quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Festival das Painças de Montemuro


JORGE LAGE

No princípio era um amigo do Sr. José Carlos que me falou dele e do seu dinamismo em prol da basta freguesia de Tendais.

Depois, foi só combinar uma ida e desbravar um Portugal mais natural, a vertente Norte da Serra de Montemuro em que Tendais se inquieta.
Na primeira ida à Festa da Castanha apercebi-me da teluridade quase virginal. Logo ali conheci o amigo do meu amigo, Vergílio Alberto Vieira, poeta amarense. O Antonino Jorge ficou meu amigo e com ele aprendi muito da cultura local. Também, com a revista «A Tendedeira», de grande qualidade gráfica, de imagens e de textos únicos.
Foi um visitar de ano após ano, sempre que o tempo o permitia.
Ali vi surgir outro evento cultural e gastronómico, medularmente muito genuíno. Genuíno até às almas puras daquela gente.
Gente que ainda vê nas vessadas e no seu «paínço graúdo» o maná para um ano longo. Por isso, o «Festival das Paínças de Tendais» surge como uma oração ao deus Bestanços que do seu ventre fecundado pela selvagem e cristalina que canta entre pedras e salgueiros e o deus Sol.
Mas o moinho acordado entre ruínas, canta e encanta a passarada irrequieta, as almas lutadoras e a vegetação verde e generosa. O carinho e as mãos da Mãe do José Carlos ajudam a retirar da sua mó  frenética as melhores farinhas de paínças e de castanha que se pode comer no Condado de Montemuro e mesmo em Terras de Luso.
Esta Natureza faz maravilhas, moldando a gente que a venera e recebendo em troca o «maná das painças». Foi quase um sacrilégio a «diabólica castanha marinha» ter entrado no seu seio, em pleno século XX e pela mão abençoada do prior, que parece ainda estar em acção pastoral.
Este ano as sezões desta quadra levaram-me ao tapete e vou-me erguendo aos poucos, caminhando para 15 dias de ermitério em ninho próprio.
Fica o desejo de conviver e desfrutar da boa gastronomia de Tendais, apadrinhada pela carne arouquesa, e numa próxima vez lá estarei eu nem que seja no próximo magusto.
Para os que quiserem ter o privilégio de ir ao genuíno «Festival das Paínças de Tendais», dia 10 e 11 de Fevereiro, os itinerários mais aconselhados são fazendo a aproximação pela A24 e sair e seguir na placa que indica Cinfães. Quem esteja no Grande Porto ou Minho é só seguir as placas que nos conduzem a Cinfães e depois mais um tiro de espingarda, nave norte da Serra de Montemuro acima.
Obrigado pelo convite!



Jorge Lage

1 comentário:

  1. É sempre muito gratificante divulgar a mais genuína cultura popular. Continue, amigo Jorge, sempre nesta senda.
    Abraço,
    J.Golias

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Uma ideia peregrina