JORGE LAGE |
O ilustre médico mirandelense, Luís Manuel
Teixeira Neves de Carvalho, autor da «História do Hospital de Viseu –
1988-1996», teve a amabilidade de me oferecer um exemplar, pelo generoso gesto
me sinto muito reconhecido. É uma obra tecnicamente bem executada, com 330
páginas em muito bom papel e capa dura e bela. Ilustram esta obra mais de duas
centenas fotografias, arrolando uma narrativa social, técnica e construída do
património humano e cultural da saúde viseense, muitas delas carregadas de
história. Está estruturado em quatro capítulos: «O Hospital das Chagas de Nosso
Senhor Jesus Cristo», «O Hospital Novo», «O Novo Hospital», «Personalidades do
Hospital» e Crónicas».
O médico Luís Carvalho tornou-se uma personalidade
incontornável do sector da saúde de Viseu e Mirandela devia considera-lo um
Homem Bom. As gerações mirandelenses de quarenta e cinquenta recordam-no como
pessoa afável e interventiva entre os jovens da ex-vila. Nos primeiros anos da
década de sessenta eram famosos os bailes num baixo do Fernando Paulino, duma
casa que tinha junto ao antigo quartel da GNR (hoje com serviços municipais e
residência paroquial – paróquia Nossa Senhora da Encarnação). Era o «Grupo
Musical FLAS» (Fernando Paulino, Luís Carvalho, Artur Ferreira e José Santos)
animando os bailes da juventude mirandelense. Este grupo colaborava no jornal
Notícias de Mirandela com a rubrica «Reparos». Deixando, por vezes, o poder
camarário desassossegado, ao ponto de me confessar que o pai tinha receio de
que as tropelias e a animação gerassem incómodos. Para os evitar dava-lhe a
mesada e dizia-lhe: - aqui não aprendes nada. Vai para Coimbra que lá até
aprendes na calçada. Como futebolista ajudou a escrever a História do Sport
Clube de Mirandela, sendo um dos seus mais prestigiados futebolistas que
defendeu, em campo, as cores do Sport Clube de Mirandela, do Grupo Desportivo de
Chaves, da Académica de Coimbra e do União de Coimbra. Em 1969 foi cumprir o
serviço militar, depois de uma breve permanência em Cabinda (Angola) segue para
a Guiné como Capitão Miliciano. Como médico ocupou os mais altos cargos
directivos em S. Pedro do Sul e Viseu, sendo Presidente da Administração do
Hospital de S. Teotónio – Viseu, tendo-o motivado para a lavra desta obra de
referência para a História da Saúde das Terras de Viriato.
Além da Medicina e
Medicina Hidrológica (Termas da Felgueira) tem uma grande paixão pela pintura
com «fascínio das cores, as formas, umas precisas outras abstractas, constituem
o complemento estético e lúdico». Voltando ao seu livro, «História do Hospital
de Viseu», como refere na capa os anos de 1988 a 1996 e teve um grande grupo de
pessoas da área da saúde a darem-lhe colaboração. O Provedor da SCM de Viseu,
Adelino Costa, refere que o médico Luís Carvalho foi o «escrivão» com os
«minuciosos relatos», na escrita desta obra, deu uma «lição de tenacidade e
entrega à causa pública». Por sua vez, o Presidente do Município viseense,
Almeida Henriques, deixa o seu depoimento sob o epíteto, «Do Hospital das
Chagas ao Novo Hospital de S. Teotónio: Uma grande história de Viseu». E diz
que «esta publicação resulta de um trabalho cuidado e rigoroso do Dr. Luís
Carvalho (como referencial de memória». Também, Correia de Campos, destaca que
o autor «é um homem de causas públicas», com «capacidade para agradecer,
agraciar e louvar» e «frontalidade em assumir as diferenças». Por sua vez, o autor,
na «Nota Introdutória» diz-nos que «no Hospital, qual Casa Comum, todos se
conheciam (…). Era uma verdadeira família.» No livro aparecem algumas
«Crónicas» que aconselho a sua leitura pela curiosidade e escrita simples.
Nelas o autor (então Presidente do Hospital de Viseu) mostra a sua estatura
humana e cívica, como aconteceu no caso do funcionário que desviou 30 contos e
sem a sanha justiceira da maioria que por aí anda, reabilitou-se um ser humano,
apoiou-se uma família e o Hospital foi ressarcido. Ao tempo em que Luís
Carvalho presidia ao Hospital de Viseu, também o médico, Paulo Mendo, «grande
figura da Medicina Portuguesa» era Director do Hospital de Sto. António
(Porto), seis meses antes de ser Ministro da Saúde, foi convidado a visitar o
Hospital e dar uma «prelecção sobre «Financiamento da Saúde». E foi com Paulo
Mendo, Ministro da Saúde, que as obras do novo hospital se encaminharam para a
conclusão. O livro, «História do Hospital de Viseu – 1988-1996», está
disponível na APPDA de Viseu (geral@appdaviseu.com), para quem
reverte o dinheiro da venda, e nas Edições Esgotadas (geral@edicoesesgotadas.com
). Os meus parabéns ao grande mirandelense, Luís Carvalho por esta bela obra e
pelos trabalhos criativos de pintura, que vai produzindo e que atrás
referimos.
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