JORGE LAGE |
Há umas três
semanas foi noticiado com grande ressonância na comunicação social que se
editou, em Bragança, um dicionário com 10.000 termos. O dicionário até terá
tido direito a apresentação na Academia das Ciências de Lisboa, o que é bom.
Muito bom não me parece que a comunicação social tenha feito grande alarido do
feito, como se fosse algo de inédito ou não houvesse, mais que um autor que já
tivessem feito esse duro trabalho de casa. Assim, para que conste e em nome da
verdade, refiro aqui alguns trabalhos anteriores de diversos autores. Em 2005, Adamir Dias, Manuela Tender
e outros colaboradores editaram pela Associação Rotary Club de Chaves o «Dicionário de Transmontanismos» com
cerca de 9.000 vocábulos de
Trás-os-Montes e Alto Douro. Em 2002, iniciámos um trabalho hercúleo de
recolher a memória cultural e a imaterial sobre a castanha, tendo vindo a
lúmen: «Memórias da Maria Castanha»
e «Maria Castanha Outras Memórias»
ambos com imenso vocabulário sobre o mundo castanhícola. Também, com enorme
sucesso e bem aceites pelo público vieram a público três livros sobre etnolinguística do concelho de Mirandela:
«Mirandelês» (em co-autoria com Jorge Golias, João Rocha e Hélder
Rodrigues), «Falares de Mirandela» e
«Mirandela Outros Falares». A grande
obra de termos transmontanos e alto-durienses, de todos os tempos, publicada em
2013, é a «Língua Charra», de A. M.
Pires Cabral, com mais de 23.000 termos, cerca de 400 obras lidas e
consultadas. Pires Cabral concretizou o Projecto mais ambicioso de toda uma
vida e de grande rigor científico. Foram mais de 20 anos de muito trabalho.
Contudo, não se ficou por aí e já prepara uma 2.ª edição revista e aumentada. A
Língua Charra é um dicionário de regionalismos e que «bebe» em imensos autores,
permitindo-me destacar, Miguel Torga, Aquilino Ribeiro, Camilo Castelo Branco,
Guerra Junqueiro, António Cabral e tantos outros. É uma grande obra e uma obra
grande que honra e eleva quem a possui ou a vier a adquirir.
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