– "Se um paciente tem de
assinar um termo de responsabilidade para se sujeitar a determinados
procedimentos clínicos, porque não exigir declaração semelhante aos atestadores
da 'segurança e eficácia' da AZ ou de produto similar?"
por César
Príncipe
A Tomada da Vacina não se deve traduzir num expediente
de "coacção e chantagem". Os reparos partem da Sociedade Portuguesa
de Pneumologia. O Estado Português, desde há décadas bom aluno nas disciplinas
comunitárias, frequentemente lesivas do orçamento e da soberania nacionais,
persiste em seguir os roteiros dos que capturaram a Agremiação dos 27. Nesta
linha de subserviência extraterritorial e de intimidação doméstica, a DGS
notificou as Unidades do SNS de que os utentes que não aceitem ser picados,
neste caso, pela AZ, serão remetidos para a cauda da fila e quando a fila
estiver a finar, aos renitentes caberão as sobras – e quem sabe – poderá
sair-lhes outra vez a raspadinha AstraZeneca ou a Simplex Jonhson &
Jonhson, esta vocacionada para clientes do Terceiro Mundo. Num cenário mais
deprimente, restará aos deserdados da peste o recurso ao álcool de postigo.
Realmente, após o europânico se haver instalado, devido a séries de trombos e
desacertos científicos e políticos que obrigaram mais de vinte países a fazer
pausas na administração da AZ, ao fim de alguns dias de meditação
transcendental, por encanto, desvaneceram-se as preocupações maiores,
metamorfoseando-se os sinais de risco e as reacções adversas em líquidas
garantias de "segurança e eficácia". E ai de quem aponte o dedo à
Europa das Farmacêuticas: apenas os decisores reais ou formais (que
gozaram e gozam do privilégio de mudar de opinião e critério no decorrer da
pandemia, a começar pelo uso da máscara, nos primeiros meses das etiquetas
sanitárias considerada de mero efeito "psicológico" e
"esteticamente" nada "fashion") – só eles e a sua corte de
avançados ou avençados têm direito ao cepticismo, à relutância, à cautelar
"dúvida metódica". Só eles ou quem lhes presta serviços de propaganda
médica está por dentro dos sortilégios das mezinhas da "Europa
Connosco".
Espantem-se os leigos: entre tantos sapientes e confidentes dos
laboratórios, há médicos que mais parecem executivos partidários e governantes
que mais parecem médicos (só lhes falta a bata branca). E cientistas são aos
molhos e às rodadas. Tirando certos espíritos sabedores e prudenciais, une-os
um denominador: mantiveram-se quedos e de boca arrolhada ante o
pré-enchimento dos papos das farmacêuticas com centenas de milhões de fundos
perdidos para investigação acelerada e depois com centenas de milhões
despejados na compra das vacinas antes da sua entrega e até antes da aprovação
da Agência Reguladora. A tal AEM, gestora de conveniência. E agora, docilmente
caídos nos braços das farmopotências, são estas que planeiam as campanhas de
vaci(nação) ao ritmo das suas estratégias fabris, distribuidoras, mercantis,
concorrenciais. E para cúmulo da voracidade e do quero, posso e mando,
reservaram o "big-business" ou "el dorado" das patentes.
Nem o Irascível ministro das Necessidades assume uma palavra impertinente nesta
questão de vida e de morte. Limita-se a reafirmar que somos discípulos e que
não "trairemos" as instâncias escolares bruxelenses, que estão
repletas de traidores e trânsfugas. E, por outro lado, não se vá a Inglaterra
ofender e boicotar o turismo no Reino dos Allgarves.
Enfim, apanhados na ratoeira que montaram, os governantes e os seus mediáticos
próximos servem-se de esquemas de desenrascanço, desde esticar calendários de
aplicação das doses, contrariando os parâmetros dos testes e provavelmente
empobrecendo as virtualidades da segunda leva e ameaçando os que suspeitam da
inoculação anglo-sueca e de seus indultos e enaltecimentos de última hora. E
assim um frasquinho de botica se transformou em Bazucastra. Eis a
"guerra" das picas. As autoridades nativas prometem resiliência
contra os que ousem desrespeitar a Lei & a Ordem das Indústrias Corona.
Antes da Economia sentir o alento da bazuca, a saúde está debaixo de fogo. É a
"guerra". É "a guerra". Tome já a sua AZ:
"rapidamente e em força". Isto vai à bazucada. Afinal, a
"guerra" é logicamente vírica e inesperadamente cívica.
Uma pergunta aguarda interlocutor: se um paciente tem de assinar um
termo de responsabilidade para se sujeitar a determinados procedimentos
clínicos, porque não exigir declaração semelhante aos atestadores da
"segurança e eficácia" da AZ ou de produto similar? De qualquer modo,
o Ultimato da DGS é um flagrante exemplo de fadiga comunicativa, de autoritarismo
burocrático e de incompreensão da outra parte a ter em conta, isto é, em máxima
consideração: o povo português. As autoridades devem direccionar o
nervosismo, os ralhetes e as reguadas para os fabricantes das vacinas e para os
comissários ou comissionistas da UE. O povo português já repagou as encomendas
às multinacionais e suportou os reiterados incumprimentos destas Senhoras
Absolutas, já aguentou a acidentada aprendizagem do processo de combate à
pandemia e há um ano que sobrevive a doses maciças de morbidez televisiva, onde
pululam e predominam os virais. E nem sequer, aos fins-de-semana, as estações
abrandam a dramatização do "19". O que nos compensa é que, nos
domingos e dias santos, nos põem a ler os veneráveis clássicos da I Liga e, pelas
tardes, os pimbas e as suas dançarinas consolam os condenados ao sofá.
21/Março/2021
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