BARROSO da FONTE
João Parente é um desses seres humanos que vieram ao mundo para
comprovar que vale a pena viver para ensinar. Conheci-o e a muitos outros, na
década de cinquenta do último século. Aprendi muito e um pouco de tudo, para
poder guiar-me neste vale de lágrimas de cada dia. Andarilho pelo pôr do sol e
cada anoitecer que chega, mais triste vivo, face às injustiças, aos desfalques,
aos descréditos, às falsidades, à hipocrisia generalizada.
Se ainda tiver um
rasgo de claridade talvez venha a publicar as minhas memórias, como
penso que o Padre João Parente, já com 90 anos feitos, deveria fazer, pelas
mágoas que lhe percebo, nas poucas vezes que o ouço.
Deixo-lhe aqui a
gratidão pelo muito que me ensinou, não sendo meu professor formal. Com todos
aprendi um pouco do que sei.
Desta vez quero
dizer aos Vila-realenses que têm a paciência de me ler, que este Homem de
cultura a que me refiro, nasceu em Vila Real, gastou muito do seu tempo para
brindar as nossas raízes, com conhecimentos ancestrais que nos reconfortam e
que devemos ter orgulho nos nossos antepassados.
No prefácio a esta obra rara, luxuosa e de fácil leitura, escreve que apenas dois autores, ambos de formação rudimentar, supriram os investigadores profissionais do medievalismo popular, já ambos faleceram e ambos pertenceram ao Alto Tâmega: Firmino Mendes e Fernando Moura. O primeiro, natural de Chaves, foi seminarista, sargento militar, vereador da cultura do seu concelho e sócio fundador número 1 da Revista Aquae Flaviae, semestral e a cores. Começou a publicar-se em 1986 e acaba de sair a edição 64, sob a direção da Drª Isabel Viçoso. É o Grupo Cultural Aquae Flaviae que suporta a publicação, desde há 36 anos ininterruptos e sempre com a frescura da primeira edição. O autor da ideia dessa revista que preencheu um vazio cultural de séculos, logo após a sua morte, em 2007 foi dado o seu nome a rua de Chaves.
Habitualmente as
«alminhas», mencionam quem ali morreu. Inscrevem no granito os nomes, as datas
de nascimento e de morte, jaculatórias, e, quase sempre, de velas de cera, ou
outras mais sofisticadas e ramos de flores.
O autor desta
antologia de cariz religioso, reuniu as datações de 5 séculos, a saber: século
I, um registo; século XVII,13 ; século XVIII, 47; século XX, 61; século XXI, 5.
Sem data 333 alminhas.
Através dele fica
a saber-se que das 460 «alminhas» que inventariou no distrito de Vila Real,
Montalegre e Vila Real têm 84 (cada concelho). Alijó tem 41, Chaves 37,
Valpaços 31, Boticas 29, Stª Marta de Penaguião 28; Vila Pouca Pouca de Aguiar
27; Ribeira de Pena, 23; Mondim de Basto 21; Régua e Sabrosa 18 cada; Murça 12;
Mesão Frio, 7.
Uma obra séria, trabalhada
por mãos de mestre que o poder político esqueceu e deixa para memória futura
Do monumental
tratado, de 4 volumes, encadernados sobre a Idade Média no Distrito do Distrito de Vila Real deste mesmo autor, que
em 90 anos, foi um dos mais profícuos mecenas, que o distrito conheceu, falarei
proximamente.
Barroso da Fonte
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