Arquitecta e deputada municipal
Não é um caso de encobrimento, é um caso de cumplicidade
consciente e deliberada. O estado britânico é cúmplice de crimes de agressão
sexual e pedofilia. Eis o wokismo em toda a sua brutalidade.
Observador, 17 Janeiro 2025, 00:17
https://observador.pt/opiniao/criancas-traidas-em-nome-de-um-mito/
O caso é de virar o estômago do avesso. Tão grave e tão
indigesto que fez o mundo mediático virar-lhe as costas e entupir o debate com
platitudes beatas sobre o “imperialismo de Trump”. A esquerda não sabe como se
defender do escândalo de pedofilia que provocou no Reino Unido. Durante
décadas, milhares de raparigas inglesas, brancas e pobres, com idades entre os
11 e os 16 anos, foram barbaramente violadas por gangues de homens adultos
paquistaneses.
Aconteceu no norte de Inglaterra, com grande concentração
na área metropolitana de Manchester. A polícia sabia, tal como os governantes,
os serviços sociais, o Ministério Público, e todos os representantes do estado
que podiam ter parado a selvajaria e, em vez disso, encobriram os criminosos.
Porquê? Uns por medo de parecer racistas, xenófobos, ou islamofóbicos; outros
para não alimentar o “populismo” e a “extrema-direita”. Acima de todas as
prioridades, impunha-se proteger a “comunidade asiática” e defender o
multiculturalismo.
Havia queixas, relatórios, provas, informação mais do que
suficiente, e havia acusações até oficiais. Mas não havia acção. Os
funcionários do estado tinham orientação superior para não fazer nada.
Os números são grotescos. Em Rotherham, uma pequena cidade
com 100 mil habitantes, e apenas no período compreendido entre 1997 e 2013,
foram violadas com especial brutalidade 1.400 miúdas pobres, tão pobres que
viviam quase todas em orfanatos e casas de acolhimento. Algumas crianças, pela
violência das agressões sexuais que vários homens praticaram sobre elas
colectivamente, tiveram de ser submetidas a cirurgias. Um polícia disse que os
abusos duravam há 30 anos. Os casos eram conhecidos desde os anos 80. A
população de paquistaneses nesta cidade é de 3% (cerca de 3 mil). Calcula-se
que o escândalo tenha atingido 50 cidades britânicas. Entre centenas de outras
histórias aberrantes, o pai de uma das crianças, ao tentar retirá-la da casa
onde a filha era violentada, foi impedido pela polícia e levado preso.
A esquerda, que neste momento governa o Reino Unido,
bloqueou um inquérito público sobre todas as violações praticadas por gangues
paquistaneses sobre crianças britânicas. Para proteger o multiculturalismo? Já
não. Desta vez foi para proteger o chefe. Keir Starmer, primeiro-ministro e
chefe do partido trabalhista, dirigiu entre 2008 e 2013 o departamento do
Ministério Público que devia ter investigado estes crimes.
Aqui, jornais e televisões, a braços com o pequeno
escândalo doméstico da pequena criminalidade enfrentada pela polícia na Rua do
Benformoso, deram grande visibilidade à esquerda para emitir protestos contra o
racismo da polícia, e a xenofobia de polícia, e a imaginada infiltração da
“extrema-direita” nas nossas forças de segurança. Não se lhes ouviu mais do que
um resmungo morno sobre o escândalo de agressões pedófilas no Reino Unido. A
generalidade dos comentadores portugueses, se falou foi para apontar o dedo a
Elon Musk, culpado de “ingerência nos assuntos do estado britânico” por ter
escrito sobre o escândalo no X. Quase nunca para culpar o estado britânico, nem
o primeiro-ministro Keir Starmer, nem os vários governos britânicos que parecem
estar envolvidos.
O escândalo prossegue, porque os criminosos passeiam-se
pela rua e os representantes do estado que os encobriram foram deixados em paz.
Deviam estar todos na prisão. E só há uma maneira de remediar isto:
desenterrar, investigar, levantar todas as pedras, e fazer justiça por todos
aqueles milhares de crianças.
Mas acima de tudo, no Reino Unido como no Martim Moniz, o
multiculturalismo não pode impedir a segurança pública. A lei tem de ser igual
para todos. Em nome do multiculturalismo, não se pode aplicar a lei
selectivamente.
No caso britânico, o estado de direito foi abandonado em
nome de um mito, destruindo a vida de milhares de crianças pobres. Estas
crianças foram traídas em vez de protegidas, em troca de uma falsa coesão
social e a um preço imperdoável. Já não é um caso de encobrimento, mas de
cumplicidade consciente, ponderada, e deliberada. O estado britânico é cúmplice
de crimes de agressão, abuso sexual, e pedofilia. E o escândalo também não é um
produto do wokismo, nem um efeito secundário ou colateral. É o wokismo em si
próprio e em toda a sua brutalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário