JÚLIA SERRA
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O autor perscrutou obstinadamente as várias etapas constituintes de um
processo (escritura, apontamentos, arrematação, pagamentos prazos, vistoria e
outros pormenores descobertos em algumas igrejas), de modo a não deixar escapar
qualquer brecha na investigação do processo de construção e execução, o que
permite ao leitor avaliar esta maiêutica cultural setecentista.
Após a abordagem teórica dos complexos processos, o Professor Armando
Palavras listou, então, as Igrejas que fazem parte do Padroado da Universidade
de Coimbra, nas duas margens do Douro, no século XVIII. Na margem esquerda,
estão sinalizadas dez igrejas e na margem direita apenas quatro. (ver mapa pág.
25). O autor refere que” por doação régia os bens destas igrejas passaram a
pertencer, no reinado de D. José I, à Universidade de Coimbra, a quem passou a
competência de por eles zelar” (p.19). Ficava a encargo do padre da respetiva
freguesia e de outros responsáveis comunicarem a necessidade de realização de
obras à Junta da Fazenda que, por sua vez, contactava com a Universidade. O
arquiteto responsável pelas igrejas deste padroado era Manuel Alves Macamboa.
Com a reforma Pombalina houve alterações e surgiu a designação de Património
Novo e Património Antigo, mas neste estudo o autor contemplou o Património Novo,
já com as incorporações solicitadas por D. João III. Aludidas várias reformas,
a nível histórico e religioso, informa-nos o douto investigador: “Só com a
Carta de Lei de 23 de Maio de 1848 a Universidade deixa de ter Fazenda e rendas
privativas, com as quais até então sustentara as suas despesas” (p.21), passando
estas a ser consignadas no orçamento geral do Estado.
O livro é muito rico não apenas no plano informacional, mas também
pelas belas imagens artísticas que exemplificam a fundamentação da arquitetura característica
do período setecentista, com predominância do barroco, exibindo decoração em
talha dourada nas paredes, retábulos e azulejaria. Para além disso, o leitor
apreende que o património da Universidade era praticamente constituído pelo seu
Padroado (que lhe permitira financiar as despesas até 1848), reconhece também a
riqueza do património religioso das regiões atinentes, enquadra-se nos momentos/
contextos históricos definidores dos aludidos processos e construções e, a
maior culturalidade advém da explicação minuciosa que Armando Palavras
transmite em cada exemplar que contempla.
Uma
obra seminal, atemporal, que serve de guião turístico para uns e de apreciação
histórico-religiosa para outros. Os amantes de arte, esses, deverão ser os
primeiros destinatários.
Parabéns
ao Autor.
Júlia Serra



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