JORGE LAGE |
Com o estudo
sobre a Castanha tenho corrido grande parte do país castanhícola e deixei laços
de amizade em uma, duas ou três horas de contacto, ao ponto de não ter sido
capaz de me alhear dos dramas que muitos viveram. O primeiro pensamento foi
para o João de Deus e para o Fausto Farinha, mas os telefonemas foram-me
sossegando. O Michael Gonçalves e as suas 400 cabras, em Arganil, também foram
preocupação. Mas, sossegou-me por ter um grande perímetro de segurança e estava
tudo bem, embora sem forragens. Mas, Castanheira (Pampilhosa da Serra)
marcou-me imenso e até hoje ainda não consegui falar com a Julieta (telefone) e
com a Patrícia (via net). Mês e meio depois dos incêndios continuam sem ligação
ao mundo. Na contabilização dos incêndios tentaram encobrir até mais não. Se
uma pessoa com a aflição de ver a vida em risco e ficar na miséria sofreu um
ataque cardíaco e não é socorrido em tempo útil morre, o motivo da morte foi o
incêndio. No Troviscal (Sertã) a amiga Ilda Rodrigues contou-me que o Libânio
Cardoso, de setenta anos, estava em sua casa (confirmado pelo sobrinho) quando
o fogo entrou na aldeia e nunca mais foi visto. A sua casa reduzida a cinzas,
albergava bastante azeite e aguardente, entre outros produtos muito inflamáveis
que terão feito em cinzas o corpo, tal foi o fogo. Se estava em casa e não
apareceu, estando a aldeia cercada de chamas, qual foi o seu fim trágico? Por
vezes, o demo parece estar na governação, porque é do diabo não se reconhecer o
evidente.
Jorge
Lage – jorgelage@portugalmail.com
– 05DEZ2017
Sem comentários:
Enviar um comentário