domingo, 15 de março de 2020

Três reflexões sobre vírus comuns



Por BARROSO da FONTE


 1.   Relatório da Cia já em 2006 anunciou este vírus

O Relatório da Cia publicado em 2006 e reeditado em 2009 pelo National Intelligence Council  para a CIA já anunciava as características do coronavírus que aterrorizou o mundo inteiro.
Esta surpreendente previsão chegou-nos pelo  Tempo Caminhado em 12 de Março em curso.
Trata-se de «texto bem articulado e subtil que propõe um exame profundo às grandes tendências do mundo de amanhã, em todos os domínios – político, económico, ambiental e religioso – é uma reflexão apaixonante sobre as forças dominantes e os perigos que nos rodeiam, ao mesmo tempo que sugere um conjunto bem preciso de indicações que deverão guiar a política dos USA nos próximos anos».
 Segundo se lê neste resumo noticioso «este relatório foi publicado em 2006 foi escrito por 25 especialistas de política internacional baseia-se em dados até agora secretos e diz-nos como será o mundo em 2020».
Esta mesma fonte esclarece que o relatório da CIA é feito de 4 em 4 anos e que nesta altura já existem feitos os relatórios para 2030 e 2035.
Alexandre Adler assinou a introdução do livro onde foi publicado este documento que previu esta pandemia que estamos a viver. Foi a editora Bizâncio que deu forma a este livro que caraterizou esta chaga como:
«doença respiratória humana virulenta, extremamente contagiosa para a qual não existe tratamento adequado, poderá desencadear uma pandemia mundial. Se essa doença surgir até 2025, não deixarão de se propagar tensões e conflitos internos ou transfronteiriços. Com efeito, as nações esforçar-se-ão com capacidades insuficientes, para controlar os movimentos das populações de modo a evitar a infeção ou a preservação do seu acesso aos recursos naturais».
E continua a ler-se, na página 188 do novo Relatório da CIA, no capítulo que fala do «possível desenvolvimento de uma pandemia mundial. O aparecimento de uma pandemia depende da mutação genética natural, da recombinação de estirpes vitrais já em circulação ou ainda da irrupção de um novo fator patogénico na população humana»
Segundo os especialistas, «as estirpes altamente patogénicas da gripe das aves, como o H5NI, são candidatos prováveis a este tipo de transformação, mas outros agentes patogénicos, como o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave e diversas estirpes da gripe possuirão as mesmas propriedades»
 «Se se declarar uma doença pandémica, será sem dúvida numa zona de forte densidade populacional de grande proximidade entre seres humanos e animais, como acontece com a China e no Sudeste Asiático, onde as populações vivem em contacto com o gado. Práticas de criação não regulamentadas favoreceriam a circulação de um vírus como o H5NI entre as populações animais, aumentando as probabilidades de mutação de uma estirpe suscetível de provocar uma pandemia. Para se propagar rapidamente, basta que a doença apareça em regiões com forte densidade populacional. Num tal cenário, a doença tardaria a ser identificada se o país de origem não dispusesse de meios adequados para a detetar. Seriam necessárias semanas para os laboratórios fornecerem resultados definitivos confirmando a existência de uma doença suscetível de se transformar em pandemia. Entretanto, declarar-se-iam focos nas cidades do Sudeste Asiático. Apesar de restrições às deslocações internacionais, viajantes com poucos ou nenhuns sintomas poderiam transportar o vírus para outros continentes. Os doentes seriam cada vez mais numerosos, aparecendo novos casos todos os meses. A ausência de uma vacina eficaz é...»

 2.  A Gripe Espanhola foi há 100  e a mais mortífera de sempre

Em 22 de Maio de 1918 foi divulgada a primeira notícia sobre a doença que ficou conhecida por Gripe Espanhola que levou ano e meio a debelar e que matou mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, 100 mil das quais em Portugal.
A revista domingueira do Correio da Manhã de 8 do corrente deu estatuto de manchete com o título de «A pneumónica matou mais que a Grande Guerra (1914-1918). Nessa edição insere, além do texto, diversas e esclarecedoras fotos que dão uma ideia dolorosa da dimensão da tragédia mundial.
Aí se diz que o diretor-geral da saúde em Portugal, não impediu o fecho de escolas, fábricas e mercados. A doença alastrou e, em Lisboa, chegaram a morrer 400 pessoas por semana. Em todo o mundo, matou mais do que a Grande Guerra».
No lead da notícia afirmar-se «Portugal foi um dos países com maior percentagem de mortos: cem mil. Foi um inimigo inesperado e terrível. Ainda hoje não se sabe por que razão a pandemia se manifestou com uma gravidade tão excecional. A essa pandemia também chamada ignota doença, também chamam Pneumónica. Varreu o Planeta em três vagas sucessivas, entre as primaveras de 1918 e de 1919. A segunda onda a ser a mais mortífera e o pico de óbitos a registar-e em outubro e novembro desse ano. Em 1917 deu-se a revolução Russa e «no redesenho do mapa europeu a Confederação de Versalhes de 1919, concluiu-se que a mortalidade rondaria entre 40 a100 milhões.
Fernando Rosas analisou, enquanto historiador, o clima que se viveu em Portugal nesses conturbados tempos e elogia a preocupação do diretor-geral da Saúde, Ricardo Jorge, pela maneira como enfrentou a situação caótica desses tempos. Conclui que ele foi pioneiro numa tentativa de resposta de saúde pública em Portugal, procurando envolver toda a sociedade e divulgando um conjunto de conselhos profiláticos. Em Lisboa, por exemplo, quando o número de óbitos aumenta para 400 por semana, o liceu Camões, o quartel dos Bombeiros da Amadora, o Palácio da Junqueira, foram transformados em instalações hospitalares de emergência. Até trens de passeios transportavam caixões para os cemitérios. E continua a dizer o referido historiador «que havia cadáveres deixados nas ruas de Lisboa, à espera que uma carreta os transportasse para a vala comum». No mesmo contexto F. Rosas, cita o jornal «Tempo» de 19 de Outubro de 1918 que numa das mais vigorosas críticas à alarmante e gravíssima situação do país que «é raro o lar onde a morte não tenha ou que a doença não tenha visitado – dá conta de que «os coveiros já não dão vazão à sua tarefa horrível e ainda ontem ficaram por enterrar perto de cinquenta cadáveres». No Porto a mortalidade foi comparativamente menor nestes centros urbanos que no resto do país. Leiria, Amarante e o Algarve tiveram, mesmo assim maior incidência. E para evitar que a população tivesse a real noção do flagelo, faziam-se os funerais durante a noite». Reza ainda revista do CM que esses surtos de vírus se desenvolviam mais na primavera e no verão; e que, ao contrário do vírus que atinge as faixas etárias extremas, a de agora poupa mais as crianças». Outra historiadora Helena da Silva recorda que «o vírus se espalhava facilmente nas viagens de elétrico ou nas mesas de café. E escreve que Fernando Rosas considera a Pneumónica mais democrática do que estoutra pois não se confinou aos bairros operários – ao contrário do tifo grassava nas classes sociais mais baixas, mas não chegava à cidade burguesa». De notar que a Gripe Espanhola foi a doença que matou mais gente
Ressalta neste relato da revista do CM que em 1919, a Direção-Geral da Saúde decidiu que «não fazia sentido encerrar escolas repartições públicas, fábricas, mercados, cinemas ou igrejas». Cem anos depois fez-se o contrário. Oxalá a experiência seja positiva para Portugal e para todo o mundo.
A revista Ler História, na sua edição nº 73/2018 publicou um recomendável artigo científico sobre doença, da autoria de José Manuel Sobral e de Maria Luísa Lima. Desse artigo entendemos reproduzir o gráfico que aqui se reproduz para dar uma panorâmica do quadro de vítimas em Portugal.

Quadro 1. Óbitos presumidos por pneumónica entre 1917 e 1919 (valores por distrito)



3.  A Peste Bubónica declarou-se no Porto em 1899

A revista Ler História, na sua edição nº 73/2018 publicou um recomendável artigo científico sobre doença, da autoria de José Manuel Sobral e de Maria Luísa Lima. Aí noticia que «em 1899 declarou-se no Porto uma epidemia de peste bubónica, diagnosticada pelo professor de higiene e medicina legal da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, Ricardo Jorge- verificada por vários médicos estrangeiros que se deslocaram a Portugal para estudar a doença e que publicaram relatórios sobre o combate à epidemia, nos quais  Em 24 de agosto de 1899 foi estabelecido um cordão sanitário à volta do Porto, cercado pelas autoridades militares, que foi levantado em 22 de dezembro. Os jornais diários transcreveram todo o processo científico de apuramento dos diagnósticos: autópsias, inoculação de ratos, tratamentos. Os relatórios do professor Ricardo Jorge foram minuciosamente reproduzidos nos jornais diários, o que revela o interesse dos jornalistas na divulgação dos métodos científicos, com o objetivo de alertar os leitores para o perigo real da doença, que não foi bem aceite na cidade. O bacilo que provoca a doença tinha sido isolado em 1894 por Alexandre Emile Jean Yersin, um médico suíço, em conjunto com Kitasato Shibasaburō, após investigação sobre essa doença na China. A sua transmissão era feita pelas pulgas dos ratos e, entre os humanos, podia haver transmissão direta pela pele, nariz e boca, um processo conhecido por Ricardo Jorge e descrito logo no primeiro relatório publicado na imprensa diária. O único tratamento conhecido na altura era o soro Yersin, produzido no Instituto Pasteur de Paris. Duzentos tubos deste medicamento foram logo encomendados, apesar da opinião de Ricardo Jorge que esse soro não dava “os resultados lisonjeiros que a princípio se divulgaram”. A Sua eficácia dependia da rapidez da aplicação, logo nos primeiros dias da doença, e funcionava melhor ainda como preventivo, como foi usado pelos médicos franceses que se deslocaram ao Porto para estudar a evolução da epidemia.

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