É
um ícone, um símbolo da liberdade. Mas quando passou a património político,
a sua música foi quase esquecida. É altura de nos prostrarmos perante o génio
musical de um homem que era incapaz de tocar um instrumento. Um homem ferido
desde a infância, que se esforçava por ser justo, sofria de insónias e que, com
ou sem dinheiro, perseguido ou não, sonhava dia e noite com música - toda a
música, da Beira Baixa a Moçambique. Fomos à procura de José Afonso: o dos
discos e o humano. Não a estátua.
Quando
em 1968 José Afonso entrou nos estúdios da RDP, no Monte da Virgem, Gaia, para
gravar aquele que seria o seu segundo LP e primeiro pela Orfeu, Cantares do
Andarilho, estaria muito possivelmente longe de imaginar que aquele punhado de
canções iria pôr em marcha duas revoluções: uma de ordem musical, rompendo com
tudo o que havia para trás na música portuguesa, outra de ordem política, visto
a sua obra ter servido de bandeira de contestação ao antigo regime.
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