por BARROSO da FONTE
Mesmo que só estivesse presente a Casa-Mãe de
Trás-os-Montes e Alto Douro, no local para onde fora anunciado o IV Congresso
Transmontano, teria valido a pena. Foi, antes de mais, um teste à capacidade
mobilizadora dessa Associação Regionalista, a primeira de cariz Transmontano e
aquela que em 1920, teve a coragem de, pela primeira vez, mostrar aos Lisboetas
que, na capital do país morava muita gente do Norte de Portugal, exatamente na
última província Portuguesa chamada Trás-os-Montes e Alto Douro. Vinte anos
depois, foi a mesma Casa Regional que honrou esse aniversário, repetindo o
facto e o feito. Nem de perto nem de longe, havia nessas alturas, as facilidades
de deslocação que hoje há. Em 1960 deveria realizar-se o terceiro congresso.
Mas se por um lado já havia mais e melhores transportes, o nível de vida era
decadente, não só pela guerra do Ultramar, mas também pelo surto emigratório
que despovoou as zonas do interior, mormente Trás-os-Montes, já nessa altura
açambarcada pelos melhores terrenos de cultivo, por troca com as barragens que
ocuparam os melhores vales, obrigando à debandada de povoações inteiras. Apenas
61 anos depois foi possível realizar o III cujas conclusões recomendavam a
atualização dos futuros congressos em nome da Província mais distante do
Terreiro do Paço visto que em 1974 deixou de contar-se com as Províncias (e não
colónias) ultramarinas. Ainda hoje, partindo de Lisboa para Bragança, Madeira e
Açores, se chega mais depressa aos arquipélagos do que ao Nordeste
Transmontano.
Era tempo de, 16 anos depois, quebrar o enguiço e o
feitiço de levar por diante o IV congresso. E mais uma vez, foi a Casa de
Trás-os-Montes de Lisboa que chamou a si essa tarefa.
Ainda não se falava no Congresso Socialista, nem no
Festival do Vinho do Douro Superior, nem se contava com o mau tempo, nem com as
tristes incidências do futebol sportinguista, nem sequer com o louvável
Festival Literário de Bragança. E tudo isso se fez com menos público do que as
organizações contavam. Incluindo o IV Congresso Transmontano que mereceria mais
gente, ora a falar ora a ouvir falar quem para isso se preparou.
O Notícias do Douro que é dirigido pelo Dr. Armando
Mansilha e que tem sempre as suas páginas abertas para toda a colaboração que
lhe seja enviada e se refira a Trás-os-Montes e Alto Douro, fez manchete deste
Congresso e dedicou-lhe mais 4 páginas. Nas 6 e 7 inseriu uma das comunicações
enviadas à organização do evento com a epígrafe: Por detrás dos Montes, da autoria do Dr. A. Guilhermino Pires (que
também usa o pseudónimo de Zé de Murça) e nas pp. 18 e 19, mais um texto ali
contabilizado comunicações sobre «Uma Casa «especial», em Valongo de Milhais -
Murça» (que foi mandada construir e habitada pelo maior herói da Batalha de la
Lyz em 1918). Só estes dois temas dariam pano para mangas, num congresso que se
fizesse sobre figuras humanas do tamanho ético e histórico do Soldado Milhões.
Mas houve mais temas que certamente aconselham um
apoio editorial parta inserir num volume todas as comunicações e as conclusões
desta 4ª edição.
Preço: 20 euros
Campo Pequeno, 50 - 3º Esq.
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Lisboa geral@ctmad.pt Tel.: 217 939 311
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As câmaras municipais que marcaram presença foram
poucas. As socialistas terão privilegiado o seu próprio congresso. Mas cada
executivo tem vários elementos. São raras as ocasiões para mostrar que os
municípios se servem nas horas e nos palcos, em congressos, nos ajuntamentos
comunitários, trocando ideias, discutindo problemas comuns. Os restantes
partidos menos razões tiveram para se alhearem de um evento excecional que
apenas aconteceu quatro vezes ao longo de um século. Se fosse uma manifestação
televisiva, um palanque mediático e louvaminheiro, nenhum faltaria.
Fosse como fosse o IV congresso Transmontano
aconteceu. E mais uma vez coube à Casa Transmontana de Lisboa a iniciativa e os
encargos que deverão ter sido substanciais.
Aquele que
aconteceu há 16 anos e que teve a cidade de Bragança como entidade anfitriã,
contou com um autarca providencial e uma autarquia mecenática. Esse acontecimento
de três dias quase despovoou Lisboa porque teve lá o Presidente da República, o
primeiro-ministro e vários ministros, secretários de Estado, diretores gerais e
muitos técnicos. Talvez por isso as televisões, as rádios e os jornais
cobriram, urbi et orbi, esse evento
que teve o demérito de eclipsar a Federação das Casas Transmontanas, criada
anos antes. Bateu-se pelo secretariado do Congresso, mas saiu afónico. E nunca
mais deu sinal de vida.
As televisões - todas elas - fizeram vista grossa.
Os transmontanos já estão habituados ao desprezo sistemático. O PR limitou-se a
mandar uma mensagem. As restantes Casas regionais primaram pela ausência e pelo
silêncio. Voltarei quando ler a Antologia.
Barroso da Fonte
Comentário:
Por questões éticas não se comentam textos de colaboradores. Mas este, porque assinamos por baixo, aqui deixamos um "larvar" de frases: o Doutor Barroso da Fonte enviou-nos um e-mail que guardaremos religiosamente para as nossas memórias futuras. A Antologia vai-lhe chegar, mais depressa do que pensa, porque dele se aguarda comentário sério. Aquele abraço Transmontano (e, já agora, Africano).
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