Por BARROSO da FONTE
Em 21 de outubro de 2013, o fundador e diretor deste blogue,
publicou uma nota biográfica sobre a Tartaruga Editora, inserindo, nessa fértil
notícia literária, uma referência breve acerca da editora, a qual passou a ser
uma espécie de lead da benemérita produtora de livros, dos seus autores
e da benemérita forma de difundir a literatura.
Nessa curiosa nota informativa, Armando Palavras, também ele um
produtor e promotor de cultura viva, já nessa recuada edição de 21 de Outubro
de 2013, adicionou uma relação de 96 livros, de outros tantos autores, na sua
maior parte Transmontanos, todos eles editados com a chancela da Tartaruga. No
tal lead que encima a nota introdutora, o leitor que pretenda editar
prosa ou poesia de boa cepa poderá tomar nota onde encontra a explicação:
«A Tartaruga é um projeto cultural e humanista, divulga e enobrece a língua e a cultura portuguesas. Para Platão, a inspiração poética está ligada ao entusiasmo e à posse do sentido do divino. Para Aristóteles, a poesia, qualquer que seja o seu objeto, heróica ou satírica e a sua forma, dramática, lírica ou épica pertence às artes de imitação. Enraizada na natureza, a poesia é o lugar de uma verdade mais filosófica e universal do que a simples exactidão histórica. Porque a história da nossa literatura o impõe e o seu objectivo final é levar aos leitores o registo escrito do pensamento e criatividade que brotam de fontes inesgotáveis aqui estamos, cada vez mais, mostrando a nossa língua no seu melhor e demonstrando que é uma língua viva comunicante, bela e com uma identidade inquestionável. A essência da escrita é deliciar os leitores e os autores depois da execução lírica, captando cada instante com emoções e atraídos pela maravilhosa interpretação de palavras e imagens representadas e delineadas em cada página do livro».
O mistério desta benemérita fundação
Miguel Torga com Fernão de Magalhães Gonçalves |
Após a
fundação da Tartaruga, conheceu e conviveu com o conhecido Artista Espiga
Pinto, que empresta o logotipo, assim como o grafismo, a todas as edições desta
grande Senhora, conterrânea do malogrado Escritor que «foi o melhor intérprete
da obra poética e prosaica de Miguel Torga».
Em
carta de Fernão Magalhães Gonçalves, que me enviou de Granada em 19 de Abril de
1982, escreveu: «meu Caro Barroso da Fonte, estive há dias com o Torga em S.
Martinho de Anta. E falámos de ti, da tua obra cultural, da tua página
literária, no Notícias de Chaves, da tua revista Gil Vicente e dos teus versos.
És, portanto, um lutador inato. E é neste sentido que eu entendo o teu último
livro - Tempo infecundo».
O
texto integral desta carta transcrevo-o na «Tripla homenagem» do Livro: Poesia,
amoras & presunto», que recebeu o «Prémio Nacional de Poesia - Fernão de
Magalhães Gonçalves» em 2015.
Os Rostos Iluminados
«Os
Rostos que escolhi não devem ser contemplados como Seres unicamente destinados
e edificados ao esplendor da sua Arte mas muito mais como Seres com uma brilhante,
insolúvel e vasta amplitude de humanidade, simplicidade, generosidade e a
extraordinária perfeição...»
O
índice menciona uma dúzia desses Rostos Iluminados, em tornos quais desenvolve
as virtualidades humanas, sociais e culturais de todos e de cada um, durante as
diferentes fases do conjunto convivencial que partilharam nos 45 anos de vida.
Ao citá-los, associo-me à Manuela Maria Alves Morais e aos doze livros que
completa com este ramalhete de viçosas flores festivas de Natal e Ano Novo.
Barroso da Fonte
6 de JANEIRO 1943-2023 -FERNÃO DE MAGALHÃES GONÇALVES
ResponderEliminarAmanhece a Manhã Clara
Amanhece a manhã clara aos olhos prometida
com pássaros nos ramos e aromas nas flores
distribuindo as cores na
luz palpitam as pulsações orgânicas da vida
cada gesto se integra na harmonia que
vejo da janela
pouco a pouco se vai abrindo nela
uma íntima e certa profecia
era por exemplo num dia assim perfeito
que tu voltarias de repente e
não mente um
sonho em tanta luz desfeito
sobre que árvore ou muro poisarás
em que rua casual nos cruzaremos
que palavras diremos de
que gesto de amor serei então capaz.
In Memória Imperfeita