A 10 de Janeiro deste ano fizemos aqui
referência a um artigo publicado por Barroso da
Fonte, na revista Aquae flaviae (Grupo Cultural Aquae Flaviae),
sobre um autor transmontano que se
destacou na Literatura Africana com um volume notável onde descreve relatos
impressionantes e cruéis dos massacres levados a cabo pela UPA contra as
populações civis de brancos e negros civis, mulheres, crianças, velhos e
indefesos. E milhares de assassinatos dos trabalhadores bailundos que não
estavam enquadrados na política e estratégia da UPA, com requintes de malvadez –
REIS VENTURA.
“Reis Ventura é o pseudónimo literário de
Manuel Joaquim dos Reis Barroso. Tendo começado a sua vida pela Ordem de São
Francisco, onde professou com o nome de Vasco Reis e recebeu ordens sacras,
estudou Teologia em Espanha, tendo seguido depois para Moçambique como
missionário. Ali abandonaria não só os franciscanos como as próprias ordens
sacerdotais, tendo regressado a Lisboa onde estudou então na Escola Superior
Colonial. Em 1938 seguiu para Angola, onde trabalhou primeiro como funcionário
administrativo e, ultimamente, como empregado da companhia de petróleos daquela
então colónia. Regressou a Portugal em 1975, tendo-se fixado em Lisboa.
Estreou-se como poeta com o volume A Romaria, que em 1934 recebeu o
"Prémio Antero de Quental" do Secretariado de Propaganda Nacional,
ex-aequo com a Mensagem de Fernando Pessoa. Para além de continuar a cultivar a
poesia, dedicou-se depois a escrever crónicas, contos e romances de temática
colonial, pelo que recebeu alguns prémios da antiga Agência Geral das Colónias.
Está representado nas antologias: Novos Contos d'África, de Garibaldino de
Andrade e Leonel Cosme, 1962; Contos Portugueses do Ultramar, de Amândio César,
1969; O Corpo da Pátria, antologia poética sobre a guerra colonial, de
Pinharanda Gomes, 1971; e Antologia do Conto Ultramarino, de Amândio César, 1972”,
diz-nos o Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Lisboa, 1997.
E sobre este autor flaviense dizem-nos
ainda: “Reis Ventura foi um dos escritores que integrou aquela que se pode
classificar como a segunda fase da literatura colonial portuguesa de inspiração
africana, no século XX. A primeira fase, representada por escritores como
Henrique Galvão (1895-1970), Julião Quintinha (1885-1968) e Castro Soromenho
(1910-1968), desenvolveu-se entre as décadas de 20 e 40 coincidindo
predominantemente com a recuperação do conceito de império colonial,
preconizado pelo Estado Novo.
A segunda fase veio a coincidir com o
início da autodeterminação dos países francófonos de África, já na década de
50, e com a sublevação nas colónias portuguesas, na década seguinte. Em Angola,
esta fase cristalizou-se à volta do Grupo da Província, um conjunto de artistas
e escritores que contribuíram para o Suplemento Literário do jornal "a
província de Angola", logo a partir da década de 40.
Durante a década de 60, este grupo,
apoiado tacitamente pelo governo e pela Agência Geral do Ultramar, veio a ser
contestado, na sua literatura comprometida com o regime, por escritores de
oposição ao colonialismo e ao Salazarismo, como José Luandino Vieira”.
Tudo isto que acabámos de escrever sobre
Reis Ventura, está nesse artigo sublime, publicado no último número da
revista Aquae flaviae (Grupo Cultural Aquae Flaviae), assinado por João
Barroso da Fonte.
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