Esta semana, no estado norte-americano
da Florida, um bebé de 18 meses faleceu de subnutrição na sequência da
alimentação vegan dada pelos pais. Infelizmente, não é caso único. Nos últimos
anos houve casos semelhantes em vários pontos do mundo. E além destas situações
com finais trágicos, há ainda registos cada vez mais frequentes de crianças que
são assistidas, pela mesma razão, com raquitismo, deformações ósseas, atrasos
motores e outras complicações graves decorrentes da dieta alimentar.
A culpa não é do veganismo em si – que
pode ser um estilo de vida bastante saudável e com várias vantagens
individuais, sociais e ambientais – mas da falta de informação oferecida ou
procurada que muitas vezes leva a perigosos casos de negligência.
Tem sido controversa a questão de um
estilo de vida vegan associado aos bebés, crianças e grávidas. Se alguns
especialistas são perentórios em afirmar que este regime alimentar é
desapropriado para um ser em desenvolvimento, outros defendem que pode ser
oferecido se adequadamente planeado e ajustado às várias etapas do
desenvolvimento, quando associado a suplementos necessários que não se
encontram presentes nestes alimentos.
Acontece que há países como a Austrália
onde não há um acompanhamento pediátrico como o conhecemos – as crianças só vão
ao médico quando estão doentes – e mesmo onde ele existe acredito que nem
sempre haja informação suficiente para auxiliar estes pais.
Cada um é livre de escolher o estilo de
vida que bem entende – do mais saudável ao mais doentio – mas quando a
responsabilidade deixa de ser só em relação a nós próprios, para recair sobre
um menor ao nosso cuidado, indefeso, temos de ter em conta outros parâmetros.
Se está em causa a saúde, temos de procurar e reunir toda a informação e
decidir conscientemente, distanciados de crenças e ideologias. E não falo só da
alimentação, mas de tudo o que pode pôr em risco a vida de um filho, começando
por um parto mal assistido, a falta de vacinação ou o recurso à naturopatia.
Como pode, por exemplo, alguém que foi
vacinado em criança, decidir que o seu filho não o será e deixá-lo à sorte de
doenças graves como a tuberculose? Como estaria o mundo se não houvesse
vacinas?
É cada vez mais importante defender e
praticar um estilo de vida saudável numa altura em que estamos constantemente
em contacto com substâncias nocivas, presentes até num simples talão de
supermercado ou num papel reciclado. Mas não o podemos fazer cegamente sem
pesar todas as consequências. Não faz sentido que em pleno século XXI um bebé
morra de desnutrição no seio de uma família instruída, ou que uma criança morra
de sarampo num país desenvolvido ou que não se procure a cura para uma doença
grave na medicina moderna se esta lhe der uma resposta adequada.
É caso para perguntar: fará sentido pôr
em causa a sobrevivência de um ser humano em defesa de um estilo de vida
saudável?
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