domingo, 18 de novembro de 2018

A matança na Bajouca Centro



Por: Costa Pereira Portugal, minha terra

Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera, diz o poeta e com muita verdade. No dia 10 e 11 de Novembro houve na Bajouca Centro a tradicional “matança” que junta todo o pessoal fixe do lugar à volta do evento. Desta vez foi-me impossível tomar parte na festança, mas lá estive muito presente em espírito, e como prova, aqui dou sinais disso mesmo. O Zé João tudo fez no sentido de me ajudar a estar presente, chegando até a encarregar o seu tio José Vitória a me dar boleia, só que anteriormente já me tinha comprometido com outras obrigações, e como palavra dada se deve respeitar, a deslocação ficou sem efeito. Há mais mares que marinheiros.
O tempo esteve chuvoso, mas a casa é do tamanho da generosidade dos proprietários e por isso cabe lá o mundo todo. Fotos foram muitas e cada qual a mais elucidativa a dar a imagem do que foi a festança. Sei que perdi uma rica oportunidade de reviver um tradição que embora um pouco “macabra” , me faz reviver uma história que se passou comigo em Fermil de Basto.
Desde miúdo que nunca gostei de ver fazer mal aos animais ditos irracionais, dai que num dia da matança, em casa do meu padrinho de baptismo, ao ser encarregado de uma actividade – que não me lembro – recusei alegando que tinha pena de ver matar o reco. Fui desculpado e dispensado do trabalho. Quando depois à mesa apareceram os rojões, as febras e tudo o mais que de bom o porco depois de morto dá, é que foram elas, com esta sentença discriminatória: Se tens pena de ver matar o porco, também deves evitar comer da carne dele. E assim me aconteceu! Nunca mais caí noutra!
No sábado foi a matança, e como de costume cada participante levou uma posta de bacalhau para o respectivo almoço desse dia, dado que ainda não há carnuça para esse fim.
Entretanto já com o porco morto e chamuscado, aberto e limpo como se diz, e pendurado para escorrer o sangue, e assim fica até ao dia seguinte. A lavagem das tripas e depois vai de fazer o jantar com os “miúdos” do que nesse dia se tirou do porco ou porca tanto faz. É mais um dia destinado a quem se dispõe vir mais para trabalhar.
Já no dia 11, a conversa foi outra até porque este ano calhou no dia de São Martinho. Foi de arromba, e até o Sr. Padre Davide, honrou o convívio com a sua presença e os sons do seu acordeão. Além do desmanche do porco foi fazer os torresmos, as morcelas e as febras que deram muito trabalho e barriguinhas fartas.
Esta gente merece e estes encontros são muito salutares, nesta terra de gente muito unida e generosa. Parabéns a todos quantos com a sua energia animam e dão força a iniciativas como esta. As minhas felicitações, e muita pena por não ter ido também.
Aqui todo bem-disposto, o meu amigo e pai da Fernanda Soares. Os anfitriões da "matança".

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