Quanto mais longe melhor
José Eduardo dos Santos, ex-ditador angolano, morreu ontem numa clínica de luxo em Barcelona. Era proprietário de uma mansão no bairro mais elitista e elegante da capital catalã, em consonância com a sua conta bancária. Nascido numa família muito humilde, amealhou uma fortuna avaliada em mais de 20 mil milhões de dólares.
Cumpriu-se uma tradição comum a vários déspotas africanos: quando sentem a morte a rondá-los dizem adeus ao continente, rumando à próspera Europa.
Após 38 anos de poder quase absoluto em Luanda, Dos Santos abandonou enfim a presidência em 2017. Deixando um país na miséria, em total contraste com as suas finanças pessoais: cerca de 60% dos angolanos sobrevivem com menos de dois euros por dia.
Pelo menos Agostinho Neto - tirano marxista-leninista ainda mais sanguinário que este seu sucessor - foi mais coerente. Também morreu no estrangeiro, mas em Moscovo, então capital da União Soviética. Um e outro bem longe do povo que juraram servir.
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