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POLÍTICA
A SÉRIO 1 de maio 2020
A
história a preto e branco
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José
António Saraiva
E
as comemorações do 10 de Junho também eram pungentes, sobretudo a partir do
início da guerra colonial.
E
as do 1.º de Dezembro, essencialmente comemorado por monárquicos, idem,
aspas.,aspas.
E,
assim, depois do 25 de Abril fui a poucas celebrações: estive no primeiro 1.º
de Maio e pouco mais.
O
passado interessa-me como História e não como objeto de veneração.
Vivi
o 25 de Abril com enorme emoção.
Com
imenso entusiasmo.
Mas
no ano seguinte o 25 de Abril já não era o de 1974 – era sobretudo o que tinha
acontecido desde aí.
E
assim sucessivamente até hoje: é-me impossível recordar agora o 25 de Abril sem
pensar no que sucedeu de bom e de mau nestes 46 anos.
Surpreendeu-me
que pessoas da direita à esquerda tenham discutido acaloradamente as
comemorações do 25 de Abril sem falarem do que entretanto aconteceu.
Eu
não era capaz de o fazer.
No
dia 25 de Abril, tudo estava em estado de pureza – num estado de brancura
virginal.
A
revolução estava no dia zero: não tinha nódoas nem pecados.
Mas
no ano seguinte já não era assim.
E
hoje muito menos.
Olhando
para trás, é impossível não recordar a descolonização, que talvez não pudesse
ter sido feita de outra maneira mas que deu origem a sangrentas guerras civis,
com episódios de violência atroz, onde morreu muito mais gente do que morrera
na guerra.
E
o drama terrível dos regressados (detesto o termo ‘retornados’), muitos deles
nascidos nas colónias portuguesas e cujas famílias lá viviam há mais de seis
gerações.
E a tentativa do PCP para tomar o poder, que
arrastou a destruição de grandes empresas como a Lisnave ou a Sorefame
E
a ocupação arbitrária de terras, estragando património e deixando as herdades
no caos.
E
a delapidação do ouro do Banco de Portugal, bem como a nacionalização da banca,
com consequências desastrosas.
E
o afundamento de grande parte da nossa frota pesqueira.
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