quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Os bilhós da nossa infância


Bilhó é o expoente máximo da castanha num popular magusto, pronto a entregar-se e a ser comido por quem o queira saborear. Da forma de um coração coradinho, ruborizado na face de um desejo. Oferecer-se um bilhó (os arouquenses chamam-lhe «leitão») a alguém é um sinal de afeição ou um selar de uma grande amizade. Se um bilhó for composto por duas «castanhas gémeas» fica-se comadre ou compadre para toda a vida ou, com um «bom dia filipinos», ganha-se um prémio em disputa. Para coroar este raciocínio social, «com castanhas assadas e sardinhas salgadas não há ruim vinho».

Claro que este tempo de castanhas e de magustos pede sempre bilhós, nem que sejam os da nossa meninice, em família e em vizinhança.

«Os bilhós da  minha infância», é um dos belíssimos textos da «Antologia da Maria Castanha - Quem me dera cá o tempo», do escritor, Doutor Armando Palavras, e que a mondinense Maria da Graça seleccionou para postar no blogue «tempocaminhado».

A antologia «Quem me dera cá o tempo» só participaram os autores que cumpriram as regras pré-definidas e por mim impostas. Uma das traves mestras deste conjunto de textos era que estes não fossem além duma página A4. Este era o grande desafio, para além da qualidade e não tivessem erros científicos quando abordassem a castanha/castanheiro.

Alguns ultrapassaram a dimensão acordada e devolveram-se para serem podados. Outros leram-se e releram-se e porque estavam mais extensos, mas tão bem lavrados e em terra tão fértil, que pensamos: se lhes corto alguma palavra empobreço-os e privo os leitores destas flores de castanheiro de odor intenso, prelúdio de bons frutos.

Depois da antologia vir a público, um ou outro autor disse da sua justiça,  porque não leu bem os demais textos e se centrou mais no seu umbigo.

Um dos textos mais extensos foi o da Maria da Graça Borges, «O Castanheiro guardou segredo» (p.106), um dos mais belos textos da Antologia da Maria Castanha e que eu gostaria de ver publicado no blogue. Foi dos que mais me tocou. Atrevo-me a dizer que é um dos belos que qualquer bom escritor não desdenharia de o tomar por modelo.

Depois disto desafiei a Maria da Graça Borges a escrever um livro das suas melhores vivências ao longo da vida, mas a resposta foi negativa, preferindo promover os bons autores transmontano-alto-durienses.

Hoje, ao abrir o blogue tempo caminhado, dou com «os bilhós da minha infância», um texto carregado de memórias do autor-menino, da Lagoaça raiana, Armando Palavras.

Os textos «não se medem aos palmos» e, por isso, o nosso sábio povo plasmou-os em curtas frases, encerrando neles autênticos tratados filosóficos, no dizer do nosso grande Miguel Torga.

Obrigado aos amigos, Armando Palavras e Maria da Graça, a quem tanto devo (ambos duma amizade sem limites) e que tanto têm feito pelos autores e pelas letras transmontanas.

Jorge Lage.

1 comentário:

  1. Isto agora, todo o bicho careto se bota a escrever. Há por aí muitas "carolinas salgadas..." - Depois, em vez de se aprender com a leitura -desaprende-se. É melhor a senhora se ficar pelas divulgações que é mais proveitoso para todos...

    ResponderEliminar

Fatah Sherif, líder do grupo terrorista HAMAS, era funcionário da UNRWA.

    FONTE: https://areferencia.com/oriente-medio/agencia-da-onu-confirma-que-lider-do-hamas-morto-no-libano-era-seu-funcionario/