sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Imprensa portuguesa censurou eleição de Kaja Kallas

 

Esta é a nova Primeira-Ministra da Estónia. A Comunicação Social portuguesa nada noticiou . . .

Tomou posse como Primeira-Ministra daquele país báltico da União Europeia há uma semana (14 de Janeiro, 2021) mas por cá não se deu pela notícia. Nem tão pouco foi falada nas redes sociais ou nos novos movimentos feministas burgueses da nossa capital. O que é estranho (ou talvez não).

Afinal Kaja Kallas tem 43 anos, é uma mulher emancipada, jovem, moderna, casada pela segunda vez depois de se ter anteriormente divorciado, e tendo uma família moderna reconstituída como milhões de famílias assim pela Europa fora: tem uma vida profissional (que começou como advogada no sector privado) e que concilia com um casamento, um filho e dois enteados pequenos. E é uma mulher progressista nos costumes e de mente aberta e sã.

Porquê então este silêncio quando noutros casos (como no caso da jovem Primeira-Ministra finlandesa, ou no caso da jovem Primeira-Ministra neozelandesa) o tom foi sempre de encantamento, de júbilo laudatório, e de de saudação de um novo e glorioso tempo de novas mulheres na política que tornariam o feminismo uma causa irresistível?

Porquê então este silencio acanhado sobre o sucesso político desta mulher jovem igualmente tão representativa dos novos tempos de progresso humano?

A razão é óbvia: Kaja Kallas não é de esquerda. E a Estónia é um país profundamente anti-marxista e anti-comunista, muito traumatizado por 50 anos de brutal ocupação soviética.

Kaja Kallas representa bem esse sentimento: é a líder do ER (Partido Reformista estónio), um partido liberal membro da Internacional Liberal e filiado no partido europeu da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa.

E tem uma história pessoal impressiva: é a filha de um antigo Primeiro-Ministro (Siim Kallas) que fundou o seu partido e que foi um dos líderes da causa independentista  do seu país contra a antiga URSS e que foi depois o primeiro Comissário do seu país na União Europeia. É descendente de uma família de resistentes: a sua mãe tinha apenas seis meses quando foi deportada conjuntamente com a sua avó e a sua bisavó num vagão de gado para a Sibéria no tempo das grandes deportações dos estónios promovida pelo regime de Estaline. O seu avô materno foi um dos fundadores da República da Estónia após o fim do Império Russo czarista. E foi o primeiro chefe da polícia nacional da Estónia entre 1918 e 1919.

Por isso esta mulher sente bem o que é a História. E compreende bem a ameaça de regimes como o de Putin. E por isso valoriza tanto a liberdade. E é tão firme da defesa da União Europeia e da NATO.

Tinha ganho as eleições em Março de 2019 mas viu-se na altura impedida de governar por causa da formação de uma geringonça à direita no Parlamento. Remeteu-se à oposição. Liberal e democrática. Entretanto o governo chefiado pelo seu rival caiu minado por um escândalo de corrupção e por acusações de incompetência.

Foi para ela que os seus rivais se viraram agora, aceitando-a agora como líder do governo, no desespero de tentarem evitar umas eleições onde seriam certamente fustigados.

Kaja Kallas chegou assim à chefia do governo do seu país: persistente, e depois de ter dobrado os seus adversários.

Em todo o lado esta é uma história motivadora. Menos no país acanhado e canhestro das Capazes tugas e das burocratas do batom vermelho. Porque aqui só há alguma verdade a que temos direito. Não a toda.”

Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=DELJtJ6Ejco


Enviado por colaborador deste blogue

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