Por BARROSO da FONTE
Foi uma tarde diferente
aquela que se viveu no dia 7 de Agosto em Carvalhais, lugar da freguesia de
Morgade, concelho de Montalegre. Aí nasceu Felizardo Gonçalves em 1947 que em
2021, depois de uma vida cheia de coisas boas e, naturalmente, também de outras
menos boas, voltou ao berço que o embalou, para aqui repousar no sono eterno,
após uma andança profissional proficiente, como técnico superior, e nos
domínios da formação académica, enquanto economista.
A iniciativa da homenagem
partiu de um grupo de quatro amigos Barrosões: Pedro Canedo, Fernando
Rodrigues, António Chaves e Alzarino Gonçalves. A família, muitos vizinhos e
amigos, vindos de diversas zonas do país. O executivo da Câmara e o Presidente
da Assembleia Municipal deram todo o apoio logístico e ofertaram um retrato
artístico do homenageado, da autoria da reputada Pintora bracarense «Adriana».
A Artista, que também esteve presente, proferiu uma intervenção psicológica
sobre o simbolismo do cidadão e homem de cultura, rural e urbana, no contexto
dos méritos intelectuais e profissionais de um dos filhos mais ilustres da sua
geração, que percorreu um longo e profícuo caminho, repousando agora, após a
caminhada de74 anos, não só no país mas também pela Diáspora barrosã.
Domingos Chaves, outro
ilustre Barrosão (de Gralhas) que reside em Lisboa, sem descuidar as origens,
igualmente ligado ao histórico Colégio de Montalegre, como aqueloutros quatro,
associou-se ao evento e escreveu um exemplar texto biográfico sobre Felizardo
Gonçalves que resume, à letra, o percurso profissional do Homenageado. Esse
texto foi ali citado, enquanto
contributo do Diretor e proprietário da Revista digital Barrosana, que
sucedeu à Barrosânia. Tendo-me chegado pela mão do autor da ideia da Homenagem,
Pedro Canedo, e também por ter sido citado nas intervenções, entendo deixá-lo
aqui para memória futura:
Mensagem de Domingos
Chaves
«Depois de dar
conhecimento à família, na pessoa da Dr.a Judite Gonçalves e esta ter anuído,
um grupo de amigos, todos naturais do concelho de Montalegre, decidiram
organizar uma simbólica homenagem em memória do ilustre Barrosão Dr. Felizardo
Gonçalves, a qual terá lugar no próximo dia 7 de Agosto pelas 16H00, na sua
residência em Carvalhais, donde era natural. Os promotores desta iniciativa,
através de Pedro Canedo, apelam assim e dão conhecimento aos amigos e
conhecidos desta ilustre figura do “reino barrosão”, para marcarem presença
nesta iniciativa. Felizardo Gonçalves, nasceu aos 24 dias do mês de Junho, do
ano de 1947, na aldeia de Carvalhais do concelho de Montalegre, e foi um dos
mais ilustres Barrosões da sua geração. Era filho de António Gonçalves e de
Maria Luísa Pereira, e casado com Judite Aguiar Gonçalves!... Vitima de doença
súbita, deixou-nos neste último mês de Março. O Felizardo, era um amante das
Terras de Barroso que nunca esqueceu, apesar de, ainda muito jovem, ter migrado
para Lisboa. Foi o Fundador e Director da revista A Barrosânia, licenciou-se em
economia, no Instituto Superior de Economia, da Universidade Técnica de Lisboa,
no ano de 1972 e foi um distinto técnico na Área da Administração Pública,
Sector Cooperativo e Privado, e também na Cooperação Internacional, em nome do
Governo de Portugal. No campo literário, publicou vários trabalhos na revista
Exportar, com milhares de exemplares distribuídos na Guiné-Bissau, África do
Sul, países europeus do Comecon, da América Latina, Reino Unido e Rússia. Ainda
no campo das letras, este Barrosão, enquanto Presidente da Direcção da
Cooperativa Voz de Barroso – Edições e Iniciativas Culturais CRL, desde
Fevereiro de 1989, dedicou-se igualmente à criação e edição de uma, também
revista trimestral e à realização de actividades culturais de âmbito
regional,fazendo parte do Conselho Redactorial da revista A Barrosânia,
propriedade da Cooperativa. A nível governamental, foi Director Adjunto da
Direcção de Desenvolvimento de Mercados do ICEP entre 1991 e 1994. Em 1994, por
Despacho Conjunto do Ministro dos Negócios Estrangeiros e do Ministro do
Comércio e Turismo, foi nomeado Conselheiro Comercial e Delegado do ICEP junto
das Embaixadas de Portugal em Cabo Verde e na Costa do Marfim até 2003. Entre 2003
e 2017, exerceu funções na Direcção de Relações Institucionais e Mercados
Externos África Subsariana da AICEP, designadamente como orador em várias
Conferências e Seminários sobre exportações portuguesas para diferentes
mercados internacionais. E recentemente exerceu funções como Consultor na
Câmara de Comércio e Indústria Portugal–República Democrática do Congo. Faleceu
a 1 de Março deste ano, vitima de ataque cardíaco.»
Um exercício de
sociabilidade Barrosã
Além de Pedro Canedo, em
nome da Comissão organizadora falaram: António Chaves; uma Irmã do Homenageado,
que veio expressamente do Canadá; a artista plástica Adriana, autora do Retrato
de Felizardo Gonçalves, adquirido pela autarquia para ficar no espólio da Casa
onde Felizardo viveu, em Carvalhais; e a responsável da Biblioteca Municipal,
Gorete Afonso, que leu algumas mensagens e um magnífico Soneto da autoria de
Custódio Montes, Juiz Conselheiro e Poeta, natural de Parafita. É de assinalar
que também marcou presença a Presidente da Direção da Academia de Letras de
Trás-os-Montes, Maria da Assunção Anes Morais.
Não conheci pessoalmente
o Felizardo Gonçalves, nem seu primo Alzarino Gonçalves. Mas fui acompanhando o
percurso intelectual de ambos. Quando soube, pelo António Chaves, que iriam
prestar-lhes uma homenagem, o Pedro Canedo teve a gentileza de me remeter
elementos elucidativos sobre o programa e as pessoas presentes. Tive o gosto de
partilhar essa presença. Fiquei positivamente bem impressionado com tanta gente
e tantas e tão variadas representações, desde Presidentes de Junta, a figuras
nacionais, vindas de Lisboa e do estrangeiro. Aplaudi todas as intervenções.
Revi-me nelas. Um soneto belíssimo, que mais parece um epitáfio celestial, da
lavra do Juiz Conselheiro Custódio Montes. Uma narrativa biográfica da Drª
Judite Gonçalves, natural de Vila Nova de Sidrós, que leu a «oração de
sapiência» naquela tarde de sete de Agosto que não mais se apagará na vida das
gerações presentes e futuras. Não fixei o nome da Irmã do homenageado. Mas
deixou um testemunho de muita e solidária emoção.
Quando se aproximam as
eleições autárquicas que vão reacender o divisionismo entre Barrosões, em
previsível linguagem que contrastará, negativamente, com a grande lição de
humanismo e solidariedade que ali se viveu, durante quase duas horas de
unanimismo, era bom que se pensasse nas virtualidades da união e da tolerância
entre os filhos de Barroso. Afinal a vida é tão curta! E viu-se pelos Censos
que o concelho continua a perder população a um ritmo galopante.
Somos uma família que
precisa de entendimento, de reciprocidade e de respeito mútuo. Carvalhais viveu
uma tarde consensual, hospitaleira e cheia de humanismo. Que grande lição de
vida dali saiu. Em nome de um exemplo de vida por amor às nossas origens.
Barroso da Fonte
Nota: As imagens que
ilustram este texto são da autoria do Gabinete de Imprensa do Município de
Montalegre
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