Das
múltiplas riquezas naturais da Amazônia, cuja extensão territorial maior está
dentro dos limites da fronteira do Território Brasileiro, a natureza desperta a
cobiça de empresas particulares e muitas ligadas a governos estrangeiros.
Nos
primeiros anos após a minha chegada ao Brasil (1979) eu trabalhei no mar, desde
o Amazonas até ao Rio de Janeiro. As outras regiões do Brasil eu conheci só
depois em viagens por terra e ar durante
estes meus 41 anos de Emigrante, mas voltemos ao tema desta crônica, para vos comentar o que foi a minha
experiência pessoal muito antes de entrarmos aqui em regime de quarentena
(obrigatória ou não!).
Durante
quase onze anos eu vivi em Angola aonde adquiri o virus do “Paludismo” que é
uma derivação da Malária. Segundo me informaram naquele tempo - em Angola e
Portugal existiam centros de tratamento específico para este tipo de doença
que, claro!... não havia lá nenhumas quarentenas nem obrigatória nem
voluntária. Quem precisava trabalhar no campo ao ar livre estava menos
vulnerável. A comprovar isso temos hoje o caso da Thailandia e Korea, que tem
isolamento das cidades decretado, mas o principal movimento é a deslocação para
o interior. Os medicamentos que se
usavam lá em Angola, e outros Territórios do então Ultramar Português para
combater as “febres tropicais” (Varíola, Febre Amarela e Malária) eram
genéricamente fabricados pelos grandes Laboratórios (cito de memória a Bayer).
No
meu caso pessoal, ao chegar a Angola fui logo trabalhar na Roça distante da
capital uns 450 kms e da cidade mais próxima uns 30 a 40 kms – estrada de terra
batida, para variar!… mas quando me transferiram para a cidade, ninguém me
avisou para tomar “resoquina”, “camoquina” ou “quinino” e de repente; eu vinha para o galpão para orientar as
trabalhadoras do café; secar, ensacar, descascar, misturar, torrar e por último
preparar lotes para exportação. O virus entrou e ficou no meu “Baço” por muitos
anos! Mesmo eu tendo me dirigido aos centros de tratamento – a última
crise foi em Portugal no Distrito de
Castelo Branco onde permaneci por 2 anos – com febre de 38-39 consegui dirigir
por 30 kms até a cidade de Idanha a Nova na tentativa de colherem amostras de
sangue para isolar o “meu virus”. Tomei uma dose de Resoquina mas apenas um
paliativo para aliviar a febre e dores musculares. Dores essas que muito depois
de eu me ter casado no Brasil em 1984, quando vinham as crises – geralmente nas
mudanças climáticas que aqui no Norte-Nordeste acontecem só umas duas vezes no
ano. Sorte minha que, como eu já não
embarcava, corria em busca dos comprimidos, mas!... era raro encontrá-los em
Natal, iguais aos que eu tomava em Angola e assim me mantive até que eu recebi
a visita de um Grande Amigo meu já falecido.
O
Velho Inolvidável e Saudoso Manuel Maria do Divino Coração Ferreira Monteiro,
que tinha sido Chefe de Posto Administrativo em Angola, ao entrar no meu
escritório, olhou para mim e… aatãon oh páaaa! (ele era do Porto e a maneira de
falar do Norte nunca a perdeu, tal como eu mesmo) tu estás doente?!
É…
acho que vou ter de ir para casa em quarentena ou então durmo aqui no
escritório senão a Mulher vai se assutar e vai querer me levar ao hospital e
eles não resolvem nada. O que eu tenho é paludismo mas não tenho os
comprimidos…
Ele
virou-se para mim e disse; antes de ires para casa passa ali no Indio (um
vendedor ambulante que ficava na Praça Padre João Maria, usava um isqueiro
pendurado na orelha e usava para acender o cachimbo) vai lá e compra um maço de
Casca de Quina-Quina da Amazônia. Faz um chá quente e toma de duas em duas ou
três horas!
Mas
tens de aguentar que é amargo – muito amargo! Nem adianta botar um quilo de
açucar porque ele não perde o gosto amargo.
Assim
foi… no dia seguinte fui trabalhar normalmente. Fraco muscularmente, mas a temperatura voltou ao normal e as dores
no corpo sumiram. Desde então conservo aqui em casa CASCA DE QUINA – QUINA em
frasco de vidro – nunca perde a validade.
Parece
uma ironia mas, o meu Primeiro Livro em PDF e impresso pela Editora em São
Paulo, tem o título de UM CONVITE P’RA TOMAR CHÁ.
Dentro
do meu esteriotipo literário tem lá uma receita de Chá de Arruda, que não
combate o virus, mas serve para “arrudear” o castigo da quarentena do CORVID19
– Leiam os meus livros de “ficcção” (leia-se: “fique são”) para morrer saudável de rir!
Quanto
mais rimos, mais tristezas escondemos.
Ass:
Silvino Dos Santos Potêncio
Autor
de “CRÔNICAS DA EMIGRAÇÃO”
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