domingo, 9 de janeiro de 2022

Jornalistas que tomam partido pelo seu partid


Vitor Rainho - Jornal i

 

Nestes debates até já ouvi jornalistas, com responsabilidades públicas, a apelarem a que não se vote num candidato. Isto é normal? Para mim não. 

 

Já alguém o disse, mas nunca é demais reforçá-lo: é caricato os debates entre os candidatos às eleições legislativas durarem 25 minutos e os comentários antes e depois dos mesmos durarem horas!! Confesso que acabo por achar graça, pois não me lembro de em alguma eleição tantos comentadores, muitos dos quais jornalistas, confessarem abertamente as suas preferências políticas. [Sinal de que estão muito à rasca, a ver que o seu "lado" pode perder e o seu partido deixar de estar na AR!!]

 

Percebo que na classe existe uma espécie que podemos considerar de “activistas” e que não o escondem. Seja de género, do racismo, da xenofobia, dos animais, embora denotem o seu fanatismo em muitas destas discussões. Nada contra, pois nos espaços de opinião cada um deve escrever o que muito bem entende.  Mas o problema é que confundem opinião com factos. Nestes debates até já ouvi jornalistas, com responsabilidades públicas, a apelarem a que não se vote num candidato. Isto é normal? Para mim não. 

 

Que alguém vá dar a sua opinião de que André Ventura é um demagogo quando propõe baixar o ordenado dos deputados – defendo precisamente o contrário, até para chamar os melhores –, que é um caceteiro quando defende a castração química para pedófilos, e por aí fora, entendo. Que alguém consiga desconstruir as suas bandeiras, dos ciganos ou dos migrantes, com números e factos, óptimo. Agora comportarem-se como militantes de outros partidos isso é que me faz imensa confusão. é fácil perceber que a larga maioria dos comentadores jogam na mesma equipa: nos partidos da geringonça. Estou completamente à vontade, pois penso completamente diferente de quase tudo o que Ventura defende: apoio a legalização da prostituição, da droga, do aborto, eutanásia, e que precisamos de receber imigrantes para trabalharem, e que não há uma etnia em Portugal que tem o exclusivo da criminalidade. Mas ao comentar um debate, as minhas ideias não devem ser confundidas com aquilo que ouvi: isso é bom para os comentadores que não são jornalistas e que gostam de dizer que são independentes, mas que também podiam dizer que são o Ronaldo.

                                                           vitor.rainho@ionline.pt

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