terça-feira, 27 de agosto de 2024

Sacramomentos

 

Jorge Lage


Sacramomentos – é o novo livro de Flávio Vara, nascido em Rio Frio (Bragança) há 90 anos. Conheci-o nas actividades culturais da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa e gostei dos seus livros de poemas: «A Nata do Povo» (2018) e «Serrar a Velha» (2022). É um mestre em dizer em verso o que não convém abordar em prosa, isto é, um poeta de denúncia, principalmente, dos excessos ou “habilidades” de alguns políticos. 

Chega a ser assombroso na crítica social. Ao receber este novo livro de Flávio Vara, vejo-o com o fino e riquíssimo azimute da criatividade poética, voltado para o sentido cristão da vida, fazendo-me lembrar, em parte, a fina e aflita pena do nosso Guerra Junqueiro (no ocaso da vida), e até a reconciliação de Bocage. Melhor dizendo, são uns versos que deixariam qualquer um de nós de bem com os homens e com Deus. Oxalá, que a sua pena não se canse e nos continue a brindar com os seus belos e literários poemas que nos deleitam e aconchegam a alma. É um poeta em que a verdade e as dúvidas que o assaltam estão sempre presentes. «Sacramomentos» é um livro de 70 páginas, dividido em curtos capítulos ou temas: Moção de Confiança, Natalícias, a Luz e as Sombras e Fidelidade. Tem o condão e a força literária de dizer muito em parcas palavras, apanágio dos grandes mestres, como diz o povo: «é pelo dedo que se conhece o gigante». Por isso, quando se acabe de ler, acomete-nos o desejo irresistível de reler e tresler. Porque os mirandelenses, em geral, não lêem (raspam mais) ou lêem muito pouco acho que um livro, como este, de fácil e rápida leitura os poderá motivar. A capa e contracapa são de imagens difusas em que sobressaem os tons quentes e avermelhados dum pôr do sol crepuscular, sendo ambas criação de Vasco Duarte, com a chancela de impressão de «poesia impossível». «Sacromomentos» pode ser solicitado à Livraria Martins, Av.ª Guerra Junqueiro, 18, Lisboa. Os meus parabéns ao Flávio Vara por esta obra divina. Pode o leitor espreitá-lo por este breve e grande poema:

Eu Creio em Deus

Eu creio em Deus, mas não sei

Se é porque estou sempre a vê-Lo

Ou se é porque nunca O vi;

mas sei que acredito em Deus

quando olho para uma flor

ou quando olho para ti.

 

1 comentário:

  1. Magnífico poema de Flávio Vara, que saúdo. Gosto muito mais deste do que dos de faca e alguidar. Jorge Sales Golias

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