sábado, 5 de agosto de 2023

E se a esquerda tivesse o fairplay da Igreja?



Henrique Raposo

ESPRESSO

Quando confrontadas com autores que consideram mal-ditos, as esquerdas exigem cancelamentos e queimam li-vros, literal e metaforicamente. A Igreja encaixa a crítica e segue. Repare-se só na diferença. Bordalo II fez um car-toon a gozar com a JMJ, a Igreja encaixou e defendeu a liberdade de expressão. Um grupo de professores fez um cartoon a gozar com António Costa; perante a crítica, o PS e a esquerda em geral viram ali "mau gosto" e até "ra-cismo", não viram liberdade crítica

A história dos ajustes diretos e de Bordalo II tem outro lado além da hipocrisia do artista em questão e do ati-vismo seletivo do mundo mediático, que fica ultrassensí-vel quando os temas em questão são vistos como temas à direita. Ser católico não é ser de direita ou de esquerda, mas, no rígido esquema mental ‘progressista’, nada disso importa e a Igreja é da direita e ponto final. Se estivésse-mos a falar de um ajuntamento muçulmano ou inter-religioso, a urticária que este tema tem gerado na bolha de “Lesboa” simplesmente não existiria. Há polémica porque é um evento da Igreja Católica, a sempiterna vilã de um anticlericalismo empedernido e velho.

E esse segundo lado é este: a Igreja tem mostrado um fair-play que tem faltado às esquerdas.

A atitude inquisitorial é hoje um património das esquerdas, e não da Igreja. Quando confrontadas com autores que consideram malditos, as esquerdas exigem cancelamentos e queimam livros, literal e metaforicamente. A Igreja encaixa a crítica e segue. Repare-se só na diferença. Bordalo II fez um cartoon a gozar com a JMJ, a Igreja encaixou e defendeu a liberdade de expressão. Um grupo de professores fez um cartoon a gozar com António Costa; perante a crítica, o PS e a esquerda em geral viram ali "mau gosto" e até "racismo", não viram liberdade crítica, algo que só deve ser atirado à Igreja e às causas rotuladas de reacionárias e não sei quê.

De resto, a Igreja está a tratar dos seus problemas com uma abertura que falta por completo às instituições ditas de esquerda. Onde está o mea culpa da instituição que protegeu durante décadas Boaventura Sousa Santos? E será que o PS, por exemplo, trata com esta abertura os seus constantes problemas relacionados com a corrup-ção? Não me façam rir. O PS protegeu e ainda protege um ex-primeiro-ministro corrupto que destruiu o futuro de uma geração de portugueses. Sim, protege, porque é incapaz de um mea culpa como aquele que a Igreja está a fazer.

Por tudo isto, torna-se ainda mais oca a má-fé dos ilumi-nados em relação à JMJ, que tem animado Lisboa. Aliás, pelos relatos que me chegam, a cidade não conhecia ale-gria e esta energia há muito tempo.

 

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