Mário Adão Magalhães
Jornalista
Um rapaz termina o 11.º ano e não quer estudar mais.
O pai – Silva, que tem uns amigos na política – telefona a um deles chamado Almeida para arranjar o primeiro emprego ao rapaz.
Três dias depois o amigo Almeida liga-lhe:
– Silva! Já consegui. Assessor de Ministro. Cinco mil euros para começar!
– Nem pensar, Almeida! O rapaz nem acabou o secundário! Assim nunca mais vai querer estudar! Tenta algo mais abaixo.
Dois dias volvidos torna o Almeida:
– Silva! Secretário da Assembleia! Salário modesto. Três mil euros. Está bem assim?!
– Nãooooo, Almeida!!! Algo com um salário menor! Eu quero que o rapaz tenha vontade de voltar a estudar… Vê lá se consegues outra coisa.
– Silva! Não sei se ele vai aceitar… mas consigo lugar de assessor da Câmara que é só 2.500 euros.
– Não, não, Almeida! Ainda é muito. Mesmo assim ele não quereria estudar mais…
– Olha, Silva! Nesse caso a única coisa que garantimos para os filhos dos nossos amigalhaços é alguma vaga tipo assessor de informática ou relações públicas numa empresa pública… Mas aí o salário é muito baixo. Talvez uns dois mil euros por mês e nada mais.
– Almeida! Isso não, por favor! Alguma coisa entre 800 a 1200 euros líquidos! No máximo!
– Isso é demasiado mau, Silva! Coitado do puto…
– Mas… porquê, Almeida?!
– Com esses salários só tenho vagas para professores, enfermeiros, médicos…
E aí tem que ter curso superior, mestrado, doutoramento… Torna-se difícil. Tem
que se estudar muito e ainda ir a concurso público!
Uma maneira inteligente e suscinta de descrever um velho problema do país. Este tipo de compadrios nao sao novos nem sao so de agora. Portugal precisa de evoluir muito neste campo mas os velhos habitos sao como os novos truques que se tenta ensinar a caes velhos...nao se conseguem resultados.
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