Neste tipo de poesia, Flávio Vara, nascido em Rio Frio (Bragança) é único. Fomos dar com o seu blogue e aqui vão dois doces:
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Assim Se Deputa
Lá está na fila da frente
com seu brinquinho na orelha;
está na bancada rosa,
em vez de estar na vermelha.
Em debate ou discussão
é nhurra até dizer chega,
faccioso compulsivo;
sempre dono da razão
que possui em exclusivo.
Na linguagem que utiliza,
acintoso, ajavardado;
e quando está com a mosca,
é como um perro açulado.
Ele há prà aí alimárias
tão nojentas, tão sectárias
que só de as ver nos écrãs
nos provocam alergia…
Mas que podemos fazer?
Gramá-las e pouco mais;
são dejectos naturais
da nossa democracia.
FONTE: Https://flaviovara.blogspot.com
“Absoluta integridade moral” (*)
Em artigo deste jornal do passado 25 de Abril, escreveu a conspícua jornalista Teresa de Sousa o seguinte:
“À frente do Governo, do Parlamento e da Presidência estão três cidadãos de absoluta integridade moral, que representam a moderação contra o tribalismo e que têm um passado de defesa intransigente da democracia liberal”.
Relativamente à “absoluta integridade moral” do cidadão que está à frente do Governo, permito-me observar: como é amplamente conhecido e comentado, dá-se ao vezo de afastar dos lugares de relevância política e administrativa as personalidades independentes e imparciais, quando a “integridade moral” das mesmas o incomoda, substituindo-as por compinchas, parentes, padrinhos de casamento, colegas de faculdade e outros yes-men, como se o país se reduzisse ao círculo dos seus muchachos e ao seu tribalismo partidário, num modus operandi obsceno e desbragado.
Pergunto, pois: com que óculos e de que cor a jornalista Teresa de Sousa observa a realidade?
* Carta enviada ao jornal "Público" em 28 de Abril último e não publicada.
Não perco tempo a falar de algum lixo tóxico. Prefiro dar os parabéns à veia poética e certeira do Doutor Flávio Vara.
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