DANIEL BASTOS – Bom
Dia Luxemburgo
Escritor e professor,
Fafe
A Guerra Colonial
(1961-1974), época de confrontos bélicos entre as Forças Armadas Portuguesas e
os Movimentos de Libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola,
Guiné-Bissau e Moçambique, representa um dos acontecimentos mais marcantes da
história nacional e africana de expressão portuguesa do séc. XX.
Conflito bélico
dramático, trágico e traumatizante para mais de um milhão de portugueses, que
prestaram serviço militar nas três frentes de combate, onde tombaram cerca de
8.300 soldados, assim como para as populações angolanas, guineenses e
moçambicanas, cujo número total de vítimas, entre guerrilheiros e civis, terá sido
superior a 100 mil mortos.
A densidade vivencial e o
impacto da também conhecida como Guerra do Ultramar na sociedade portuguesa têm
sustentado ao longo das últimas décadas a inauguração no território nacional de
inúmeros monumentos de homenagem aos militares mortos, e que rondam já cerca de
três centenas.
No cômputo da lista de
monumentos alusivos aos combatentes da Guerra Colonial, que se encontram
assinalados pela Liga dos Combatentes (LC) no livro “Monumentos Aos Combatentes
da Grande Guerra e do Ultramar”, grande parte deles construídos no séc. XXI, e
que segundo tenente-general Chito Rodrigues, Presidente da LC, são “a expressão
de um sentimento profundo nacional acerca do que foi a guerra colonial e dos
sacrifícios que o povo português fez nesse conflito”, destaca-se ainda a
existência de três monumentos construídos no seio das comunidades portugueses
no Canadá e nos Estados Unidos.
No Canadá, onde se estima
que na atualidade vivam mais de meio milhão de luso-canadianos, o primeiro
monumento a ser erigido em memória dos combatentes que tombaram na guerra do
Ultramar foi inaugurado em 2009, na cidade de Winnipeg, capital da província de
Manitoba.
Projetado pelo arquiteto
português Varandas dos Santos, o memorial impulsionando pela Associação
Portuguesa de Veteranos de Guerra de Manitoba e Núcleo da Liga dos Combatentes
de Portugal em Winnipeg, e concretizado com o apoio da Província de Manitoba,
da Liga dos Combatentes, da Comunidade Luso-Canadiana, da Associação Portuguesa
de Manitoba e da Chapel Lawn Memorial Gardens, invoca os militares do passado,
presente e futuro.
Em 2012, a cidade de
Oakville, junto a Toronto, capital da província de Ontário onde se estima que
vivam mais de 20 mil antigos combatentes da Guerra do Ultramar, assistiu à
inauguração, no cemitério Glen Oak Memorial Garden, de uma estátua em homenagem
aos militares portugueses e canadianos mortos em situações de guerra.
O monumento, concebido em
conjunto pelo arquiteto Varandas dos Santos e pelo comendador José Mário
Coelho, e impelido pela Associação dos Ex-combatentes do Ultramar Português no
Ontário, foi instalado no talhão denominado “Nossa Senhora de Fátima”. O
monumento, que contou com apoios financeiros da Secretaria de Estado das
Comunidades Portuguesas e da Liga de Combatentes de Portugal, sobressai pela
existência de vários elementos, dos quais se destacam uma Cruz de Cristo e um
capacete de um soldado, tendo ainda a inscrição: “Sacrificados em vida,
respeitados na morte”.
Ainda na América do
Norte, mas já nos Estados Unidos, mais concretamente em Lowell, cidade do
condado de Middlesex em Massachusetts, estado que alberga uma grande comunidade
luso-americana de origem açoriana, foi inaugurado em 2000 um monumento em
memória dos falecidos e ex-combatentes do ultramar português e dos
participantes da Revolução de 25 de Abril de 1974. Impulsionado pela numerosa
comunidade luso-americana, com especial destaque para Dimas Espínola, uma
referência no mundo comunitário luso de Lowell, o monumento teve o apoio resoluto,
entre outros, do Portuguese American Center, do Portuguese American Civic
League e da Associação de Veteranos de Lowell.
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