segunda-feira, 6 de julho de 2020

Reflexões JBM « “Saber Ler a História dos Povos “ - 4 (História da Nigéria)




J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho


Braga, Julho_20
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Alentejo: Vasco da Gama, a imagem do litoral Alentejano (c/som ...A costa atlântica da Nigéria foi “descoberta” por Vasco da Gama em 1472. A Arqueologia mostra que já havia pessoas a viver na Nigéria há 100.000 anos. Um esqueleto humano fossilizado mostra que havia habitantes na Nigéria há 13.000 anos. Uma canoa fossilizada em Dufuna mostra que há 8.00 a 8.500 anos já havia humano a atravessarem o  Lake Mega Chad”.          
Escavações arqueológicas mostram que de 1500 AC até 200DC existiu na Nigéria uma “civilização” dita Nok, que vivia da agricultura e deixou esculturas de humanos em “terracotta”. Também mostram que os humanos desse período já´sabiam fundir o ferro fazer peças de ferro e de bronze.
Do século 9º ao séeculo 19º a Nigéria esteve dividida em vários “Reinos” cada com o seu Rei ou Rainha e povos com várias culturas naturais e religiosas. Existiam fortes relações comerciais com os países vizinhos (Mali, etc.) feito com caravanas que atravessam o deserto Sahara. Desse modo chegou o Islão à Nigéria. Construíram famosas mesquitas e escolas em Kano e Katsina, Por 1100 já havia forte influência na Nigéria do “Mundo Muçulmano”. Os Cristãos só chegaram à Nigéria no século XL (15º) com monges Agostinianos e Capuchinos de Portugal. Clérigos idos do Mali converteram ao Islamismo uma dinastia de reis da região de Kano e seus súbditos. Esses Clérigos islamitas constituíam uma elite educada o que fez deles figuras indispensáveis para os Reis Hausa como consultores do governo, Professores e Juízes Islâmicos. Daí que monges Agostinianos e Capuchinos de Portugal tivessem uma tarefa quase impossível para difundir a fé Cristã.    
A Nigéria continua a ser uma “constelação de povos com religiões variadas, mas sempre dominadas pelos Islamitas que desde há umas dezenas de anos têm clérigos radicais “fabricados” por profs. religiosos Whabitas  na Faculdade de Teologia da Arábia Saudita e financiados pelo Rei Saudita para difundirem a Fé radical  Whabita em todo o Mundo.  
As população têm uma vida de tal forma miserável que houve notícias de em vários anos. 2003 até 2020 centenas de mortos quando muitos populares tentaram obter combustível derramado em refinarias que entretanto pegou fogo

O Terrorismo continua fortemente activo no norte da Nigéria nas fronteiras com os países vizinhos. O mais famoso grupo terrorista é designado por Boko Haram que já em 2013 tinha morto mais de dez mil nigerianos e obrigado à fuga e deslocação de mais de um milhão de nigerianos. O Boko Haram opera no norte da Nigéria e nos Camaraões, Chade e Niger. Tem largos campos de treino e campo com moças jovens que rapta e foge com elas para esses campos. Consta, mas não é publicado, que vende muitas dessas moças para concubinas dos Príncipes da Arábia Saudita que, por intermédio dos maiorais radicais Wahabitas financia toda a actividade e compra de armas do Boko Haram. As forças policiais e do exército nigeriano são completamente incapazes de derrotar o Boko Haram. As Nações Unidas têm “Capacetes Azuis” em sete locais da África, mas NADA na Nigéria. Aliás esses soldados são só para “manter a PAZ” dentro do território onde actuam. Portanto, o Boko Haram actua (e actuará) à vontade nos territórios que ocupa. Consta que Mohammed Yusuf ‎foi o fundador (em 2002) do Boko Haram, cujo nome em língua árabe é muito mais extenso e significa~: “Povo que tem a missão de Propagar os Ensinamentos do Profeta e a Jihad, Lei fundamental”. Mohammed Yusuf‎ nasceu na Nigéria, teve estudos “Superiores” na Arábia Saudita e fez-se “Salafita” que é um ramo do Wahabismo. Teve 4 mulheres e 12 filhos, um deles chamado Abu Musab al-Barnawi, que se diz ser o Verdadeiro Chefe do Boko Haram desde 2016, opondo-se a outro chamado Abubakar Shekau. Mohammed Yusuf‎ foi preso, julgado e morto em 2009, pelas Autoridades Nigerianas. Ao contrário do que se pensa e escreve, consta que Mohammed Yusuf ‎vivia bem “à moda ocidental”; e até possuia um Mercedes-Benz.
A Nigéria tornou-se Independente 1 de Outubro de 1960. Porém o nível de vida das populações não melhorou e o Reino Unido continua com as explorações petrolíferas e outras que sempre lá teve. O governo não consegue maneira alguma derrotar o terrorismo.
 A Dívida da Nigérias a países estrangeiros era de 27.000 milhões de dólares em 2019. E está a aumentar a um ritmo de cerca de 1.000 milhões por ano. 
Os credores da Divida da Nigérias são, naturalmente, bancos ingleses e também bancos franceses, havendo outros não especificados. Não consta que a China tenha lá dinheiro emprestado: De facto a Nigéria apoiada no UK não deixa (nem deixará?) lá penetrar o Xi JinPing com a sua estratégia de domínio Económico Mundial. Mas que juros anuais estará a Nigéria a pagar pela Dívida Externa, agora que temos Brexit?. O certo é que a produção de bens alimentares e outros decresceu depois da Independência e a Nigéria tem imensas dificuldades em importar produtos estrangeiros por falta de “divisas”.

Já não cabe aqui falar dos efeitos das Independências doutros países africanos (Senegal, Mali, Guinea, Ivory Coast, Benin, Mauritania, Niger, Burkina Faso, the Republic of the Congo (Congo Brazzaville), the Central Africa Republic, Chade, Gabão, Djibouti, Togo, Camarões, the Democratic Republic of the Congo (DRC), Rwanda, Burundi and Somalia). Porém, não há dúvidas que, se não são iguais aos da Independência da Nigéria, são bastante semelhantes.
E pergunta-se: Haverá formas de reduzir o sofrimento das populações? Estarão a ser praticadas? Se, Não estão a ser praticadas, PORQUÊ? 
Há formas pacíficas de reduzir o sofrimento das populações. Uma delas é fazer como faz um Pe. missionário (GS) de Valongo (Porto) que dirige uma missão no Uganda na fronteira com países vizinhos cheios de terroristas armados. A missão tem uma Igreja rodeada dum largo espaço onde, além das casas que albergam os padres, há armazéns de víveres e ferramentas, e casas onde se presta enfermagem e se faz algum ensino às crianças que não têm acesso à escola pública.
Em terreno vizinho existe uma Mesquita dirigida por clérigos NÃO radicais que mantêm boas relações com GS e os outros Pes. católicos. Entretanto, um clérigo vindo do UK pediu a GS que lhe cedesse uma pequena parcela do terreno para lá se construir uma Igreja e uma paróquia “protestante”.
GS, com autorização dos superiores colombianos que residem em Roma, concedeu o terrenos e a Igreja e paróquia “protestante” foram realizadas. Mas, como diz o ditado: “Por Bem Fazer, Mal Haver”, os novos vizinhos fartam-se de dizer mal de GS e seus companheiros. A missão dirigida por GS também presta ensino rudimentar de agricultura. Ensino Rudimentar porque, nem o governo central do Uganda, nem qualquer entidade (empresa, etc.) residente no país, ou fora, prestam apoio financeiro ou outro à Missão de GS. Vive dos parcos dinheiros que vêm da Sede e das esmolas que consegue angariar em Portugal, e não só.
Mas temos aqui um exemplo paradigmático de ajuda às populações locais. E, note-se, ao que me disse GS, só uma vez os “guerrilheiros” que andam pela fronteira foram a um armazém tirar víveres para comerem. Nada partiram.
Ajudas governamentais não existem. Os governantes desse país (e dos outros paises africanos) entendem que, por terem obtido Independência, seria mau “rebaixarem-se” e pedirem apoio financeiro ou mesmo apoio técnico. Por outro lado, fazendo um “arremedo” de Democracia, os governantes esgotam os poucos dinheiros que há, em lutas fratricidas, e gastam o tempo em propaganda eleitoral, não numa gestão cuidadosa dos problemas do pais que são sempre “mais que muitos”. Pelo que diz respeito às missões católicas, há várias que conseguem grangear donativos em Portugal e no Continente Europeu, mas esses apoios são sempre muito reduzidos, perante as necessidades. Salva-se a “Igreja que Sofre” que tem extensões em todos os continentes, grande poder financeiro e bons gestores. O Vaticano, só com o Papa Francisco parece estar a dar-se conta de que é urgente preparar bispos e padres, LOCAIS, que conhecem bem os dialectos e as necessidades das populações LOCAIS; e também freiras com conhecimentos de enfermagem em grande número para, pela ajuda às populações, difundirem a Fé Católica.
Devido a todas estas deficiências e insuficiências os jovens sem emprego e, por vezes, famílias inteiras sempre arranjam o dinheiro suficiente para, com apoio de “engajadores” tentarem chegar ao “EL DORADO” que é a EUROPA. Entram em navios de cabotagem no porto mais próximo da costa africana, com destino ao Norte de África, normalmente um porto da Turquia. Aí o engajador, depois de receber o dinheiro, mete as pessoas dentro de um pequeno barco com destino a uma ilha grega ou à ilha italiana de Lampedusa. E todas as semanas se noticia a morte de dezenas ou centenas dessas criaturas. As que conseguem chegar ao destino, frequentemente resgatadas por um navio do GREEN PEACE, só podem desembarcar, mesmo para uma estadia provisória, se o Governo italiano (ou o Grego) autorizar. As pessoas desembarcadas são sujeitas a registo de identificação e muitas vezes nem documentos para isso possuem, seguido de verificação do estado sanitário de cada uma. Depois são encaminhada para acampamentos já preparados para receber “refugiados”. Infelizmente, esses acampamentos são “armazéns” onde as pessoas têm de viver como animais, sujeitas a frio e com alimentação deficiente, dada pelas autoridades locais. Há actualmente uma “convenção” entre a maior parte dos países europeus, para receber, em fracções, esses refugiados e Portugal sempre tem recebido algumas centenas. Mas há países como como a Hungria, a Polónia e outros países de Leste que não recebem refugiados e para isso até vedam as suas fronteiras com arame farpado. E mesmo em países que os aceitam, como a França, há problemas sérios com a instalação de refugiados: Tenho muitas fotos de grande número de refugiados “residindo” em barracas nos jardins de Paris e com jovens reclamando “Subsídio de Desemprego” junto das autoridades francesas, quando têm boa saúde e bons braços para realizarem trabalho agrícolas em muitas herdades francesas. Mas, esses trabalhos fazem calos nas mãos… Por isso se negam a deslocar-se para fora das grandes cidades. E, naturalmente, os naturais franceses entendem que não têm de pagar para alimentar pessoas com o título de “Refugiado”. E, note-se, as famílias de negros e muçulmanos, que também aportam a Paris, são muito mais numerosas que as famílias dos naturais franceses (belgas, ingleses e outros). Daí que o problema “REFUGIADOS” esteja há anos em cima da mesa dos governos europeus que, até agora, têm aceitado receber essas pessoas.

Tudo o que acima se diz, é resultado da “Descolonização Exemplar” que TODOS os países europeus tiveram de fazer e continua MUITO MAL FEITA.  

Braga, Julho_2020 
J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho

1 comentário:

  1. Belo e eloquente texto. E os outros do discurso de 10 de Junho a dizer que tinham desconfinado Portugal como fez Vasco da Gama...que dobraram o Cabo das Tormentas...

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