo e todos
Recebendo
com maus modos
Os
que lhe davam a mão
Porém
como tudo acaba
Morreu
nas ruas de Braga
O
poeta Sebastião.
Partiu
pra eternidade
Não
tendo nada de seu
Braga
era a sua cidade.
Onde
nasceu e morreu.
Desde
a Ponte até à Arcada
Os
lugares onde ele escrevia
Chorai
poetas de Braga
Pois
morreu a poesia.
Eis alguns dos seus desabafos retirados do
seu espólio no facebook:
“Como
Jesus Nazareno era amigo dos pescadores, Peço-LHE nestes dias, que aplaque os
ventos da minha alma.
Queridas
Neide e Sónia, se o papá for encontrado morto, a identificação do seu corpo é
fácil,
na
lista dos objetos pessoais, haverá possivelmente uma caneta.
Logo
reconhecereis o cabelo escravo que foi o meu orgulho, a magreza translúcida, as
roupas dadas que sempre me servem, e estes papéis sem opacidade de recorte
adequados que escrevo, às vezes deitado no chão.
No
meu espólio encontrareis: um par de botas, umas calças e uma camisa; uma caneta
e um amarrotado de papéis que nem a polícia entenderá”.
Vivia miseravelmente por opção, era pai de
duas filhas formadas com cursos superiores, que habitam em Lisboa e que tudo
fizeram para o fazer mudar de vida. (Os poetas nascem, não se fazem!)
Depois de uma vida atribulada, que a sua
alma descanse em paz.
Diário do Minho 16 de outubro de 2000, e Correio do Planalto do mês de outubro 2000 Júlio de Barros.

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