A federação de professores pede ao Governo que garanta, com muita urgência, a utilização segura de plataformas de reunião online.
Por Lusa
17 Abril, 2020 • 18:41
AFenprof vai fazer queixa
à Procuradoria-Geral da República após a intrusão de terceiros em plataformas
online de ensino à distância e utilização indevida de dados pessoais, códigos
de acesso, fotografias e vídeos de alunos e professores.
Em comunicado esta
sexta-feira divulgado, a Fenprof adianta que a segurança de professores, alunos
e as suas famílias "não pode ser posta em causa", pela utilização de
plataformas para o ensino à distância [devido ao isolamento das famílias por
causa da pandemia covid-19] que já foram utilizadas indevidamente por
terceiros, havendo "fundados receios" de que a segurança não está
salvaguardada.
"A Fenprof, perante
esta situação, está já a coligir toda a informação necessária para apresentar
queixa na Procuradoria-Geral da República, com vista a que sejam identificados
os responsáveis, ativos ou passivos, e a que sejam tomadas as medidas judiciais
que se adequem".
A federação de
professores reitera a exigência de que o Ministério da Educação garanta, com
muita urgência, a utilização segura de plataformas de reunião 'online', ou
apresente alternativas à sua utilização, para que professores e alunos possam
desenvolver o seu trabalho.
Uma das plataformas que
tem estado a ser utilizada é a ZOOM que, segundo a Fenprof, está a ser
"objeto de investigações, devido a denúncias de utilização indevida de
dados pessoais, entre outros".
Destacando que a
Direção-Geral de Educação divulgou algumas normas que podem aumentar níveis de
segurança na utilização de plataformas digitais, a estrutura sindical considera
"evidente que as mesmas não impedem que 'hackers' as ponham em causa,
violando a privacidade dos espaços criados por docentes e alunos, ainda mais
quando o fazem com acesso a códigos que lhes são facultados".
Também o Sindicato
Nacional do Ensino Superior (SNESup) alertou para os problemas relacionados com
a proteção de dados e segurança na utilização das plataformas de ensino à
distância.
"Neste momento
circulam já na internet vídeos com a gravação indevida de aulas, demonstrando
que os nossos apelos tinham razão fundada. Se há algo que esta experiência
também demonstra é que a tecnologia possui diversas falhas (e não apenas de segurança)",
indica o sindicato.
O sindicato fala em
problemas de proteção de dados e salvaguarda da informação apelando aos seus
associados para terem "especial atenção perante plataformas que solicitam
as credenciais do Microsoft Office 365, ou outras credenciais institucionais e
pessoais", alegando que estas "podem estar a migrar os seus dados de
autenticação para plataformas externas".
O Centro Nacional de
Cibersegurança, questionado pela Lusa sobre a interferência de
"youtubers" nas plataformas utilizadas no ensino, considerou que esta
intrusão se deve a "um aproveitamento de eventuais configurações das
sessões".
"O comportamento e
ação noticiada não se traduz numa falha de sistemas ou de cibersegurança, mas
sim num aproveitamento de eventuais configurações das sessões nas plataformas
que, associados a comportamentos humanos mal intencionados, permitem a
interferência nas próprias", reportou o CNCS.
A título de exemplo,
explicou o centro, "se a sessão não for convenientemente configurada, e se
um participante partilhar os códigos de acesso à sessão com terceiros, tal
permite interferir no normal funcionamento da mesma".
"Neste sentido, é de
referir que nenhum facto aponta para que os dados de acesso às sessões possam
ter origem em dados ou informação roubada, tratando-se apenas de comportamentos
mal intencionados que aproveitam configurações menos apropriadas das sessões
nas plataformas de conferência na 'Web' e de ensino à distância",
respondeu o CNCS insistindo na necessidade de serem aplicadas as recomendações
de segurança.
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