Por tal motivo, dirigi ao director da VISÃO o mail em anexo.
À Atenção do Sr.
Director da Revista VISÃO, Rui Tavares Guedes
Assunto: VISÃO
Nº 1658 12/12 A 18/12/24
Nesta simpática Quadra Natalícia do
ano de 2024 que vai findando, passei por uma banca de jornais e deparei-me,
nesse dia, no escaparate, com o recém-saído número da Visão, acima identificado.
Vendo na capa a apelativa chamada à nobre figura de Vasco da Gama, com o
justíssimo aposto ou continuado de O HOMEM QUE MUDOU O MUNDO, logo me acorreu a
polémica havida a propósito do anterior ministro da cultura ter deixado em
claro a efeméride da passagem dos 500 anos sobre a morte do célebre navegador
luso e que agora a VISÃO oportunamente recorda. Achei, portanto, mui adequada a
capa da Visão, pelo que adquiri a revista e fui posteriormente à cata do artigo
que seguramente estaria contido no seu interior (anoto que fui durante vários
anos assinante da Visão).
A
minha expectativa não foi defraudada, pois deparei-me a páginas 30 a 47 com o
respectivo artigo de fundo, da autoria de Luís Almeida Martins, o jornalista conselheiro editorial da VISÃO História. Achei o
extenso artigo assaz pertinente e historicamente correcto dentro dos
conhecimentos que adquiri sobre este importante período da História de
Portugal, que venero. Neste sentido, cumprimento o seu autor e a feliz
iniciativa da VISÃO.
Há,
porém, um arreliador “senão” que é o facto de no artigo do
conselheiro editorial da VISÃO História, terem sido incorporados Três abomináveis
apontamentos (2 intercalados e um a finalizar a matéria). Ora, a mais elementar
e óbvia técnica de apresentação jornalística escrita recomendaria que, a haver apontamentos
intercalados, viessem em concordância e abono do texto base. MAS NÃO! Os
referidos 3 textozinhos constituíram um autêntico “ponto de ordem” destinado a
introduzir o mais nefasto “wokismo”, e servilismo ao chamado “politicamente
correcto” para denegrir e abastardar, de forma despudorada, o texto base. De
facto, basta olharmos os títulos dos 3 artigos infiltrados:
-
Na pág. 37: Vasco da Gama, da direita “woke” aos BRICS por José Neves
-
Na pág. 41: Comemorar o quê e para quê? por Francisco Bethencourt
-
Na pág. 47 (a finalizar a matéria!): Como celebrar Vasco da Gama em 2024?
interroga-se um dito professor AbdoolkarimVakil.
Cabe
perguntar: O autor do artigo de fundo, Luís Martins, autorizou a
descaracterização do seu texto com os dizeres destes senhores, em contradição
flagrante com a base histórica do artigo e pretendendo inequivocamente
desvalorizar, denegrir, abastardar a figura de Vasco da Gama e a gesta lusa
naquele momento único da nossa História? Sentiu-se honrado e entendeu que o seu
texto ficou valorizado, ou, outrossim não foi informado dos acrescentos?
Não
sendo historiador, mas tendo feito um mestrado nos EUA, onde num dos capítulos
da tese, abordei alguns aspectos da História de Portugal, recorri a livros de
historiadores estrangeiros, onde encontrei largamente enaltecidos os nossos
navegadores e esse período em que Portugal conseguiu ser uma autêntica potência
europeia. Num desses livros vi,
inclusivamente, referido que numa catalogação temporal da História se poderia
considerar haver uma Era ANTES de Vasco da Gama e uma Era DEPOIS de Vasco de
Gama.
Senhor
Director da Visão:
Cabe
também perguntar-lhe: Sendo o senhor o responsável máximo da VISÃO concordou,
estimulou ou apenas deixou passar a insana inserção das 3 ditas opiniões,
desvirtuando o artigo base do seu conselheiro editorial?
Se tiver a amabilidade de me responder peço-lhe que não venha avocar o sadio pluralismo de opiniões, ou mesmo, a necessidade do contraditório. É que, eu li com toda a atenção o seu Editorial “Confiança na VISÃO” com o qual estou completamente de acordo. Ali se fala da apologia de assegurar a Confiança aos leitores e do “respeito das regras do contraditório”. Concordo com elas, mas entendo que não foram seguidas, no caso vertente, ao ser INSERIDO, DENTRO dum texto escrito, outros aberrantes escritos a contradizer (ou, no mínimo, a por em dúvida) o texto base para que a capa, bondosamente, nos chamava. Se os responsáveis da VISÃO (Director e corpo redactorial) sentiam a necessidade (político-partidária, woke ou do politicamente correcto) de introduzir os tais 3 textos, pois que o fizessem noutras páginas, mas JAMAIS incorporados no texto base, perante uma qualquer espúria motivação (“just in case”, como diriam os britânicos). Na luta ideológica, respeito todas as tendências, mas não vale tudo! A ética e os Valores, estão primeiro, como sabiamente afirma no seu excelente Editorial. Só que, no caso em apreço, terá seguido S. Tomé.
Com os meus
cumprimentos,
João Afonso Bento Soares
(Master of Military Art and Science, EUA, 1983)
S. Domingos de Rana, aos 29 de Dezembro de 2024 Nota: Não respeito o NAO
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