Por morrer uma andorinha
não acaba a Primavera, diz o poeta e com muita verdade. No dia 10 e 11 de
Novembro houve na Bajouca Centro a tradicional “matança” que junta todo o
pessoal fixe do lugar à volta do evento. Desta vez foi-me impossível tomar
parte na festança, mas lá estive muito presente em espírito, e como prova, aqui
dou sinais disso mesmo. O Zé João tudo fez no sentido de me ajudar a estar
presente, chegando até a encarregar o seu tio José Vitória a me dar boleia, só
que anteriormente já me tinha comprometido com outras obrigações, e como
palavra dada se deve respeitar, a deslocação ficou sem efeito. Há mais mares
que marinheiros.
O tempo esteve chuvoso,
mas a casa é do tamanho da generosidade dos proprietários e por isso cabe lá o
mundo todo. Fotos foram muitas e cada qual a mais elucidativa a dar a imagem do
que foi a festança. Sei que perdi uma rica oportunidade de reviver um tradição
que embora um pouco “macabra” , me faz reviver uma história que se passou
comigo em Fermil de Basto.
Desde miúdo que nunca
gostei de ver fazer mal aos animais ditos irracionais, dai que num dia da
matança, em casa do meu padrinho de baptismo, ao ser encarregado de uma
actividade – que não me lembro – recusei alegando que tinha pena de ver matar o
reco. Fui desculpado e dispensado do trabalho. Quando depois à mesa apareceram
os rojões, as febras e tudo o mais que de bom o porco depois de morto dá, é que
foram elas, com esta sentença discriminatória: Se tens pena de ver matar o
porco, também deves evitar comer da carne dele. E assim me aconteceu! Nunca
mais caí noutra!
No sábado foi a matança,
e como de costume cada participante levou uma posta de bacalhau para o
respectivo almoço desse dia, dado que ainda não há carnuça para esse fim.
Entretanto já com o porco
morto e chamuscado, aberto e limpo como se diz, e pendurado para escorrer o
sangue, e assim fica até ao dia seguinte. A lavagem das tripas e depois vai de
fazer o jantar com os “miúdos” do que nesse dia se tirou do porco ou porca
tanto faz. É mais um dia destinado a quem se dispõe vir mais para trabalhar.
Já no dia 11, a conversa
foi outra até porque este ano calhou no dia de São Martinho. Foi de arromba, e
até o Sr. Padre Davide, honrou o convívio com a sua presença e os sons do seu
acordeão. Além do desmanche do porco foi fazer os torresmos, as morcelas e as
febras que deram muito trabalho e barriguinhas fartas.
Esta gente merece e estes
encontros são muito salutares, nesta terra de gente muito unida e generosa.
Parabéns a todos quantos com a sua energia animam e dão força a iniciativas
como esta. As minhas felicitações, e muita pena por não ter ido também.
Aqui todo bem-disposto, o
meu amigo e pai da Fernanda Soares. Os anfitriões da "matança".
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