sábado, 2 de maio de 2020

A história a preto e branco

                                                   No Twitter


POLÍTICA A SÉRIO 1 de maio 2020
A história a preto e branco

Nunca fui adepto de comemorações. Em miúdo, via as celebrações do fim da I Grande Guerra e olhava com pena para aquele grupo de velhinhos que ia minguando de ano para ano, até se extinguir.

José António Saraiva

E as comemorações do 10 de Junho também eram pungentes, sobretudo a partir do início da guerra colonial.
E as do 1.º de Dezembro, essencialmente comemorado por monárquicos, idem, aspas.,aspas.
E, assim, depois do 25 de Abril fui a poucas celebrações: estive no primeiro 1.º de Maio e pouco mais.
O passado interessa-me como História e não como objeto de veneração.
Vivi o 25 de Abril com enorme emoção.
Com imenso entusiasmo.
Mas no ano seguinte o 25 de Abril já não era o de 1974 – era sobretudo o que tinha acontecido desde aí.
E assim sucessivamente até hoje: é-me impossível recordar agora o 25 de Abril sem pensar no que sucedeu de bom e de mau nestes 46 anos.
Surpreendeu-me que pessoas da direita à esquerda tenham discutido acaloradamente as comemorações do 25 de Abril sem falarem do que entretanto aconteceu.
Eu não era capaz de o fazer.
No dia 25 de Abril, tudo estava em estado de pureza – num estado de brancura virginal.
A revolução estava no dia zero: não tinha nódoas nem pecados.
Mas no ano seguinte já não era assim.
E hoje muito menos.
Olhando para trás, é impossível não recordar a descolonização, que talvez não pudesse ter sido feita de outra maneira mas que deu origem a sangrentas guerras civis, com episódios de violência atroz, onde morreu muito mais gente do que morrera na guerra.

E o drama terrível dos regressados (detesto o termo ‘retornados’), muitos deles nascidos nas colónias portuguesas e cujas famílias lá viviam há mais de seis gerações.

 E a tentativa do PCP para tomar o poder, que arrastou a destruição de grandes empresas como a Lisnave ou a Sorefame
E a ocupação arbitrária de terras, estragando património e deixando as herdades no caos.
E a delapidação do ouro do Banco de Portugal, bem como a nacionalização da banca, com consequências desastrosas.
E o afundamento de grande parte da nossa frota pesqueira.

Leia o artigo na íntegra na edição impressa do SOL. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nova Tertúlia de Mentirosos

  SINOPSE   BERTRAND As melhores histórias do mundo são anónimas. São contos, são filosóficos e vêm do mundo inteiro. São zen ou sufi, chi...