No desempenho das funções de Chefe do Estado-Maior da Missão de Paz em
Angola (1995 - 96), desloquei-me a Malanje para dirimir um desaguisado MPLA vs
UNITA numa área daquela zona. Chegado lá e deslocando-me naquela zona para o
local da contenda, deparei-me na estrada com uma placa referindo o ZÉ do
TELHADO.
Tirei uma foto, mas de momento não dei com ela... Ver, no entanto, em anexo, o apontamento recolhido pelo meu Ajunto (na altura o 1º tenente Leão de Seabra, hoje Cap. de Mar e Guerra Ref.). ... Podia, por lá ter ficado/sucumbido - tal como o Zé do Telhado.
JABS
No verso escrevi:
FOTOGRAFIA
HISTÓRICA
Hoje, voamos até
ao Huambo.
Seguimos, sob protecção da ONU, até à ponte sobre o Rio Luximbe, ponte
esta recentemente destruída.
As FAA e a UNITA
acusavam-se mutuamente criando, na região, um clima de enorme tensão.
A ida do
COS/UNAVEM III ao local, teve o propósito de ouvir as partes e mediar este
conflito.
Resultou!!
Três dias depois,
acrescentei:
Tive, hoje,
conhecimento que um militar da UNITA, após a reunião, ao retirar a mesa que
serviu de apoio à mesma e também ao repasto (galinha!), pisou uma mina a poucos
metros desta árvore... e morreu!
Na Foto, da esquerda para a direita:
1TEN FZ - Leão de
Seabra
COR TIR Engenheiro
de Transmissões - Bento Soares
CMG FZ (Brasil) -
José Carlos
Abraço,
Manuel Leão de Seabra
Casa do Charco, R.
3 Concelhos, 1
Bº Sousa Cintra 2950-517 Quinta do Anjo
Tef: 212132347; Tlm: 919941834
História do ZÉ DO TELHADO... Relíquia!
Zé do TelhadoPortuguês que Roubava os Ricos para dar aos Pobres
Ficou conhecido como o
Zé do Telhado e é para muitos o Robin dos Bosques português, já que também
roubava aos ricos para dar aos pobres. Foi líder de uma quadrilha que
distribuía parte do seu saque a quem mais precisava, granjeando assim o
reconhecimento do povo, que ainda hoje o vê como um herói. Ficou conhecido como
um dos mais famosos salteadores do período pós-guerra civil, que colocou
absolutistas e liberais em confronto na primeira metade do séc. XIX.
Nascido José Teixeira
da Silva, em 1818, nasceu na aldeia de Telhado, em Penafiel, local que mais
tarde lhe deu o nome com que ficou para a história. Nasceu numa família pobre e
com parcos recursos. Aprendeu o ofício de castrador e tratador de animais com
um tio, ofício que terá chegado a exercer. Diz-se que também foi negociante de
cavalos.
Decidiu alistar-se nos Lanceiros de
Lisboa, envolvendo-se assim na complicada guerra civil, estando ele do lado dos
absolutistas. Acabou por sair do país após a derrota desta fação, mas voltou
mais tarde ao país, onde se destacou em inúmeros combates, como a Batalha de
Valpaços, onde salvou a vida a Sá da Bandeira, o que lhe valeu a condecoração
com a Ordem Militar da Torre e Espada, Valor, Lealdade e Mérito.
Só após esta condecoração o seu tio
deixou que se casasse com a sua prima, da qual veio a ter cinco filhos. Diz-se
que o seu primeiro crime foi feito porque não tinha como sustentar os filhos, e
que pediu perdão a Deus por o ter cometido.
Acabou por assumir a
liderança de uma quadrilha que foi responsável por vários assaltos no norte de
Portugal, altura em que começa a ser conhecido por Zé do Telhado e em que
conquista a admiração popular.
Numa das surtidas, um dos elementos da
quadrilha mata um criado, sendo a primeira morte causada pelo grupo, algo que
marca profundamente Zé do Telhado. O bando começa a ser procurado com mais
insistência pelas autoridades, e Zé do Telhado acaba por ser preso a bordo de
um navio, quando tentava escapar para o Brasil. Foi levado para a prisão e
aguardava julgamento, pensando que iria receber pena de morte pelos seus
crimes.
Foi na prisão que entrou em cena uma
personagem improvável na vida deste homem: Camilo Castelo Branco,
que tinha sido preso por adultério, e que acaba por lhe salvar a vida,
juntamente com o seu advogado, que o consegue livrar da pena de morte. Zé do
Telhado acabou por ser apenas condenado ao degredo em Angola.
Aqui, Zé do Telhado acaba por
reconstruir a sua vida, ficando na memória do povo por ajudar igualmente os
pobres e por ser uma personagem afável e amiga. Foi na aldeia de Xissa, a uma
centena de quilómetros de Malanje, que veio a falecer, em 1875. Está hoje
sepultado num pequeno mausoléu, nesta mesma aldeia, e a sua memória ainda é
mantida viva pela população.
Zé do Telhado: herói
ou vilão?
O Robin dos Bosques português era mais
temido do que querido nas regiões de Trás-os-Montes e Minho, onde atuava a sua
quadrilha. Aproveitou-se do conservadorismo típico destas regiões para
construir e consolidar o seu grupo, dando-lhe uma estrutura quase mafiosa,
dividida em hierarquias, à semelhança da tropa.
Zé do Telhado era o comandante máximo,
que ditava as ordens. Imediatamente após ele, existiam capatazes da sua
confiança e que era homens bravos e experientes no saque. Abaixo destes estavam
a tropa rasa: homens simples e humildes, muitas vezes recrutados em famílias
pobres e que tinham poucas alternativas a não ser seguir Zé do Telhado. Os
elementos seriam recrutados à medida do necessário, consoante o local e o
tamanho do assalto. Manteve ainda uma vasta rede de informadores de todas as
classes sociais: criadas, padres, pedreiros, fidalgos e agricultores. E até
taberneiros e donos de estalagens, que tinham sempre informações privilegiadas
para lhe dar proporcionadas pelos viajantes. Com base em toda esta estrutura,
Zé do Telhado consegue criar um clima de terror em algumas localidades no Norte
de Portugal.
A fama que dele perdura é, no entanto, a
de ser o Robin dos Bosques português. Talvez isto tenha acontecido pela forma
como Camilo Castelo Branco romanceou a sua imagem. Ou talvez, apesar de todos
os roubos cometidos, Zé do Telhado tivesse mesmo um coração bom e ajudasse quem
mais precisava. A verdade é que nunca saberemos muito bem como tudo aconteceu.
Resta apenas a lenda!
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