Campo Pequeno, 50 - 3º Esq.
1000-081 Lisboa
HIRONDINO ISAÍAS |
Por BARROSO da FONTE |
98 anos
depois do primeiro, terá lugar em Lisboa, o IV Congresso Transmontano. Tal como
aconteceu em 1920, também a ideia nasceu na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro
que tem sede em Lisboa na penúltima semana de Maio. O segundo Congresso
decorreu em Trás-os-Montes, em 1941 e foi aí que Miguel Torga batizou essa
Província como Reino Maravilhoso. O III começou a ser falado em 2 de Agosto de
1984, no semanário o Transmontano. Mas somente se realizou, em Bragança, em 2003. Não conheço pessoalmente o Dr. Hirondino Isaías que atualmente preside à
centenária Casa de Trás-os-Montes de Lisboa, a Mãe de todas aquelas que têm o
mesmo nome. Dentro e fora da Província de Trás-os-Montes, para acolherem o
mesmo tipo de Gente que nasce norte do Rio Douro a partir das suas margens.
Nenhuma outra Gente, nenhum outro Povo, nenhuma outra Raça revelou na Diáspora,
hoje mais conhecida pela Lusofonia, a ancestralidade lusa. Basta contar as
associações, os clubes e as Casas que registaram como suas. Nelas «põem o ovo», como as
galinhas, para fecundarem «pintos caseiros», já que os de aviário não têm
pátria, nem eira, nem beira. Só nós temos esse timbre, aposto no umbigo de quem
nos traz ao mundo. Inconfundivelmente! Em 1920 foram os seus associados que
vieram à Província que os identificava, para ensinarem aos poderosos de Lisboa
e arredores, os caminhos da interioridade. Muitos ali nascem, crescem e morrem,
sem se aperceberem de que muito do que comem, vai de cá de cima lá para baixo.
Vão os melhores vinhos, a melhor batata, o melhor presunto. Vai a energia
elétrica dos Rios Cávado, Rabagão, Tâmega e Douro. Vai a inteligência que por
lá fica e que gera progresso em quase tudo o que faz. Vão: o vinho do Porto, o
néctar do Douro, o Moscatel de Favaios! O mel do Larouco.
Essa viagem
organizada, começou em 1920. Voltou em 1941. Nela apresentou Miguel Torga o
texto que se proverbiou «o Reino Maravilhoso». A III Jornada, deveria ter sido
em 1960, Mas houve fatores exógenos que o foram adiando, até 2002. Em dez
páginas do III Volume do dicionário dos mais ilustres Transmontanos (58/68)
diz-se tudo de quem, do que e para que lá estiveram cerca 1.200 congressistas.
Escrito e assinado por quem fez parte dessa nunca igualada manifestação de
Transmontanismo. Estão vivos: o autarca que mais fez pelo Congresso, quem mais
o divulgou desde aos anos oitenta, os dirigentes das diversas (sete) Casas
Regionais. Das várias conclusões algumas cumpriram-se. Outras ficaram
engavetadas. Uma delas era o IV congresso que ficara marcado, de cinco em cinco
anos. Já passaram 16. Vai acontecer em Maio próximo. Será a 98 anos do
primeiro. O programa ainda não está concluído. A última edição decorreu em
Bragança e envolveu 1.200 inscritos. Foram três dias. Aí se anunciaram as
conclusões, a primeira das quais era a de realizar o congresso de 5 em 5 anos.
Já lá vão 16 anos. Quem desta vez lançou o repto foi mais pragmático: dá-se
sequência ao evento e, faz-se fora do espaço geográfico, porque as técnicas
online permitem hoje, o que, em 2002, ainda era uma espécie de miragem. A
Casa-Mãe permite cumprir a parábola: se Lisboa não vai a Montanha, vai a
Montanha a Lisboa. Continuará Lisboa a parasitar da Província e a Província a
manter a capital. Mas este é o destino de uma sociedade anquilosada, submissa, serviçal.
Assim se cumpra
e se repita em 2020 quando se completar o século. Mesmo que seja organizado a
nível restrito para evitar verbas de que tanto se fala para megalomanias, mas
que vão parar a eventos de que se perde o rasto. Nunca doam as mãos à Casa Mãe
de Lisboa e aos seus atuais corpos diretivos.
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