JORGE LAGE |
Não sei porque é que o Prof.
Jorge Paiva, da Universidade de Coimbra, não é louvado ou condecorado pelo
Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa? Será que as
condecorações são mais folclore? Conhecendo eu este ilustre Professor jubilado
há mais de 20 anos representa para mim uma fonte de inspiração e um exemplo (A
greta faz mais parte do folclore de interesses). A sua amizade deixa-me
honrado. No currículo tem centenas de missões científicas internacionais a um
ritmo de cerca de dez viagens por ano aos mais díspares países. Um dos últimos
dez países estudados na sua biodiversidade foi Moçambique. Assim, conhece
imensos países e a sua biodiversidade. O muito ilustre Professor é avesso aos
políticos. Isto é, não é fácil aceitar convites para o que quer que seja. Na
quadra natalícia envia um original postal de Boas-Festas aos milhares de
amigos; um esforço tremendo só a compor os endereços e gasto financeiro,
principalmente quando os destinatários estão em países estrangeiros. Pois bem,
este ano da graça de 2019, recebo em Novembro as suas originais e sábias
Boas-Festas, como o melhor presente que poderei ter. Como vem sendo habitual,
as suas Boas-Festas vêm acompanhadas de um pequeno bilhete que reza: «Este é
o meu 30º cartão. Não sei se continuarei com eles. Já deixei de escrever
artigos sobre problemas ambientais, pois os leitores que me interessava que os
lessem não o fazem (governantes, deputados, políticos e juventude). Assim,
prefiro ir coligindo todos os dados que os cientistas têm vindo a publicar e
publicitar, há já alguns anos, para as, já evidentes, “Alterações Climáticas” e
“Poluição Global (sólida, líquida e gasosa)”, sem que os governantes e
políticos mundiais tomem efectivamente quaisquer medidas. Isto para que as
futuras gerações (os meus trinetos, por exemplo) venham a saber quem foram os
responsáveis pelos desastres ambientais que os vão atingir, como, por exemplo,
piroverões cada vez mais devastadores no nosso país; a subversão do previsto
aeroporto de Montijo; secas tremendas; temperaturas insuportáveis para a
vivência da espécie humana; fome; novas doenças; etc. Segundo a Organização
Mundial de Saúde, morrem anualmente 7 milhões de pessoas em consequência da
poluição atmosférica. Nas regiões tropicais já ocorre uma nova doença renal
provocada pelas severas secas e elevadas temperaturas resultantes do
“Aquecimento Global”. A comunicação social não noticia isto, nem o ecocídio
para que caminha, inexoravelmente, o Planeta Terrestre, que não é mais do que
uma grande gaiola em que vivemos e uma pequeníssima ilha do Universo.» Depois
desta sábia e avisada mensagem do sábio Professor e Apóstolo da Biodiversidade
passemos ao cartão de Boas-Festas: «A INVERSÃO DAS BIODIVERSIDADES: URBANA
E RURAL – A agricultura intensiva implicou o derrube de grande número de
árvores e a poluição química dos campos, o que provocou uma diminuição drástica
do número de insectos, vermes, pequenos mamíferos e respectivos predadores.
Assim, muitos animais procuraram refúgio e alimentação nos espaços verdes
urbanos. Em consequência disso, passou a ser frequente verem-se no meio urbano
muitas aves, mamíferos e outros animais dos campos. Que passaram a ter toda a
vivência fora do meio rural. O melro (Turdus merula) urbano não só tem hábitos
distintos do rural, chegando a não migrar, reproduzindo-se mais cedo, como
também tem várias posturas anuais, com poucos ovos, em vez de uma única, com
mais ovos, como acontece com o melro rural. Até algumas aves de rapina se
tornaram urbanas, nidificando nas varandas de prédios, como o falcão-peregrino
(Falco peregrinus),
actualmente bastante comum nas cidades europeias e o
peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) que nidifica nas gárgulas da Torre do
Tombo, em Lisboa. Em Coimbra, no Choupal, nidificam cerca de 50 casais de
milhafre-preto (Milvus migrans). Alguns animais “urbanos” passaram até a ter
novos nomes vulgares como, por exemplo, a raposa (Vulpes vulpes) que, em
Inglaterra, é conhecida como “fox” e a urbana “city fox”. Em Inglaterra há
cerca de 150.000 raposas urbanas. Em Coimbra já se observam, com relativa
facilidade, lebres (Lepus europaeus), raposas, genetas (Genetta genetta),
doninhas (Mustela nivalis) e lontras (Lutra lutra), tendo já ocorrido (1996) o
atropelamento de um javali (Sus scrofa) próximo da entrada principal do
Hospital da Universidade e no dia 9 de Janeiro de 2018, uma fêmea “passeou-se”,
manhã cedo, pela rua onde moro em Coimbra. Em 2015 uma vara de javalis vagueava
em frente ao restaurante do Portinho da Arrábida e no dia 18 de Agosto de 2017
alguns javalis banharam-se na praia de Galapinhos (Setúbal) conjuntamente com
alguns banhistas. No 17 de Outubro de 2013, às 7 da manhã, foi atropelado um na
Avenida do Brasil, na Figueira da Foz. Em Londres, já é relativamente fácil
observar texugos (Meles meles) e, em alguns parques de grande dimensão, como,
por exemplo, Richmond Park, veados (Cervus elaphus). Noutros continentes também
ocorrem no meio urbano animais tipicamente selvagens, como o coiote (Canis latrans)
e o puma (Puma concolor) na América, onde Chicago há cerca de 2.000 coiotes
urbanos e em Churchill (Norte do Canadá), por vezes, chega a haver maior número
de ursos-polares (Ursus maritimus) do que habitantes; o urso-pardo-asiático
(Ursus arctos, subsp. lasiotus) e o leopardo-asiático (Panthera pardus, subsp.
fusca) na Ásia; o canguru-gigante (Macropus giganteus) e a cacatua-rosada
(Elophus roseicapilla) na Austrália. Símios são comuns no meio urbano em
Gibraltar (Macaca sylvanus) e na Índia (Macaca mulatta e Semnopithecus
dussumieri). Os animais de pequeno porte (insectos, aranhas, novas para a
ciência, uma (Tegenaria barrientosi) no Jardim Botânica de Coimbra e outra
(Tegenaria incógnita) no Parque Florestal de Monsanto (Lisboa). Façamos
votos para que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos
para que não se continue a destruir e poluir os ecossistemas naturais.
Jorge Paiva 2019. Feliz Natal e Próspero Ano Novo, são os votos do Jorge
Paiva.» Os cartões de Boas-Festas do Prof. Jorge Paiva já estiveram
expostos no grande Museu de Londres. Boas-Festas para o amigo Professor e para
os amigos leitores, Director do Notícias de Mirandela e colaboradores!
Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com –12DEZ2019
Provérbios ou
ditos de Dezembro:
Castanha cozida, é boa comida.
Em Janeiro, nem galgo lebreiro nem cão
perdigueiro.
Lume de giesta, lume de festa,
acabou-se a giesta acabou-se a festa.
Jorge Lage – jorge.j.lage@gmail.com – 12DEZ2019
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