JORGE GOLIAS
Atira
logo a matar: - tu, que és inteligente (para ele, Eng.º, é inteligente) diz-me
lá como é que os hotéis estão todos esgotados numa altura de crise e de tanta
miséria (para ele não há pobreza, há miséria). Retruco eu (redundância): -Olha
isso é um bom sinal, é sinal de que o índice de pobreza de que falas não é
real, é a percepção, que hoje tanto jeito dá: se não é verdade, é percepção,
algo semelhante ao “si non è vero, è bem trovato”. Dando de barata a falta de
rigor sociológico da minha resposta, o certo é que o amigo pessimista entupiu,
mas não cedeu. Aliás ele nunca cede, mas lá no fundo fica a pensar, estilo “va
pensieri” (…) Oh Patria tão bela e perdida (…). É isto que penso que alguns dos
meus amigos pensam: não gostam do Chega, mas pensam em modo Chega!
Um
pessimista está sempre descontente: é a juventude que não presta, é esta
juventude que já não vai ter reformas, é o SNS que já faliu, são as guerras que
não têm fim. E, eu, retruco, (nova redundância!): mas então não é esta
juventude a mais bem preparada de sempre? Esqueceste que a tua conversa era a
conversa dos nossos avós - nós éramos uns perdidos que não iam ter nenhum
futuro. Retruco ainda (à terceira retiro a redundância, porque o que é demais é
moléstia) que para as reformas há-de haver sempre fundos, porque no fundo são
os velhos os maiores eleitores. Retruco mais uma vez, mas agora com uma
pergunta: -Sabes tu o que de melhor têm as guerras? Que não, que só têm mal.
Respondo que isso vem na História, que o que de melhor tem uma guerra, todas as
guerras, é que sempre acabam. E que sendo assim só nos restava fazer votos para
que acabem para o ano, depressa, ou seja, na melhor das hipóteses daqui por 48
horas!
Pois,
tu estás sempre optimista, parece que nem vives cá! E logo tu que tens tudo
para estar na fossa! E mira-me, admirado! E vai-me dizendo que me inveja. Fico
a pensar se acredita no que eu digo, pois nem eu acreditarei lá muito bem, e se
ele me chegasse com demasiados optimismos eu sei que iria retrucar com bons
argumentos pessimistas. O meu modo jesuítico, saber defender tudo e o seu
contrário! O importante é manter a ligação conversando, fazendo pensar nas
coisas em todos os sentidos, nos bons e nos maus e depois tentando concluir
sempre que se penso é porque existo e que se não deixo o cérebro adormecer é
porque ainda respiro.
E
perceber que respirar é das melhores coisas que podemos fazer. E se o ar for
bom, bom ar, dá bons ares e boas cores. E a propósito de bons ares que trazem
os bons cheiros, que iria ali perto almoçar o bacalhau à minhota que tem bom
ar, boa cor e bom cheiro. E, já agora, bom sabor.
Então
Bom Ano Novo, com bons ares e boas cores!
CNX30DEZ2024JG83
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