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“Recém-licenciado,
a trabalhar para uma agência de notícias polaca e com um desejo imenso de
conhecer os povos além-fronteiras, Kapuscinski pede para partir em reportagem.
Oferecido pela sua redatora-chefe, o jovem jornalista leva consigo, durante
vários anos, um volume das Histórias de Heródoto, o historiador grego que
vivera dois mil e quinhentos antes de si. É através das reflexões do autor
clássico que atravessa a Índia, a China, a Ásia Menor e África, nas suas
Andanças com Heródoto, um relato de viagem que ainda hoje faz refletir sobre
todas as fronteiras que nos separam e a humanidade que nos une. Se Heródoto é
considerado «o pai da História», Kapuscinski é certamente «o mestre da
reportagem”.
O livro é uma delícia.
Mas o prefácio do autor é soberbo. A denúncia sobre o estalinismo é certeira.
Com palavras e exemplos simples. A dado passo diz:
“
Francamente, nem sabíamos bem onde era a Grécia (…) Éramos filhos da guerra e,
durante anos de ocupação, os liceus estavam encerrados (…)” –
p. 11. E acrescenta: “ Aqueles que
escreviam geralmente queixavam-se de injustiça ou miséria, afirmando que, por
exemplo, o Estado lhes tinha confiscado a última vaca, ou que na sua aldeia
ainda não havia luz eléctrica”(p. 16). E ainda: “ …já nos tempos de Estaline ninguém podia dizer que uma loja estava
vazia”. O progresso consistia em fazer afirmações contrárias à realidade:
que as lojas estavam todas cheias.
Este pequeno prefácio
diz-nos quase tudo sobre a Polónia estalinista (comunista /soviética).
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