Igreja de São Salvador de Ansiães

Tímpano do portal principal da Igreja românica de São Salvador de Ansiães

Por Jorge Lage - Noticias de Mirandela

É dever divulgar-se o que de mais valioso há no concelho e região. Mirandela, até no tempo do bairrismo exacerbado, sempre se deu bem com as vilas e cidades que a rodeiam, não se podendo dizer o mesmo de Bragança. Por isso, os concelhos limítrofes eram e são a continuidade do seu território. Assim, achei por bem divulgar um trabalho de investigação de Armando Palavras, freixenista e doutorado em História de Arte que foi publicado na «Revista 9 Séculos – Revista da Lusofonia» de Barroso da Fonte e da qual já demos conta. Armando Palavras, com o título «A “Arte condal” espelhada no românico rural», desenvolve um profundo artigo, bem alavancado em documentação bibliográfica, da «Contextualização» da arte românica dos séc. IX a XII, a «Arte», «O Românico Rural» com os «temas», «ciclos de vícios e virtudes» a imagem do «homem», a «Natureza» e «a escultura devocional». 

Castelo de Ansiães com a igreja românica de São Salvador de Ansiães em primeiro plano.

Entre os vários monumentos do «Românico Rural» surge no ponto IV a igreja de «São Salvador de Ansiães», sita no Largo do Castelo: «São Salvador de Ansiães (Carrazeda de Ansiães) é uma das mais expressivas igrejas românicas. Foi construída cerca de 1200 por mestres desconhecidos. É um caso de rara coerência arquitectónica e de precisão iconográfica, sem grande influência dos grandes centros artísticos. Em termos estruturais destaca-se pela sua simplicidade e na sua edificação talvez tivessem estado envolvidos canteiros da Galiza. Mas poderá ter sido sujeita a campanhas provenientes de Braga, Rates, Bravães e Travanca.

O portal principal é o seu elemento mais original, em cujo tímpano sobressai a figura de Cristo em Majestade, entronizado com o livro na mão esquerda, abençoando com a mão direita, rodeado pelos símbolos dos evangelistas (Tetramorfo). Dentro desta tipologia o programa de Ansiães que foi estudado por Pedro Vitorino, Jorge Rodrigues e Paulo A. Fernandes é, talvez, o mais completo de todo o românico português, embora tenha sido lavrado por canteiros sem formação erudita.»