J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho
Braga, Julho_2020
A costa atlântica da Nigéria foi “descoberta” por Vasco da Gama em 1472. A Arqueologia mostra que já havia pessoas a viver na Nigéria há 100.000 anos. Um esqueleto humano fossilizado mostra que havia habitantes na Nigéria há 13.000 anos. Uma canoa fossilizada em Dufuna mostra que há 8.00 a 8.500 anos já havia humano a atravessarem o Lake Mega Chad”.
Escavações arqueológicas mostram
que de 1500 AC até 200DC existiu na Nigéria uma “civilização” dita Nok, que
vivia da agricultura e deixou esculturas de humanos em “terracotta”. Também
mostram que os humanos desse período já´sabiam fundir o ferro fazer peças de
ferro e de bronze.
Do século 9º ao séeculo 19º a
Nigéria esteve dividida em vários “Reinos” cada com o seu Rei ou Rainha e povos
com várias culturas naturais e religiosas. Existiam fortes relações comerciais
com os países vizinhos (Mali, etc.) feito com caravanas
que atravessam o deserto Sahara. Desse modo chegou o Islão à Nigéria. Construíram famosas
mesquitas e escolas em Kano e Katsina, Por
1100 já havia forte influência na Nigéria do “Mundo Muçulmano”. Os Cristãos só
chegaram à Nigéria no século XL (15º) com monges Agostinianos e Capuchinos de
Portugal. Clérigos idos do Mali converteram ao Islamismo uma dinastia de reis
da região de Kano e seus súbditos. Esses Clérigos islamitas constituíam uma
elite educada o que fez deles figuras indispensáveis para os Reis Hausa como
consultores do governo, Professores e Juízes Islâmicos. Daí que monges
Agostinianos e Capuchinos de Portugal tivessem uma tarefa quase impossível para
difundir a fé Cristã.
A Nigéria continua a ser uma
“constelação de povos com religiões variadas, mas sempre dominadas pelos
Islamitas que desde há umas dezenas de anos têm clérigos radicais “fabricados”
por profs. religiosos Whabitas na
Faculdade de Teologia da Arábia Saudita e financiados pelo Rei Saudita para
difundirem a Fé radical Whabita em todo
o Mundo.
As população têm uma vida de tal
forma miserável que houve notícias de em vários anos. 2003 até 2020 centenas de
mortos quando muitos populares tentaram obter combustível derramado em
refinarias que entretanto pegou fogo
O Terrorismo continua fortemente
activo no norte da Nigéria nas fronteiras com os países vizinhos. O mais famoso
grupo terrorista é designado por Boko
Haram que já em 2013 tinha morto mais de dez mil nigerianos e
obrigado à fuga e deslocação de mais de um milhão de nigerianos. O Boko Haram opera no norte da Nigéria e nos
Camaraões, Chade e Niger. Tem largos campos de treino e campo com moças jovens
que rapta e foge com elas para esses campos. Consta, mas não é publicado, que
vende muitas dessas moças para concubinas dos Príncipes da Arábia Saudita que,
por intermédio dos maiorais radicais Wahabitas financia toda a
actividade e compra de armas do Boko
Haram. As forças policiais e do exército nigeriano são completamente incapazes de
derrotar o Boko Haram. As Nações
Unidas têm “Capacetes Azuis” em sete locais da África, mas NADA
na Nigéria. Aliás esses soldados são só para “manter a PAZ” dentro do
território onde actuam. Portanto, o Boko
Haram actua (e actuará) à vontade nos territórios que ocupa.
Consta que Mohammed Yusuf
foi o fundador (em 2002) do Boko Haram, cujo nome em língua árabe
é muito mais extenso e significa~: “Povo que tem a missão de Propagar os
Ensinamentos do Profeta e a Jihad, Lei fundamental”. Mohammed Yusuf
nasceu na Nigéria, teve estudos “Superiores” na Arábia Saudita e fez-se
“Salafita” que é um ramo do Wahabismo. Teve 4 mulheres e 12 filhos, um
deles chamado Abu Musab al-Barnawi, que se diz ser o Verdadeiro
Chefe do Boko Haram desde 2016,
opondo-se a outro chamado Abubakar Shekau.
Mohammed Yusuf
foi preso, julgado e morto em 2009, pelas Autoridades Nigerianas. Ao contrário
do que se pensa e escreve, consta que Mohammed Yusuf
vivia bem “à moda ocidental”; e até possuia um Mercedes-Benz.
A Nigéria tornou-se Independente
1 de Outubro de 1960. Porém o nível de vida das populações não melhorou e o
Reino Unido continua com as explorações petrolíferas e outras que sempre lá
teve. O governo não consegue maneira alguma derrotar o terrorismo.
A Dívida da Nigérias a países estrangeiros era
de 27.000 milhões de dólares em 2019. E está a aumentar a um ritmo de cerca de
1.000 milhões por ano.
Os credores da Divida da Nigérias
são, naturalmente, bancos ingleses e também bancos franceses, havendo outros
não especificados. Não consta que a China tenha lá dinheiro emprestado: De
facto a Nigéria apoiada no UK não deixa (nem deixará?) lá penetrar o Xi JinPing
com a sua estratégia de domínio Económico Mundial. Mas que juros anuais estará
a Nigéria a pagar pela Dívida Externa, agora que temos Brexit?. O certo é que a
produção de bens alimentares e outros decresceu depois da Independência e a
Nigéria tem imensas dificuldades em importar produtos estrangeiros por falta de
“divisas”.
Já não cabe aqui falar dos
efeitos das Independências doutros países africanos (Senegal,
Mali, Guinea, Ivory Coast, Benin, Mauritania, Niger, Burkina Faso, the Republic
of the Congo (Congo Brazzaville), the Central Africa Republic, Chade, Gabão, Djibouti,
Togo, Camarões, the Democratic Republic of the Congo (DRC), Rwanda,
Burundi and Somalia). Porém, não há dúvidas que, se não são iguais aos da
Independência da Nigéria, são bastante semelhantes.
E
pergunta-se: Haverá formas de reduzir o sofrimento das populações? Estarão a
ser praticadas? Se, Não estão a ser praticadas, PORQUÊ?
Há
formas pacíficas de reduzir o sofrimento das populações. Uma delas é fazer como
faz um Pe. missionário (GS) de Valongo (Porto) que dirige uma missão no Uganda
na fronteira com países vizinhos cheios de terroristas armados. A missão tem
uma Igreja rodeada dum largo espaço onde, além das casas que albergam os padres,
há armazéns de víveres e ferramentas, e casas onde se presta enfermagem e se
faz algum ensino às crianças que não têm acesso à escola pública.
Em
terreno vizinho existe uma Mesquita dirigida por clérigos NÃO radicais que
mantêm boas relações com GS e os outros Pes. católicos. Entretanto, um clérigo
vindo do UK pediu a GS que lhe cedesse uma pequena parcela do terreno para lá
se construir uma Igreja e uma paróquia “protestante”.
GS, com
autorização dos superiores colombianos que residem em Roma, concedeu o terrenos
e a Igreja e paróquia “protestante” foram realizadas. Mas, como diz o ditado: “Por
Bem Fazer, Mal Haver”, os novos vizinhos fartam-se de dizer mal de GS e seus
companheiros. A missão dirigida por GS também presta ensino rudimentar de
agricultura. Ensino Rudimentar porque, nem o governo central do Uganda, nem
qualquer entidade (empresa, etc.) residente no país, ou fora, prestam apoio financeiro
ou outro à Missão de GS. Vive dos parcos dinheiros que vêm da Sede e das
esmolas que consegue angariar em Portugal, e não só.
Mas
temos aqui um exemplo paradigmático de ajuda às populações locais. E, note-se,
ao que me disse GS, só uma vez os “guerrilheiros” que andam pela fronteira
foram a um armazém tirar víveres para comerem. Nada partiram.
Ajudas
governamentais não existem. Os governantes desse país (e dos outros paises
africanos) entendem que, por terem obtido Independência, seria mau
“rebaixarem-se” e pedirem apoio financeiro ou mesmo apoio técnico. Por outro lado,
fazendo um “arremedo” de Democracia, os governantes esgotam os poucos dinheiros
que há, em lutas fratricidas, e gastam o tempo em propaganda eleitoral, não
numa gestão cuidadosa dos problemas do pais que são sempre “mais que muitos”.
Pelo que diz respeito às missões católicas, há várias que conseguem grangear
donativos em Portugal e no Continente Europeu, mas esses apoios são sempre
muito reduzidos, perante as necessidades. Salva-se a “Igreja que Sofre” que tem
extensões em todos os continentes, grande poder financeiro e bons gestores. O
Vaticano, só com o Papa Francisco parece estar a dar-se conta de que é urgente
preparar bispos e padres, LOCAIS, que conhecem bem os dialectos e as
necessidades das populações LOCAIS; e também freiras com conhecimentos de
enfermagem em grande número para, pela ajuda às populações, difundirem a Fé
Católica.
Devido
a todas estas deficiências e insuficiências os jovens sem emprego e, por vezes,
famílias inteiras sempre arranjam o dinheiro suficiente para, com apoio de
“engajadores” tentarem chegar ao “EL DORADO” que é a EUROPA. Entram em navios
de cabotagem no porto mais próximo da costa africana, com destino ao Norte de
África, normalmente um porto da Turquia. Aí o engajador, depois de receber o
dinheiro, mete as pessoas dentro de um pequeno barco com destino a uma ilha
grega ou à ilha italiana de Lampedusa. E todas as semanas se noticia a morte de
dezenas ou centenas dessas criaturas. As que conseguem chegar ao destino,
frequentemente resgatadas por um navio do GREEN PEACE, só podem desembarcar,
mesmo para uma estadia provisória, se o Governo italiano (ou o Grego) autorizar.
As pessoas desembarcadas são sujeitas a registo de identificação e muitas vezes
nem documentos para isso possuem, seguido de verificação do estado sanitário de
cada uma. Depois são encaminhada para acampamentos já preparados para receber
“refugiados”. Infelizmente, esses acampamentos são “armazéns” onde as pessoas têm
de viver como animais, sujeitas a frio e com alimentação deficiente, dada pelas
autoridades locais. Há actualmente uma “convenção” entre a maior parte dos
países europeus, para receber, em fracções, esses refugiados e Portugal sempre
tem recebido algumas centenas. Mas há países como como a Hungria, a Polónia e
outros países de Leste que não recebem refugiados e para isso até vedam as suas
fronteiras com arame farpado. E mesmo em países que os aceitam, como a França,
há problemas sérios com a instalação de refugiados: Tenho muitas fotos de
grande número de refugiados “residindo” em barracas nos jardins de Paris e com
jovens reclamando “Subsídio de Desemprego” junto das autoridades francesas,
quando têm boa saúde e bons braços para realizarem trabalho agrícolas em muitas
herdades francesas. Mas, esses trabalhos fazem calos nas mãos… Por isso se
negam a deslocar-se para fora das grandes cidades. E, naturalmente, os naturais
franceses entendem que não têm de pagar para alimentar pessoas com o título de
“Refugiado”. E, note-se, as famílias de negros e muçulmanos, que também aportam
a Paris, são muito mais numerosas que as famílias dos naturais franceses
(belgas, ingleses e outros). Daí que o problema “REFUGIADOS” esteja há anos em
cima da mesa dos governos europeus que, até agora, têm aceitado receber essas
pessoas.
Tudo o
que acima se diz, é resultado da “Descolonização Exemplar” que TODOS os países
europeus tiveram de fazer e continua MUITO MAL FEITA.
Braga, Julho_2020
J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho
Belo e eloquente texto. E os outros do discurso de 10 de Junho a dizer que tinham desconfinado Portugal como fez Vasco da Gama...que dobraram o Cabo das Tormentas...
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