terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Boas-Festas do sábio Professor e Apóstolo da Biodiversidade


JORGE LAGE

Não sei porque é que o Prof. Jorge Paiva, da Universidade de Coimbra, não é louvado ou condecorado pelo Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa? Será que as condecorações são mais folclore? Conhecendo eu este ilustre Professor jubilado há mais de 20 anos representa para mim uma fonte de inspiração e um exemplo (A greta faz mais parte do folclore de interesses). A sua amizade deixa-me honrado. No currículo tem centenas de missões científicas internacionais a um ritmo de cerca de dez viagens por ano aos mais díspares países. Um dos últimos dez países estudados na sua biodiversidade foi Moçambique. Assim, conhece imensos países e a sua biodiversidade. O muito ilustre Professor é avesso aos políticos. Isto é, não é fácil aceitar convites para o que quer que seja. Na quadra natalícia envia um original postal de Boas-Festas aos milhares de amigos; um esforço tremendo só a compor os endereços e gasto financeiro, principalmente quando os destinatários estão em países estrangeiros. Pois bem, este ano da graça de 2019, recebo em Novembro as suas originais e sábias Boas-Festas, como o melhor presente que poderei ter. Como vem sendo habitual, as suas Boas-Festas vêm acompanhadas de um pequeno bilhete que reza: «Este é o meu 30º cartão. Não sei se continuarei com eles. Já deixei de escrever artigos sobre problemas ambientais, pois os leitores que me interessava que os lessem não o fazem (governantes, deputados, políticos e juventude). Assim, prefiro ir coligindo todos os dados que os cientistas têm vindo a publicar e publicitar, há já alguns anos, para as, já evidentes, “Alterações Climáticas” e “Poluição Global (sólida, líquida e gasosa)”, sem que os governantes e políticos mundiais tomem efectivamente quaisquer medidas. Isto para que as futuras gerações (os meus trinetos, por exemplo) venham a saber quem foram os responsáveis pelos desastres ambientais que os vão atingir, como, por exemplo, piroverões cada vez mais devastadores no nosso país; a subversão do previsto aeroporto de Montijo; secas tremendas; temperaturas insuportáveis para a vivência da espécie humana; fome; novas doenças; etc. Segundo a Organização Mundial de Saúde, morrem anualmente 7 milhões de pessoas em consequência da poluição atmosférica. Nas regiões tropicais já ocorre uma nova doença renal provocada pelas severas secas e elevadas temperaturas resultantes do “Aquecimento Global”. A comunicação social não noticia isto, nem o ecocídio para que caminha, inexoravelmente, o Planeta Terrestre, que não é mais do que uma grande gaiola em que vivemos e uma pequeníssima ilha do Universo.» Depois desta sábia e avisada mensagem do sábio Professor e Apóstolo da Biodiversidade passemos ao cartão de Boas-Festas: «A INVERSÃO DAS BIODIVERSIDADES: URBANA E RURAL – A agricultura intensiva implicou o derrube de grande número de árvores e a poluição química dos campos, o que provocou uma diminuição drástica do número de insectos, vermes, pequenos mamíferos e respectivos predadores. Assim, muitos animais procuraram refúgio e alimentação nos espaços verdes urbanos. Em consequência disso, passou a ser frequente verem-se no meio urbano muitas aves, mamíferos e outros animais dos campos. Que passaram a ter toda a vivência fora do meio rural. O melro (Turdus merula) urbano não só tem hábitos distintos do rural, chegando a não migrar, reproduzindo-se mais cedo, como também tem várias posturas anuais, com poucos ovos, em vez de uma única, com mais ovos, como acontece com o melro rural. Até algumas aves de rapina se tornaram urbanas, nidificando nas varandas de prédios, como o falcão-peregrino (Falco peregrinus), 
actualmente bastante comum nas cidades europeias e o peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) que nidifica nas gárgulas da Torre do Tombo, em Lisboa. Em Coimbra, no Choupal, nidificam cerca de 50 casais de milhafre-preto (Milvus migrans). Alguns animais “urbanos” passaram até a ter novos nomes vulgares como, por exemplo, a raposa (Vulpes vulpes) que, em Inglaterra, é conhecida como “fox” e a urbana “city fox”. Em Inglaterra há cerca de 150.000 raposas urbanas. Em Coimbra já se observam, com relativa facilidade, lebres (Lepus europaeus), raposas, genetas (Genetta genetta), doninhas (Mustela nivalis) e lontras (Lutra lutra), tendo já ocorrido (1996) o atropelamento de um javali (Sus scrofa) próximo da entrada principal do Hospital da Universidade e no dia 9 de Janeiro de 2018, uma fêmea “passeou-se”, manhã cedo, pela rua onde moro em Coimbra. Em 2015 uma vara de javalis vagueava em frente ao restaurante do Portinho da Arrábida e no dia 18 de Agosto de 2017 alguns javalis banharam-se na praia de Galapinhos (Setúbal) conjuntamente com alguns banhistas. No 17 de Outubro de 2013, às 7 da manhã, foi atropelado um na Avenida do Brasil, na Figueira da Foz. Em Londres, já é relativamente fácil observar texugos (Meles meles) e, em alguns parques de grande dimensão, como, por exemplo, Richmond Park, veados (Cervus elaphus). Noutros continentes também ocorrem no meio urbano animais tipicamente selvagens, como o coiote (Canis latrans) e o puma (Puma concolor) na América, onde Chicago há cerca de 2.000 coiotes urbanos e em Churchill (Norte do Canadá), por vezes, chega a haver maior número de ursos-polares (Ursus maritimus) do que habitantes; o urso-pardo-asiático (Ursus arctos, subsp. lasiotus) e o leopardo-asiático (Panthera pardus, subsp. fusca) na Ásia; o canguru-gigante (Macropus giganteus) e a cacatua-rosada (Elophus roseicapilla) na Austrália. Símios são comuns no meio urbano em Gibraltar (Macaca sylvanus) e na Índia (Macaca mulatta e Semnopithecus dussumieri). Os animais de pequeno porte (insectos, aranhas, novas para a ciência, uma (Tegenaria barrientosi) no Jardim Botânica de Coimbra e outra (Tegenaria incógnita) no Parque Florestal de Monsanto (Lisboa). Façamos votos para que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos para que não se continue a destruir e poluir os ecossistemas naturais. Jorge Paiva 2019. Feliz Natal e Próspero Ano Novo, são os votos do Jorge Paiva.» Os cartões de Boas-Festas do Prof. Jorge Paiva já estiveram expostos no grande Museu de Londres. Boas-Festas para o amigo Professor e para os amigos leitores, Director do Notícias de Mirandela e colaboradores!

Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com –12DEZ2019

Provérbios ou ditos de Dezembro:
         Castanha cozida, é boa comida.
         Em Janeiro, nem galgo lebreiro nem cão perdigueiro.
         Lume de giesta, lume de festa, acabou-se a giesta acabou-se a festa.
Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com – 12DEZ2019

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