terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Vila Real: estaleiro para cidade do futuro


Leio no JN de 5 do corrente que «Vila Real é hoje um estaleiro para amanhã ser cidade do futuro».

 

Essa notícia, assinada por Eduardo Pinto , é ilustrada por várias fotos que mostram ao leitor uma grande avenida, muito empedrada e com pouco espaço para as árvores que no verão se saúdam para a sombra que também faz falta. Rui Santos que se pronuncia nesse relato, e que é um autarca influente, afirma que «se está a adaptar a cidade ao futuro sem deixar ninguém para trás, com mais e melhor espaço para as pessoas». O autarca-mor diz ainda que a Avenida Carvalho Araújo vai ficar irreconhecível e só terá uma via para o trânsito. José Afonso Baião que assiste ao diálogo tem dúvidas, só uma via, mas adianta que logo se verá.


Fica-se a saber que o valor ali gasto é de 20 milhões de euros, o que está em curso. Mas que este ano ainda vai ser aprovado o complexo das piscinas, com mais dez milhões.

Não nasci nessa cidade, mas vivi nela, exatamente, dez anos e fiquei com ela – e sobretudo com a Avenida Carvalho Araújo – na minha retina.

No ouvido fiquei, pela vida fora, com a letra e a música (quase eterna) do Padre Minhava que tanto me ensinou do pouco que ainda sei.

Abordo nesta crónica quinzenal esta alusão urbana à capital do distrito de Vila Real, saudando a evolução ambiental e a modernização que começa a ver-se. Paralelamente há uma acentuada perda de população: pelo censo de 198, a diocese tinha 264 mil habitantes. Em 1991 tinha descido para 236 mil. Em 2011 já estava em 213 mil. E o próximo censo que será feito neste ano rondará os 200 mil.

O encerramento do Seminário empobreceu a capital transmontana. Do mesmo modo, a Escola do Magistério; a extinção da linha férrea e serviços que fixavam pessoas.

Sabe-se que foi o Papa Pio XI que criou a Diocese de Vila Real, através da bula Apostólica Praedecessorum Nostrarum sollicitudo de 20 de abril de 1922. «Inicialmente, a diocese ficava com 256 paróquias, retiradas: 166 à Diocese de Braga, 19 a Bragança e 71 a Lamego. A mesma bula constituía a cidade de Vila Real como sede e cátedra episcopal com todos os direitos, privilégios, honras, insígnias e privilégios que competem por direito e por legítimo costume às restantes catedrais».

Quer dizer que daqui a um ano, sensivelmente, fará um século a diocese que tem sede e competências exclusivas de Vila Real.

Será que a cidade está a modernizar-se para celebrar esse século? Como vão os antigos alunos que passaram pelo Seminário manifestar a sua gratidão?

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  Jorge Lage, Noticias de Mirandela