segunda-feira, 5 de abril de 2021

O 25 de Abril. Onde e como eu o Vivi e os autores da tragédia (2)

 http://tempocaminhado.blogspot.com/2021/04/o-25-de-abril-onde-e-como-eu-o-vivi-1.html

Reflexoes JBM_ABRILc_2021 

 

J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Univ do Minho

 

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses -Intersindical Nacional, que sempre foi e é comandada pelo PCP, mandava os militantes pôr faixas de pano nos autocarros, (e carros eléctricos em Lisboa e Porto) e nos autocarros intercidades, dizendo “Nacionalizado. Agora é Nosso: do Povo”. Tudo isto acontecia porque, ontem, como hoje, os governantes nada sabem, nem querem saber de “FINANÇAS, MOEDA e CRÉDITO”. Esta “bagunça” continuou até, que em 1977 (num dos “reinados”) de Mário Soares, ele, “sentiu” que a “bagunça” não podia continuar, pois, as pessoas aflitas com salários que nunca cobriam as despesas que aumentavam sem sessar, derrubariam, com uma “Contra-Revolução”, o Governo corrente, qualquer que ele fosse. Para resolver esse grave problema, alguém aconselhou Mário Soares a pedir, em nome do Governo Português, a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE). A entrada de Portugal na (CEE), em 1986, resultou de vários anos de difíceis negociações com os restantes parceiros, (de 28 de Março de 1977 a 1 de Janeiro de 1986.)

Logo, no período pré-adesão à UE, em Portugal, até 1985, a clivagem pró e anti-Europa coincidiu completamente, ao nível dos partidos, com a clivagem pró e antidemocracia pluralista.

O PCP apesar de ver que e expulsão do dirigentes dos bancos tinha levado a uma inflação “galopante” que tinha arruinado principalmente os mais pobres, continuou a ser totalmente contra a adesão de Portugal à UE que afinal foi a salvação. Com efeito, as dificuldades económicas causavam grande instabilidade política. A adesão à UE permitiu consolidar a democracia portuguesa. A estabilidade do sistema partidário, assim como a estabilidade governamental, são a tónica dominante da vida política portuguesa desde 1987.

Em segundo lugar, os benefícios decorrentes da integração funcionaram como "alavanca do desenvolvimento económico", o que permitiu a redução da taxa de inflacção dos e altos níveis que tinha e a melhoria das condições de vida dos portugueses.

Note-se que alavanca do desenvolvimento económico foi também o regresso ao País de banqueiros que se tinham refugiado em Espanha, França, Suíça, etc..

Esses regressos, quer se diga quer não, foram potenciados por Aníbal Cavaco Silva então Primeiro-Ministro de Portugal. Vale a pena referir alguns:

Jorge Manuel Jardim Gonçalves que fundou o Banco Comercial Português (BCP) ainda hoje existente, regressou a Portugal em 1977, depois de ser nomeado para o Conselho de Gestão do Banco Português do Atlântico, a convite do então Ministro das Finanças, Henrique Medina Carreira, e na sequência também do apelo feito por Ramalho Eanes, então Presidente da República. Em 1979 é nomeado presidente do Conselho de Administração do Banco Português do Atlântico e do Banco Comercial de Macau.

António Champalimaud

António de Sommer Champalimaud foi um empresário português. Figura mítica e incontornável na história económica do século XX português, citado muitas vezes como o homem mais rico do país,

Aos 24 anos, tomou posse como administrador da Empresa de Cimentos de Leiria, companhia fundada pelo seu tio materno Henrique de Sommer e por Gastão de Benjamim Pinto. O tio Henrique viria a falecer em 1944, deixando-lhe grande parte dos seus bens. O jovem empresário dinamizou a exportação de vinho do Douro e lançou os primeiros projectos de urbanização na Quinta da Marinha, em Cascais, segundo os planos encomendados na década de 1920 pelo seu pai. Os materiais de construção, o imobiliário e a exportação de vinhos eram os seus três negócios-chave.

Ainda no ramo da produção cimenteira, socorreu-se de empréstimos da Casa Bancária José Henriques Totta, gerida pelo seu sogro, D. Manuel de Melo e adquiriu a Cimentos Tejo e a Companhia de Carvões e Cimentos do Cabo Mondego. A Cimentos Tejo, que era propriedade da Empresa de Cimentos de Leiria desde 1934, viria a estrear o maior forno de cimento do mundo, em 1960. Em Angola, fundou a Companhia de Cimentos de Angola e mandou construir a Fábrica de Nova Maceira, no Dondo, em 1951, a Fábrica do Lobito, em 1952, e a Fábrica de Nacala (Moçambique), em 1963. De seguida, em Moçambique, comprou a Fábrica de Cimentos Portland da Matola (LMarques).

Eu conheci pessoalmente António Champalimaud no acto de inauguração da Fábrica de Cimentos de Nacala. Casualmente eu estava em Nacala nessa data onde tinha ido em serviço do LEMMS, mais tarde e hoje designado por Laboratório de Engenharia de Moçambique (LEM) no âmbito de problemas surgidos na construção do Muro Cais do Porto de Nacala. Fiquei muito bem impressionado com o discurso de Champalimaud todo ele em louvor do Geólogo ali presente, o qual tinha, de forma incansável, calcorreado uma área rochosa das redondezas de muitos hectares para encontrar rocha apropriada em termos de qualidade e quantidade para alimentar o futuro forno dessa fábrica.

Em 1952, as empresas de Champalimaud juntam-se ao Grupo CUF, reforçando a posição quase monopolista desta empresa na indústria portuguesa.

CUF (Companhia União Fabril).

 A CUF surgiu em 1865, com o objectivo de produção de sabões e óleos vegetais. Em pouco mais de 100 anos até 1974 (pelo 25 de Abril, a empresa passou para empresa do Estado), tornou-se num império: detinha empresas nos mais variados sectores, como: o Banco Totta & Açores, no sector da banca; a Companhia de Seguros Império, no sector dos seguros; a União Fabril do Azoto, no sector químico; a Compal, no sector alimentar; a Efacec, no sector eléctrico; a Sonap (que deu origem à Galp de hoje), no sector dos combustíveis; a Celbi, no sector do papel; a Tabaqueira, no sector do tabaco; a Lisnave, no sector naval; ou a Companhia Nacional de Navegação, no sector dos transportes marítimos. Os nomes que referi, não devem chegar a 1% do total de empresas do grupo. Para os leitores terem noção da grandeza deste império, ele chegou a dar emprego a mais de 100 mil pessoas, só em solo nacional.

No início do século XX, ainda sem dar passos para um império multidisciplinar, a CUF, para além de Lisboa, também tinha fábricas no Barreiro, Soure, Canas de Senhorim, Mirandela e Alferrarede. A relação da CUF com Alferrarede começou com a compra de uma fábrica de azeite que ali existia. A CUF continuou com a extracção de azeite, para mais tarde instalar ali a União Fabril do Azoto, ligada ao sector químico, talvez a face mais conhecida da fábrica de Alferrarede, tanto que ainda hoje é mais conhecida como Quimigal, penso que será uma derivação da União Fabril do Azoto, mais do que como CUF.

Bairro Operário da CUF no Barreiro

Um ponto muito interessante na estratégia e linha de pensamento empresarial da CUF, era o bem estar dos seus funcionários. Penso que não era um feito em exclusivo da CUF; era uma linha muito marcante na época, mesmo a Metalúrgica Duarte Ferreira, de uma dimensão diferente, seguia essa “condigna conduta”. 

Exista uma espécie de protecção por parte da empresa, e, mais do fazer parte de uma empresa, seria fazer parte de uma família. Portanto, mais do que a simples instalação da fábrica da empresa em Alferrarede, construíram-se bairros, escolas e espaços de lazer. O clube de futebol, “Os Dragões de Alferrarede” era apoiado pela empresa (o campo ainda hoje tem o nome de CUF), e em outras localidades associadas à CUF, até hospitais se construíram para servir os trabalhadores. Portanto, pertencer aos quadros da empresa, seria muito mais do receber um ordenado no final do mês. Quando acima referi que além do legado edificado, existia um marcante legado cultural, era disto que estava falar. O bairro da CUF ainda hoje existe, com vista para as antigas instalações da fábrica. Os nomes das ruas do bairro são: Azoto, Amoníaco e Hidrogénio. Também existia nos terrenos entre um bairro e a fábrica, aquilo que penso que terá sido um imenso espaço de lazer. Pelo menos, duas piscinas tinha. Hoje consumidas pela natureza. Ao passar, nos dias de hoje pelas ruas do bairro, é sempre fazer uma viagem no tempo. Quase como recuar 100 anos atrás e imaginar como seria. Não com espirito saudosista tipicamente português “naquele tempo é que era bom”, mas mais ao estilo de orgulho no passado da nossa terra. Imaginam-se os trabalhadores a caminhar para a fábrica, os seus filhos a caminhar para a escola, que fica na rua em frente ao bairro, e todos juntos, ao fim de semana, irem ver o futebol ao campo da CUF, também bem pertinho dali. Sempre ouvi falar dos grandes jogadores que passaram por ali. Muitos trabalhavam nas fábricas do Barreiro e Lisboa, e jogavam no clube original da CUF, um dos mais fortes de Portugal nos meados do século XX, chegaram a jogar nas competições europeias e até o poderoso Milão veio jogar contra a CUF ao Barreiro. Na fase final da carreira, mas com uma qualidade acima da média, faziam a viagem do clube do Barreiro, para os “Dragões de Alferrarede”. Depois ficavam a trabalhar na fábrica. Talvez ainda hoje existiam famílias de ex-jogadores por ali.

Não se encontrou uma data em específica para o fecho da fábrica de Alferrarede. Assume-se que, com a nacionalização da empresa em 1974, e com toda uma mudança do grupo, pouco mais durou depois dessa data. Nos dias de hoje, o bairro ainda existe, assim com o edifício da escola, embora sem qualquer utilização prática. Uma parte das instalações da fábrica foi adquirida pelo município de Abrantes, para instalar aí um parque tecnológico, ligado à inovação e investigação. Hoje estão aí sediados, oTagus Valley ou as salas de aula da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, entre outras empresas que lá exploraram os seus mundos. Pensa-se que é uma bonita adaptação dos tempos, que honra o seu passado marcante e também inventivo. A estação de comboios de Alferrarede, divide as instalações da fábrica. No passado era fácil de perceber a sua utilização e ainda hoje são visíveis os carris a ligar a estação a pavilhões e sectores da fábrica. Assim, a estação divide o espaço público e privado daquilo que foi a fábrica da CUF em Alferrarede.

Hoje, os grupos José de Mello Saúde, gerem as unidades de saúde CUF, e Luz em Lisboa, e no Porto Hospital da CUF e Instituto da CUF. As suas raízes remontam a 1945 e José de Mello é da Família de António Champalimaud

Os grupos José de Mello Saúde, têm mais de uma dezena de hospitais e clínicas não só em Lisboa e Porto mas em várias cidades do País. Os serviços de saúde são todos muito bem organizados: o corpo clínico é dos melhores e os equipamentos são sempre os mais novos e de melhor qualidade. Naturalmente, que isso tem a ver com o Lema de António Champalimaud: “Construir e Fazer o melhor”. Neste sentido António Champalimaud construiu a “Fundação Champalimaud.

A Fundação Champalimaud, formalmente Fundação Anna de Sommer Champalimaud e Dr. Carlos Montez Champalimaud, é uma fundação portuguesa, sem fins lucrativos, com a finalidade de desenvolver actividades de pesquisa científica no campo da medicina.

A Fundação Champalimaud é uma referência nacional e internacional na área de oncologia.

A Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho. A Escola de Medicina, que partilha o edifício com o Instituto das Ciências da Vida e da Saúde, tem relações com a Fundação Champalimaud.

(Continua)


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