quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Que contagem dos nossos mortos nos incêndios de Junho e Outubro?




JORGE LAGE
Com o estudo sobre a Castanha tenho corrido grande parte do país castanhícola e deixei laços de amizade em uma, duas ou três horas de contacto, ao ponto de não ter sido capaz de me alhear dos dramas que muitos viveram. O primeiro pensamento foi para o João de Deus e para o Fausto Farinha, mas os telefonemas foram-me sossegando. O Michael Gonçalves e as suas 400 cabras, em Arganil, também foram preocupação. Mas, sossegou-me por ter um grande perímetro de segurança e estava tudo bem, embora sem forragens. Mas, Castanheira (Pampilhosa da Serra) marcou-me imenso e até hoje ainda não consegui falar com a Julieta (telefone) e com a Patrícia (via net). Mês e meio depois dos incêndios continuam sem ligação ao mundo. Na contabilização dos incêndios tentaram encobrir até mais não. Se uma pessoa com a aflição de ver a vida em risco e ficar na miséria sofreu um ataque cardíaco e não é socorrido em tempo útil morre, o motivo da morte foi o incêndio. No Troviscal (Sertã) a amiga Ilda Rodrigues contou-me que o Libânio Cardoso, de setenta anos, estava em sua casa (confirmado pelo sobrinho) quando o fogo entrou na aldeia e nunca mais foi visto. A sua casa reduzida a cinzas, albergava bastante azeite e aguardente, entre outros produtos muito inflamáveis que terão feito em cinzas o corpo, tal foi o fogo. Se estava em casa e não apareceu, estando a aldeia cercada de chamas, qual foi o seu fim trágico? Por vezes, o demo parece estar na governação, porque é do diabo não se reconhecer o evidente.
Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com – 05DEZ2017


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