JORGE GOLIAS
FRASES DE ADRIANO MOREIRA
1.As crises financeiras conduziram ao encerramento de centros de saúde, agências bancárias, postos de correio, tribunais, esquadras, notários, e ainda à extinção de freguesias, levaram o Prof. Adriano Moreira ao conceito de Estado exíguo:
Temos um Estado exíguo que já não dispõe dos recursos para sustentar as funções essenciais à própria soberania, afectando o desempenho no espaço europeu e ocidental.
2. Para ilustrar o CONCEITO EM QUE É TIDO O TRANSMONTANO declarou:
UM
TRANSMONTANO, EM PÚBLICO, NUNCA DEVE DIZER QUE O É, SOB PENA DE ENVERGONHAR
TODOS OS OUTROS (frase ensinada pelo avô Valentim)
3. Quando se sabia que havia já muitos portugueses a passar fome e se constituíram bancos alimentares e recolhas de refeições, declarou:
A FOME NÃO É UM DEVER CONSTITUCIONAL e não perceber isso pode causar turbulência.
4. Criou um termo justo, Fadiga Fiscal, para mostrar o limite suportável quando o povo estava no limite do pagamento de impostos, na altura em que o então ministro da economia anunciou uma “enorme subida de impostos”:
O
povo está a suportar uma enorme FADIGA FISCAL.
5. Para recuperar a noção de Pátria e de Nação, ora tão afastadas dos discursos públicos declarou:
Pátria e Nação são uma COMUNIDADE DE AFECTOS.
6. Invocou a famosa LEI DAS SESMARIAS, lei de D. Fernando, em tempo de grande crise económica, agravada pela peste, criada para fixar os trabalhadores rurais às terras e impedir o despovoamento, situação que neste tempo se agravou com a desertificação do interior e a fuga para o litoral:
Devíamos recuperar a Lei das Sesmarias para fixar as pessoas no interior desertificado.
7. Perfilhando um conceito adoptado por Mário Soares, criado num tempo de políticas de asfixia económica em que se pretendia que o povo comesse e calasse declarou:
O povo tem direito à INDIGNAÇÃO!
8. Em tempo de harmonia e conforto familiar criou esta frase poética, qual declaração de amor:
NÃO ENVELHECE QUEM ENVELHECE AO NOSSO LADO!
9. Como um aviso à navegação política deste tempo absoluto declarou:
Uma maioria absoluta pode abrir caminho a um presidencialismo do primeiro-ministro.
10. Para caracterizar a população de Lisboa esclareceu:
Não há lisboetas. Há transmontanos, minhotos, beirões, alentejanos e algarvios.
11. Para marcar a identidade original dos transmontanos ensinou:
Nós, transmontanos somos de um território que não precisou de ser conquistado, porque ali nasceu Portugal.
12. Numa crítica aos perigos da velocidade de comunicação afirmou:
A velocidade da comunicação serve mais frequentemente a divulgação, em tempo real, dos conflitos, das suas consequências, agravando herdados capitais de queixa, do que serve o melhor conhecimento recíproco das identidades envolvidas.
13. A sua compreensão do mundo, como uma das causas do seu antienvelhecimento, percebe-se quando ele diz:
A mente de um hippie não é uma mente vazia, mas sim complexa.
14. A
conferência que teve lugar em 2016, na Fac. Ciências Sociais e Humanas da
UNINOVA de Lisboa, “Pensamento e Escritos (Pós) Coloniais”, reuniu
Adriano Moreira, Eduardo Lourenço, Helder Macedo e José-Augusto França, nomes
incontornáveis da política e da cultura que pensaram e escreveram sobre o
império colonial português, apresentando-se como testemunhas de um passado que
se reflete no presente, e, por isso, de uma inusitada modernidade.
Na comunicação de Adriano Moreira destacamos:
Em Portugal, nós tivemos naturalmente todos aqueles abusos da escravatura, mas sobretudo, o que acho mais grave não é a escravatura — que é gravíssima —, é o transporte para os territórios longínquos, porque se é escravo, mas vive no território onde nasceu, se conhece as pessoas, se tem amigos de infância…
15. Ainda sobre esta publicação e sobre os Direitos do Homem afirmou:
A América continua a ser um excelente exemplo porque todos nós filiamos a evolução democrática dos ocidentais na Declaração de Filadélfia, a qual dizia que: Todos os homens nascem livres e iguais, e com igual direito à felicidade (…). Isto ficou escrito no bronze da História, mas lê-se menos que nesse bronze havia uma vírgula: os nativos não, os escravos não, os trabalhadores não, as mulheres não, e tem sido uma luta terrível para apagar estes dados.
16. Para ilustrar a necessidade e dever de visitar a terra mátria declarou:
SE EU NÃO PISAR A TERRA, A TERRA NÃO É MINHA!
17. Por ocasião de uma conferência sobre ‘O Estado e a Competitividade da Economia portuguesa’, numa conferência em 2012, fez uma declaração que hoje importa recordar:
Portugal precisa de um «Governo de gabinete», onde o primeiro-ministro não veja diferença de partidos nos ministros à sua volta.
18. Para marcar a diferença entre Estado e Nação, afirmou:
A crise do Estado não implica que seja acompanhada da crise da Identidade Nacional. Ou seja, o Estado pode falir, mas a Nação continua.
19. Sobre as guerras do ultramar, antes do 25 de Abril e citando o CEME da altura, Gen Câmara Pina, disse:
“Estas guerras não se ganham, só servem para ganhar tempo, suprimir as injustiças que dão origem à revolta e fazer o diálogo”.
20. Para afirmar a universalidade da Língua Portuguesa, afirmou:
A Língua Portuguesa não é nossa, é de quem a usa!
P.S. Adriano Moreira teve a
Homenagem da CTMAD no dia de aniversário (real) a 6 de Setembro de 2022 e
faleceu no dia 23 de Outubro de 2022. Presido ao Júri do Prémio Literário
Adriano Moreira, vamos continuar a atribuir este Prémio.
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