terça-feira, 2 de março de 2021

Nunca tantos souberam tão pouco

 

Por  BARROSO  da  FONTE

Também publicado n'A Voz de Trás-os-Montes na edição de 25 de Fevereiro.


Em tanto tempo seguido e, envolvendo toda a população mundial, nunca todas as comunidades científicas, souberam tão pouco, para o muito que existiu e, continua a existir, acerca das normas a seguir para evitar tantos mortos, tantos infetados e tantos problemas para Humanidade.

É óbvio que uma pandemia com as caraterísticas da Covid-19 nunca terá acontecido. Houve várias do género. E esta coincidiu com o I século da Gripe Espanhola.

Enviado por colaborador do blogue
Mas só a visão fotográfica permite imaginar a gravidade e a dimensão da doença. Pouco mais se terá sabido com a medicação, apesar da evolução técnica, quer em meios específicos quer humanos.

Não será correto culpar o poder político pelos atrasos científicos, porque a eficácia implicou testes de longa duração.

Mas já não deverá desculpabilizar imposições e normas cívicas que requerem coerência, senso, justiça e pluralidade.

Um exemplo claríssimo deu-se com a proibição da venda de livros nas livrarias.

No dia 14 de Janeiro, a Lusa distribuiu uma notícia na qual se afirmava: «Supermercados não vão poder vender livros, roupa nem objetos de decoração».

O jornal Público de 5 de Fevereiro escreveu: «Hipermercados e Fnac podem vender discos, mas não livros – embora vendam alguns».

O Diário de Notícias de16/2/2021 adianta que «Livrarias que só vendam livros são as únicas que não podem abrir».

A verdade é que, a seguir a estas decisões do governo, chegou uma outra resolução do poder político que tomou uma interpretação que baralhou a opinião pública e chegou a exigir esclarecimentos do PR e do Primeiro ministro. Esta última decisão transferia a venda de livros para os Supermercados e grandes superfícies, proibindo as livrarias de vender aquilo que dá nome às empresas próprias desse produto.

Esta resolução veio perturbar a opinião pública que baralhou e entristeceu os livreiros, favorecendo os supermercados, estes sim, favorecidos com tudo o que dá lucro e que é, obviamente, uma decisão injusta, insensata e incompreensível.

O governo de António Costa habituou-se a exaltar tudo «como altamente positivo», quando ainda lemos e ouvimos que Portugal foi, durante semanas, o mais mortífero do mundo.

Um primeiro ministro que aprova e impõe coimas às livrarias que só vendam livros, encerrando-as quando deveriam estar abertas, como exceção, para promover a cultura, demonstra que não tem hábitos de leitura, que protege os fortes contra os fracos e que deixou cair a máscara do vazio cultural.                      

2 comentários:

  1. Subscrevo o texto comedido do Doutor Barroso da Fonte, porque não há palavras para condenar esta atitude do senhor Costa. A cultura que este governo tem é a cultura da propaganda e doentia, para enganar fiéis seguidores. Dói viver num Portugal em que se defende os grandes e poderosos abandonando os pobres e necessitados. O Presidente da República não devia ter assinado o decreto sem obrigar a corrigir o tiro zarolho deste governo da propaganda e do engana tolos. É, a meu ver, ilegítimo e criminoso abandonar os nossos milhares de agentes culturais que dia-a-dia vão mantendo a cultura do Portugal rural, em detrimento dos grandes interesses editoriais que pouco ou nada nos dizem aos que amamos o país profundo. Parabéns ao Doutor Barroso da Fonte pelo texto que acima se acaba de ler.

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  2. O PM até é bem esperto !! -Quanto mais burros os Portugueses forem, menos se gasta da "basuca...!" - Quem parte e reparte e num fica com a melhor parte, ou é burro ou não tem arte...
    Ora até temos um bom PM no que diga respeito a números. O Português nunca está contente...

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