sexta-feira, 22 de março de 2019

O Vinho como moeda de troca na arte periférica duriense Setecentista


A produção de vinho, remonta a tempos remotos e difusos. Os mais antigos testemunhos arqueológicos atestam que a sua produção era já notória num povoamento do Neolitico no Norte das montanhas Zagros, há cerca de 7400 anos[1]. Contudo, o estado actual da investigação não pode comprovar que seja esse o berço da vinificação. Parece, no entanto, supondo ser esse o seu berço, que o vinho se terá difundido em duas direcções: a primeira, terá seguido rumo à Assíria, deslocando-se depois para os outros estados da Mesopotâmia[2] e daí para o Egipto, onde se produzia o néctar há cerca de 5000 anos. E há cerca de 3000 anos o seu consumo era já generalizado no Sudoeste asiático.
Pela segunda via, o vinho teria chegado ao Egeu através da Anatólia, tornando-se parte integrante da cultura grega, penetrando depois nas colónias gregas do Mediterrâneo, como a Sicília, o Sul da Itália[3] e Massília (Marselha), dirigindo-se para o interior, pelo vale do Ródano.
Estas conclusões têm origem nas várias escavações arqueológicas produzidas em Catal Hüyuk (Turquia), em Damasco (Síria), em Byblos (Líbano), na Jordânia, na Georgia (Russia) e em Israel (Jericó).
Porém, segundo os dados actuais, as videiras teriam sido domesticadas em 3500 a.C[4]. Por essa época, surgiram em Uruk, na Mesopotâmia, várias profissões especializadas e as primeiras tabernas[5]. No Egipto, a presença das uvas está datada desde o Pré-dinástico (4000-3500 a.C.), em estações arqueológicas junto ao Delta do Nilo[6]. No túmulo de Tutankhamon, em cerca de cinco mil peças classificadas, entre as mais significativas do espólio tumular, encontrava-se um coador de vinho e 40 potes de vinho[7].
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[1] KIPLE, Kenneth F., Uma História Saborosa do Mundo – Dez Milénios de Globalização Alimentar, Casa das Letras, 2008, p. 93.
[2] Em 1960, foi encontrada uma ânfora suméria, com manchas residuais de vinho.
Em termos agrícolas foi encontrado, numa expedição americana (1949 / 50), o primeiro manual de agricultura na Suméria, datado de há mais de 3500 anos (cf. KRAMER, Samuel Noah, A História da Suméria, Europa América, 1997, pp.89-94).
[3]Uma das mais antigas ânforas de vinho encontrada em Itália é etrusca e data de cerca de 600 a.C.
[4] HARARI, Yuval Noah, Sapiens, de animais a deuses – História Breve da Humanidade, Elsinore, 2017, p. 100. Mas já milénios antes vários animais e produtos agrícolas como o trigo e a cevada, o haviam sido. Acerca da agricultura, cf. DIAMOND, Jared, O Terceiro Chipanzé, Temas e debates / Círculo de Leitores, 2014, cap. 10, pp. 259-273. É em Jared que Yuval Noah fundamenta algumas das suas ideias.
[5]  LODINOW, Leonard, De Primatas a Astronautas, Marcador, 2016, p.57.
[6] FONSECA, Sofia, entre outros, O vinho no Antigo Egipto: uma história mediterrânea, Mundo Antigo, Ano I- Vol I, Junho, 2012, p. 142.
[7] ARAÚJO, Luís Manuel de, Os Grandes Mistérios do Antigo Egipto, a esfera dos livros, 2017, p. 159.

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