OMS avisa que a
Europa pode enfrentar uma segunda vaga letal de covid-19 a partir do Outono
O director regional da Organização
Mundial da Saúde para a Europa, Hans Kluge, avisa que o abrandamento da
pandemia nos países europeus não “é o momento para celebrações, mas sim um
momento para preparativos”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) avisou que os países europeus devem
preparar-se para uma segunda vaga letal de infecções da pandemia. O alerta foi
feito pelo director regional para a Europa, Hans Kluge, em declarações ao
jornal britânico The Telegraph.
Hans Kluge recomendou que os países europeus que estão a começar a levantar
as restrições de circulação e actividade económica olhem para os exemplos
de Singapura e do Japão, que “entenderam desde cedo que este não é o momento para
celebrações, mas sim um momento para preparativos”.
Ainda que alguns países estejam a verificar um abrandamento do número de
novos casos – como Portugal, por
exemplo –, tal não significa que a pandemia já terminou. Quando muito, é apenas
uma alteração do epicentro do surto na Europa, que começou por ser
na região da Lombardia, em Itália,
estando agora no Este do continente, onde a Rússia tem detectado
consecutivamente mais de 10 mil casos por dia.
O responsável da OMS confessou estar “muito preocupado” com
uma segunda vaga da pandemia, que a chegar algures durante o Outono iria
coincidir com surtos de outras doenças infecciosas.
“No Outono, podemos vir a ter uma segunda vaga de covid-19 e outra de gripe
sazonal ou sarampo. Há dois anos tínhamos 500 mil crianças que ainda não tinham
tido a sua primeira vacina contra o sarampo”, exemplificou.
Hans Kluge lembrou o que se verifica nas pandemias que existiram ao longo
da história, como a gripe espanhola, que
surgiu em Março de 1918 e voltou mais agressiva e letal na segunda vaga,
durante o Outono do mesmo ano.
“Sabemos pela história que, em pandemias, os países que não foram atingidos
numa fase inicial podem ser atingidos numa segunda vaga. O que vamos ver em
África e na Europa do Leste? Estão atrás da curva. Alguns países dizem “Não
somos como a Itália” e depois, duas semanas volvidas, boom!
Infelizmente, podem ser atingidos por uma segunda vaga, por isso temos de ser
muito cuidadosos”, avisou Kluge.
O director referiu que a falta de um tratamento eficaz ou de uma vacina obriga
a que quaisquer medidas de isolamento sejam acompanhadas de medidas rigorosas
de saúde pública, tais como o rastreio de contactos e uma grande aposta nos
testes de despistagem.
Além disso, a ausência de uma cura ou tratamento faz com que qualquer
alívio nas restrições tenha de ser feito de forma “gradual”. Porém, a retoma da
actividade não significa um regresso à normalidade. “As pessoas pensam que o
confinamento terminou. Nada mudou. As medidas de controlo da doença
têm de estar em vigor. Essa é a mensagem chave.”
Na entrevista ao jornal britânico, Hans Kluge afirmou esperar que a
pandemia possa mostrar aos governos que a saúde deve estar no topo da agenda
política. “Onde não há saúde, não há economia. É uma lição que não pode ser esquecida.”
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