António Magalhães
Não
choveu apesar de tudo. Mas a nuvem branca, a mesma nuvem que até aí parecia
estar inocentemente estática num céu azul e um sol abrasador, começou a ganhar
vida.
Nesse
momento, enquanto todos estes inesperados acontecimentos se desenrolavam, já
nós, ainda dentro da poça, sentíamos o terror da situação entrar-nos pelas
entranhas, sem que tivéssemos sequer a coragem de sair da poça para fugir a
sete léguas.
Ali
ficamos, com o corpo escondido pela água fresca, mas suja de lama, da poça,
apenas com a cabeça de fora, os olhos fixos no céu que agora escurecera de
maneira tenebrosa.
A nuvem mesmo assim continuava branca, mas um branco que parecia sujo pelo cinzento do céu de pano de fundo.
– Que merda é esta?
Perguntei sem ter a certeza de que algum dos meus amigos me ouvisse.
FONTE:
https://bomdia.eu/a-passagem-3/
Sem comentários:
Enviar um comentário