JORGE GOLIAS
Foi assim que vi os livros
de BD da vida de Agostinho Neto, um guerrilheiro angolano, médico formado em
Portugal, poeta brilhante e aluno inteligente, o melhor da turma de brancos,
como se deduz do diálogo entre a sua professora (branca) e os alunos (brancos)
quando estes não resolviam um problema e ela, zangada, lhes dizia:
-Perguntem ao preto!
(Esta história foi contada
pela esposa dele, a barrosã D. Eugénia Neto)
Uma hora de conversa, contas
feitas, saímos para dar uma volta pelo Centro Comercial, que é um dos primeiros
do género na zona de Lisboa – o Centro Comercial do Cacém, com lojas simpáticas
e gente que atende bem, algumas modernices, estilo colocar a nota ou moedas no
orifício, que o sistema devolve o troco, que é o orgulho da lojista, que nos
olha divertida com alguma atrapalhação.
Hoje aproveitei para passar
pelo mercadinho (um Paga Pouco, ou algo assim) para comprar ovos. Em
substituição de ovos que tinha em casa e que foram parte para o lixo, porque
testados em água, flutuaram! Entrei acompanhado do amigo António, que assistia
com ar gozador às minhas incursões pelos corredores e prateleiras comprando o
que precisava e não precisava. À certa confita tentei rasgar um saco de
plástico de uma bicha deles, mas estava a tentar na parte errada e não na junta
de separação dos mesmos. E foi uma negrinha que me ajudou a rasgar o raio do
saco. Agradeci, sorri, e disse ao meu amigo: -pergunta à negrinha! O António
(Chaves) riu a bandeiras despregadas!
No fim, na caixa de
pagamento, lembrei-me de que tinha trazido tudo menos os ovos. E lembrei-me
também de que este uso e costume é mesmo useiro e costumeiro, de entrar para
comprar algo e trazer tudo menos o tal de algo. Pois, ainda fui a tempo de ovar
o cesto de compras.
Chegou a hora da despedida,
com promessas de repetir porque não há nada como um encontro de amigos,
presencial, abraçal, depois de despejado o saco de novidades, de discussões,
algumas velhas e relhas, muitas vezes recorrentes.
Regresso a casa pelo IC19,
desvio para Carnaxide ali na zona do Palácio de Queluz, estacionamento, descarga
e carga de dois sacos cheios, lixando as bursites e as tendinites, que se vão
enganando com uma pomadinha milagrosa que fará tão bem como a massa dos
queixais do porco fazia à papeira (hoje bócio).
E enquanto a vida rolar
assim, não temos grandes razões de queixa.
CNX20JUL24JG83
O Sr.Coronel tem de se habituar a fazer uma listinha antes de entrar no Paga Pouco, se não paga muito e não há reforma que dê; nem mesmo com o subsídio dos Combatentes do Ultramar e o dos Heróis do 25 de Abril ! O Zé entra no Super para ir buscar apenas o pão ou leite e, quando se apercebe, começam as coisas a cair da gabela dos braços e as pessoas a ajudarem a apanhar do chão - e é isto sempre até chegar à caixa para pagar! Nem se lembra de levar o carrinho, pois era só o pão que era preciso ...- e é sempre isto!
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