Por MARIA da GRAÇA
OS BILHÓS DA MINHA INFÂNCIA
As mais extraordinárias recordações (ou memórias ) que tenho de castanhas e de castanheiros, resultam de reminiscências da infância, passada na aldeia de Lagoaça, na raia transmontana, na companhia do meu avô materno. Natural de Vinhais havia de casar em Lagoaça. Antes de se reformar, comandou o posto da GNR em Carviçais. E anteriormente o de Boticas e o de Sta. Marta de Penaguião.
Só com os netos mais
velhos (o Rui Armando e o Lelinho), filhos do seu filho mais velho (Rui Gomes),
porque por eles era "picado", se extravasava nas brincadeiras. Comigo
e com os meus irmãos, mantinha o rigor de avô e era austero nos comportamentos.
É desse rigor e
austeridade que resultam as minhas melhores memórias sobre castanhas.
Proprietário de um
razoável souto na quinta, e de meia dúzia de castanheiros dispersos por
propriedades menores, quando chegava a época das castanhas, elas lá estavam -
em casa. E numa das duas cozinhas da casa (a mais usada), o perfume das
castanhas perdurava durante todo o Outono e início do Inverno.
À noite, sem que ninguém
desse conta, lá ia o avô Gomes acender e lareira e num assador de razoáveis
dimensões, assava vários quilos de castanhas.
De manhã, antes de ir para
a escola (e o avô para a quinta), o pequeno almoço era degustado naquela cozinha.
Normalmente constituído por uma chávena de café (muito fraco, mas saboroso),
uma alheira e uma torrada de pão da aldeia, barrada, muitas vezes, com um dente
de alho colhido no quintal. Mas no período das castanhas, ainda se
acrescentavam os bilhós, aquela delícia que o avô preparava na noite anterior.
Ainda hoje, passados tantos anos, esse perfume castanho me percorre as entranhas profundas da alma!
ARMANDO PALAVRAS
In "QUEM ME DERA CÁ O
TEMPO"
Livra, que o Doutor devia andar bem fraquinho com um destes pequenos- almoços... -que fariam os almoços ...!
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