Aquartelamento no MUCONDO, em plena zona de guerra, onde o autor destas crónicas, assentou arraiais mal chegou a ANGOLA. |
Em boa hora o Doutor
Barroso da Fonte publicou estas memórias de um período conturbado da Nação
portuguesa. Escritas de forma simples, sem floreados. Nelas se vislumbra um
homem que, a dado momento da sua vida, foi forçado a abandonar a sua terra, o
seu pátrio Barroso, como várias vezes afirma, para local longínquo, para lá do
oceano visível, uma província da antiga África portuguesa – Angola.
Para lá foi mandado em
cumprimento do dever, assim que concluiu o curso de Rangers em Lamego. Enviado para o Norte de Angola, à época um palco
de operações bélicas sangrentas, foi o drama dele e de muitos consortes que o
acompanharam no Paquete Vera Cruz.
O Caxito era a zona
limítrofe da guerra sangrenta que deflagrara em todo o norte de Angola a partir
de 15 de Março de 1961. Barroso da Fonte foi aí colocado como alferes no
Aquartelamento no MUCONDO. Conheceu os piores teatros de guerra: Nambuangongo,
Ucua, Dembos ou Zemba. Aí esteve 24 meses.
Dessa selva africana,
quando o tempo corria de feição, escrevia crónicas para os dois jornais
flavienses, com quem colaborava: O
Noticias e A Voz. E é dessas
crónicas, serenas e lucidas, escritas entre 1965-67, que nos dá conta o livro
agora publicado.
A 28 de Abril de 1965
iniciou a sua “trágica odisseia”, em cumprimento da missão que lhe fora dada.
Embarcou no cais de Alcântara.
Nestas primeiras 58 páginas lidas, está presente a nostalgia do autor pelo pátrio Barroso, pelas festas, tradições e pessoas do planalto barrosão, vigiado a miúde pela mítica serra do Larouco, onde se sente a presença pagã milenar. São raras as referências à Antiga África Portuguesa, para a qual se deslocou em cumprimento do dever. Uma referência aqui, outra ali, sobretudo à “grandiosa” cidade de Luanda, onde várias destas crónicas foram escritas, na mesa de um café predilecto (cujo nome ainda se não sabe): “Á hora em que escrevo o sol está encoberto com nuvens portadoras de cacimbo nocturno. Mas a cidade sorri, com seu semblante de menina solteira, dama castiça, senhora livre e donairosa” (p.47). A beleza desta escrita assume uma realidade primorosa. Só quem lá esteve sabe da verdade escrita por Barroso da Fonte.
Desmistifica alguns mitos
criados acerca do clima angolano (p.44) e do natural ciclo dos dias. A noite
surge rápido, assim como o dia.
Ás operações no teatro de
guerra, nestas primeiras 58 páginas, dedica uma cronica (26), na página 54.
Destaca a fé católica, o episódio do camarada morto no Rio Douro e as Madrinhas de Guerra.
Iremos iniciar a leitura
da crónica 30, onde o autor irá tratar a aproximação do Natal. Destas páginas e
das seguintes, daremos notícia quanto breve possível.
Armando
Palavras
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