segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Sem palhaços não há circo


BARROSO da FONTE

No introito do livro A saga da Santidade de D. Afonso Henriques, apresentado em Dezembro do ano passado, com a chancela da Fundação Lusíada, afirmei: «no preciso dia em que escrevo as primeiras palavras deste introito, leio na revista TV7dias: a série Madre Paula que a estação pública de Televisão estreia a 5 de Julho desse ano, baseada no romance histórico de Patrícia Muller, retrata o amor proibido, entre D. João V e Paula, uma freira do convento de Odivelas. A história remonta ao século XVIII, ao reinado de D. João V de Portugal, época em que se viviam tempos de fausto na corte de devassidão nos conventos».
Importará dizer que este rei (1689 – 1750) «Magnânimo e Fidelíssimo», ficou, por outro lado, conhecido como o «Freirático» por se envolver, no seu longo reinado de 45 anos, com as freiras do convento de Odivelas. Apaixonado pela Madre Paula, com ele levava os assessores mais próximos e mais influentes. «Tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia da lá fica a asa».
Esse convento virou bordel oficioso. Madre Paula tinha do rei toda a força institucional. Para expiar os pecados, sucessivamente perdoados, em troca dos baús de dinheiro, enviados para o Vaticano, D. João V, servia dois poderes ao mesmo tempo: Deus e o Diabo. No que respeita à religião católica esses afetos «freiráticos», fizeram com que o Rei se colocasse ao lado de Vicente Bichi, núncio que pretendia ver feito cardeal e chefe da Nunciatura de Lisboa. O Papa Bento XIII não fez a vontade ao rei Português. Este extinguiu a nunciatura em Lisboa, cortando relações com a Santa Sé. A consequência foi drástica: Bento XIII não deu seguimento ao processo de beatificação de D. Afonso Henriques, que se iniciara, em meados de 1728, com base na tese doutoral do Teólogo José Pinto Pereira.
Se Portugal gastou as receitas da Coroa que João V remetia, abusivamente, para o Vaticano, por cá teimava em beneficiar as freiras de Odivelas que foi chocadeira dos «Meninos de Palhavã» que viviam no Palácio do mesmo nome e que foram, oficialmente, legitimados e reconhecidos como «filhos de mulheres limpas de todo o sangue infecto».
Passados 228 anos o poder político restaura o «bordel dos ministros» do reinado de D. João V.
Assunção Cristas ressuscitou, há cerca de um mês, a simbologia perfeita dos autores da bancarrota. 
Sócrates foi o sósia de D. João V, quer no bodo às ninfas, quer nos dispêndios ao cardinalato profano coadjuvante. 
O segundo foi António Costa como bem o caraterizou a líder centrista, ao chamar-lhe o número 2. 


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Por mais que tente gabar-se de sucessos, o futuro o julgará como o fracassado que deve aos parceiros da esquerda, réstias de alguma verdade. Nunca houve tantas greves, tantas derrocadas, tantos roubos, tantas classes defraudadas, tantos crimes de sangue, tantas promessas violadas, tantos garanhões a viver à custa do povo que não se manifesta nas ruas, pela ausência da «geringonça», que era quem mais barulho fazia. Neutralizada a geringonça deixou de haver quem ostente os cartazes e profira os palavrões da contestação. Por isso vamos todos - aqueles que aceitamos as tempestades com fé de procissão, como dizia Miguel Torga - numa espécie de carroça de bacorinhos para o matadouro municipal.

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Revista Tellus nº 80

Acaba de sair a público o nº 80 da revista Tellus (Vila Real), revista de cultura transmontana e duriense.