Por BARROSO da FONTE
Dia 8 do corrente a
Casa Regional dos Transmontanos e Alto Durienses do Porto, com sede própria, na
Rua de Costa Cabral, desde 30 de Outubro de 1984, marcou presença numa sessão
sugestiva: celebrar o feriado da cidade de Chaves que ocorreu nesse dia, desde
12 de Março de 1929. Como cidade fronteiriça com a Espanha, ao longo dos
séculos, foi palco de muitas guerras, internas e externas. Foi também sede da
primeira diocese no tempo no Bispo Idácio, como foi a mais importante das Vias
Romanas, XVII, como se comprova pelos textos epigráficos da Ponte Romana. O
argumento mais fiel e mais convincente é o termalismo que, ainda hoje, é o mais
lucrativo para a região do Alto Tâmega.
O
Rei D. Dinis, apadrinhou a cidade, ao mandar construir o Castelo e a
Fortificação muralhada. E em 1253 aí se realizou o casamento de D. Afonso III
com a sua sobrinha D. Beatriz, filha de D. Afonso X, o Sábio. E, mais tarde, D.
João I, doou a Praça da Vila a D. Nuno Álvares Pereira, que veio a casar com a
Barrosã, D. Leonor de Alvim que nasceu em Reboreda (Salto - Montalegre) e que
casou, em criança, com Egas Gonçalves Barroso. Por morte deste, Leonor de
Alvim, herdou todas as terras e senhorios de Trás-os-Montes e Alto Douro.
D.
João I, conseguiu casar o filho, (D. Afonso), com a única filha, (D. Brites,)
de D. Nuno Alvares Pereira e de D. Leonor de Alvim.
Esse casamento deu origem à poderosa Casa de Bragança. E todo o poder dessa
Instituição, se prolongou até à implantação da República em 1910.
A Vila de Chaves que dia
8, comemorou 93 anos de cidade e foi primeira sede da Casa de Bragança, tendo
aí vivido D. Afonso e D. Leonor. Fora aquele casamento que dera origem àquela
poderosa Instituição. Os primeiros Condes terão nascido em Chaves. D. Brites,
faleceu por volta de 1412. O marido muda-se para Guimarães, onde funda aquela
nobre Residência, junto ao Castelo de Guimarães, onde, desde 1959 funciona a
residência do chefe de Estado.
Neste último dia 8 de Julho, foi dia certo para recordar a
Comunidade de Chaves.
Antiga Panificadora de Vila Real. Já não existe |
«o diabo que escolha».
No tempo da «outra senhora era o obscurantismo». Nos
quase 49 de democracia, é o oportunismo, para evitar uma palavra mais
atrevida, que lembre o exemplo do nome da Ponte Salazar.
Mila Simões, docente da UTAD, mas filha de uma corajosa Mulher
de Bragança, com António Crespin, também docente e outros da mesma opinião,
vieram para a rua e acamparam nas imediações, em sinal de protesto. É o direito
legítimo de responder aos insultos. Mário Soares chamou-lhes «direito à
contestação». Aos guardas que lhes faziam a segurança chamou: «oh!
senhores guardas, deixem passar a caravana, seus palermas...». Mia Simões
numa dessas manifestações iniciais, declarou:
"Vou ficar aqui o dia todo", garantiu Mila Simões de
Abreu, professora universitária que integra a Associação Alter Ibi, que desde
há três anos defende a preservação do edifício desenhado por Nadir Afonso». Na sua opinião, "a Panreal
está a ser destruída e, nesta altura, a cidade corre o risco de ficar mais
pobre».
Panificadora de Chaves |
Neste debate, no Porto que pretendeu celebrar a cidade e a
região, por três motivos: o feriado, Nadir Afonso, o regresso do Grupo
Desportivo de Chaves à primeira divisão; e a clarificação do restauro da
Panreal, como centro Cultural, em homenagem ao autor de um dos maiores pintores
Portugueses e do mundo, da sua geração.
«Em abril de 2017, já tinham sido
demolidas partes da fachada da panificadora. A Direção-Geral do Património
Cultural, arquivou, em abril de 2018 o procedimento de classificação para
Imóvel de Interesse Público, proposto por um grupo de cidadãos, considerando
que o edifício já não reúne características para uma classificação de âmbito
nacional. Em 2019, a Câmara de Vila Real decidiu não classificar a panificadora
como imóvel de interesse municipal. Presentemente - foi ali dito - o processo
está dependente do parecer do Ministério da Cultura.
Se
o nome de Nadir Afonso repugnar à capital de Vila Real, por ser natural de
Chaves o seu patrono; de ter sido seu Pai (Artur Maria Afonso) natural de
Montalegre e sua Mãe (Palmira Rodrigues), natural de Sapelos (Boticas), então,
mantenham esse espaço cultural como Museu da Diáspora Transmontana, por
exemplo, como ali se sugeriu.
A
viúva de Nadir Afonso, Drª Laura Afonso, Presidente da Fundação do mesmo nome e
autora de várias obras e catálogos acerca da volumosa obra pictórica que viu
nascer e correr mundo, bem como o filho mais novo, Augusto Afonso, docente de
matemática, propiciaram um ambiente muito gratificante para a Tarde Cultural
que marcou a reabertura que a Pandemia tinha subtraído àquele espaço
Transmontano no capital do Norte.
Uma
saudação ao Momento Musical que a Academia de Música da Rua de Costa Cabral,
com sede na mesma área urbana, e uma presença contagiante para a vizinhança.
Conclusão
Já
depois de enviado este apontamento à Doutora Mila Simões, clarificou dois
aspetos que resumiu e que adiciono:
«Na
verdade temos dois aspetos diferentes. A Panificadora de Vila Real já foi
demolida e no seu lugar está agora o parque de estacionamento do Lidl. Nada
mais se pode fazer. No entanto este triste caso pode servir como exemplo para
que outros monumentos modernistas sejam salvos e, principalmente, documentos.
Quanto
à outra Panificadora, com sede em Chaves, irmã mais velha, está à venda em
processo de classificação, sendo importante apelar para que seja
definitivamente classificada. O projeto para que o edifício possa
sucessivamente albergar o Museu da Diáspora Transmontana e, por agora, é isso:
uma ideia! Necessitamos de todos os
apoios possíveis para obviar esse projeto que visa ligar ao projeto original, o
nome e obra de Nadir Afonso. Quer o artista, quer a sua obra, merecem acautelar
essas duas valências».
Fica o sugestivo
entendimento que foi elogiado e aplaudido no auditório da Casa Regional dos
Transmontanos, residentes no Porto, e com o aval, sem reservas, do sócio nº1
que o relata e apoia, pelo grande orgulho que teve de ser convidado pelo irmão
mais Velho (Lereno), como biógrafo e conterrâneo do Pai: Artur Maria Afonso. A
trindade perfeita do Alto Tâmega: Pai Barrosão; Mãe Palmira, de Sapelos
(Boticas); Lereno, Nadir e Fátima, filhos Flavienses, com a toponímia dos três
concelhos a testemunhar a sociabilidade Barrosã.
Barroso da Fonte
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